José Pedro, Technical Manager da Car Academy, aborda os principais desafios da formação no pós-venda automóvel em Portugal. 

Quais considera serem os principais desafios da formação no pós-venda automóvel em Portugal atualmente? 

Um dos principais desafios da formação no pós-venda automóvel em Portugal prende-se com a rapidez das evoluções tecnológicas dos veículos, particularmente os híbridos e elétricos, que dificultam um acompanhamento constante. Além disso, muitas oficinas ainda resistem a investir tempo e recursos financeiros na formação contínua. Outro desafio significativo é garantir que os conhecimentos adquiridos nas formações sejam efetivamente aplicados na prática diária das oficinas.

O que é necessário fazer para que as oficinas e os técnicos invistam mais em formação? 

Para que as oficinas e os técnicos invistam mais em formação, é fundamental que as empresas compreendam a formação não como um custo, mas como um investimento estratégico. As oficinas devem adotar uma abordagem proativa, identificando as lacunas de conhecimento das suas equipas e criando programas internos que complementem a formação base dos técnicos. Adicionalmente, é essencial que os gestores estabeleçam metas de melhoria de desempenho, ligando-as diretamente ao desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais. Programas internos de formação contínua, com foco nas áreas mais críticas para o negócio, podem ser a chave para consolidar o conhecimento adquirido e promover a aplicação prática dos conceitos.

De que forma a formação regular influencia o desempenho dos técnicos e o serviço prestado pela oficina? 

A formação regular tem um impacto direto no desempenho dos técnicos. Profissionais bem formados conseguem diagnosticar e resolver avarias de forma mais rápida e precisa, reduzindo assim o tempo de imobilização dos veículos. A formação contínua também melhora a eficiência operacional, permitindo que a oficina realize mais serviços num período mais curto e diminua a incidência de erros ou retornos.

Que indicadores, exemplos ou testemunhos pode dar, que mostrem o impacto positivo da formação na rentabilidade das oficinas? 

O impacto da formação na rentabilidade das oficinas é evidente em múltiplas vertentes. Por um lado, técnicos mais qualificados reduzem o tempo necessário para diagnóstico e reparação, permitindo um maior volume de serviços num menor período. Por outro, o investimento em formação técnica contribui para uma diminuição dos erros e retornos, melhorando a eficiência operacional. Mais do que números, os exemplos mais concretos surgem nas oficinas que adotaram programas estruturados de formação contínua, onde os gestores destacam a redução do tempo médio por intervenção e o aumento da satisfação dos clientes, resultando num fluxo mais consistente de trabalho e maior fidelização.

Que competências técnicas e comportamentais, resultantes da formação, consideram mais importantes para as oficinas num futuro próximo? 

Quanto às competências mais importantes para o futuro próximo das oficinas, destacam-se as competências técnicas relacionadas com o diagnóstico avançado de sistemas eletrónicos e veículos híbridos e elétricos, bem como o manuseamento seguro e eficaz de novas tecnologias como os sistemas ADAS e veículos de condução autónoma. Do ponto de vista comportamental, são essenciais a capacidade de adaptação rápida às novas tecnologias, uma comunicação eficaz com os clientes e o trabalho em equipa, fundamental para a resolução eficiente de problemas complexos.

Como se pode combater a escassez de técnicos qualificados nas oficinas? Que medidas poderiam e deveriam ser tomadas para combater esse escassez? 

Para combater a escassez de técnicos qualificados, é necessário tornar a profissão mais atrativa através de iniciativas promovidas pelas próprias empresas, destacando as oportunidades de desenvolvimento profissional e o potencial financeiro da carreira. As oficinas devem assumir um papel ativo ao estabelecerem parcerias com escolas profissionais, oferecendo estágios e oportunidades de integração direta dos alunos no mercado de trabalho. Complementarmente, a criação de programas internos de formação contínua, que valorizem o percurso profissional dos técnicos, ajudará a atrair e reter talento no setor.

A formação pode ser uma ferramenta importante na retenção de talento dentro das oficinas? De que forma?

A formação é, sem dúvida, uma ferramenta fundamental para a retenção de talento nas oficinas. Ao investirem continuamente no desenvolvimento profissional dos colaboradores, as oficinas aumentam a motivação dos técnicos, reforçando o seu sentimento de valorização. Técnicos qualificados são mais propensos a permanecer em empresas que lhes proporcionem oportunidades claras e contínuas de crescimento profissional.

Qual a formação que tem mais procura atualmente, quer na área técnica, quer não técnica (relacionada com o setor do pós-venda automóvel)?

Atualmente, as formações mais procuradas na área técnica incluem o diagnóstico e reparação de veículos híbridos e elétricos, sistemas de despoluição AdBlue, e ferramentas avançadas como o osciloscópio. Já na vertente não técnica, as áreas mais procuradas são a gestão de oficinas, o marketing e vendas, e as metodologias de receção.