Gosto pouco de olhar para trás, mas este 2022 será seguramente uma referência de mudança para todos nós e por isso, temos de dar-lhe atenção, porque irá marcar os anos vindouros.
O início de 2022 foi pensado como o fim da pandemia, o início de uma retoma à normalidade (pelo menos a uma nova normalidade), era o pensado, até quando, em fevereiro chega uma guerra às portas da Europa que muda tudo, novamente e em poucos meses (tal como a experiência que tivemos em 2020, em virtude do Covid).
No nosso setor chega a inflação no preço das peças, coisa desconhecida nas gerações mais novas deste setor. Ter de atualizar preços constantemente, ter de salvaguardar preços dados a clientes com prazos em muitos casos perfeitamente ridículos, como nos pneus e em outros produtos, foi algo novo em 2022.
Materiais como peças de reparação, peças de colisão, pneus, vidros, peças de eletrónica, faltaram e continuam a faltar. Temos seguramente milhares de viaturas imobilizadas que aguardam peças que em muitos casos, não têm sequer prazo de entrega por parte do fabricante… Isto é uma realidade em todo o aftermarket (OE e IAM). E o drama não é maior, porque muitas situações são resolvidas com peças reutilizáveis (peças usadas).
O ano 2022 foi também o ano da chegada dos fundos de investimento, que irão ser drivers da consolidação do nosso setor na área da distribuição de peças. Tivemos a notícia da aquisição da AutoDelta pelo fundo CREST e até final do ano, seguramente, teremos mais notícias.
A legião americana (LKQ e GPC) também tinha de chegar à Península Ibérica e escolheram 2022 para o fazer. A GPC comprou a espanhola Lausan, que é a detentora da Soulima em Portugal. A LKQ parece estar a preparar o seu “ataque” à Península, com base em Espanha. A espanhola ANDEL veio para Portugal também neste ano de 2022 e iniciou a sua operação, com parceiros portugueses (retalhistas de peças auto).
Num outro contexto, mas que terá implicações no aftermarket, algumas marcas de automóveis anunciaram e outras iniciaram, a substituição do modelo de concessionário pelo modelo de agência. Este novo modelo está a dar os seus primeiros passos e todos estão a aprender (é efetivamente um “aprender fazendo”), mas vamos ter um impacto grande com este novo modelo, quando mais não seja, porque concessionários que nunca importaram viaturas usadas, agora estão a fazê-lo. Tal, irá ter um impacto no parque automóvel, que é normalmente assistido no IAM.
Por falar em parque automóvel, foi também em 2022, que a União Europeia decidiu por decreto terminar com o motor de combustão interna. Marcas como a Toyota, BMW, Peugeot e outras, vieram a público dizer que a solução de mobilidade não pode passar apenas por viaturas elétricas a bateria de iões de lítio.
Foi também em 2022 que a Stellantis e a Volvo, anunciaram que iriam deixar a ACEA (Associação dos Fabricantes Automóveis Europeus).
Este ano que agora termina, foi pleno de novidades e de desafios para a indústria e setor. Estou seguro que 2023 será ainda mais desafiante em Portugal e só os muito bons, conseguirão estar cá para contar a história…
Feliz 2023!!
Artigo de opinião escrito a 22/11/2022