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“2022 será seguramente uma referência de mudança para todos nós”, Opinião Dário Afonso, ACM

19 Janeiro, 2023

Gosto pouco de olhar para trás, mas este 2022 será seguramente uma referência de mudança para todos nós e por isso, temos de dar-lhe atenção, porque irá marcar os anos vindouros.

O início de 2022 foi pensado como o fim da pandemia, o início de uma retoma à normalidade (pelo menos a uma nova normalidade), era o pensado, até quando, em fevereiro chega uma guerra às portas da Europa que muda tudo, novamente e em poucos meses (tal como a experiência que tivemos em 2020, em virtude do Covid).

No nosso setor chega a inflação no preço das peças, coisa desconhecida nas gerações mais novas deste setor. Ter de atualizar preços constantemente, ter de salvaguardar preços dados a clientes com prazos em muitos casos perfeitamente ridículos, como nos pneus e em outros produtos, foi algo novo em 2022.

Materiais como peças de reparação, peças de colisão, pneus, vidros, peças de eletrónica, faltaram e continuam a faltar. Temos seguramente milhares de viaturas imobilizadas que aguardam peças que em muitos casos, não têm sequer prazo de entrega por parte do fabricante… Isto é uma realidade em todo o aftermarket (OE e IAM). E o drama não é maior, porque muitas situações são resolvidas com peças reutilizáveis (peças usadas).

O ano 2022 foi também o ano da chegada dos fundos de investimento, que irão ser drivers da consolidação do nosso setor na área da distribuição de peças. Tivemos a notícia da aquisição da AutoDelta pelo fundo CREST e até final do ano, seguramente, teremos mais notícias.

A legião americana (LKQ e GPC) também tinha de chegar à Península Ibérica e escolheram 2022 para o fazer. A GPC comprou a espanhola Lausan, que é a detentora da Soulima em Portugal. A LKQ parece estar a preparar o seu “ataque” à Península, com base em Espanha. A espanhola ANDEL veio para Portugal também neste ano de 2022 e iniciou a sua operação, com parceiros portugueses (retalhistas de peças auto).

Num outro contexto, mas que terá implicações no aftermarket, algumas marcas de automóveis anunciaram e outras iniciaram, a substituição do modelo de concessionário pelo modelo de agência. Este novo modelo está a dar os seus primeiros passos e todos estão a aprender (é efetivamente um “aprender fazendo”), mas vamos ter um impacto grande com este novo modelo, quando mais não seja, porque concessionários que nunca importaram viaturas usadas, agora estão a fazê-lo. Tal, irá ter um impacto no parque automóvel, que é normalmente assistido no IAM.

Por falar em parque automóvel, foi também em 2022, que a União Europeia decidiu por decreto terminar com o motor de combustão interna. Marcas como a Toyota, BMW, Peugeot e outras, vieram a público dizer que a solução de mobilidade não pode passar apenas por viaturas elétricas a bateria de iões de lítio.

Foi também em 2022 que a Stellantis e a Volvo, anunciaram que iriam deixar a ACEA (Associação dos Fabricantes Automóveis Europeus).

Este ano que agora termina, foi pleno de novidades e de desafios para a indústria e setor. Estou seguro que 2023 será ainda mais desafiante em Portugal e só os muito bons, conseguirão estar cá para contar a história…

Feliz 2023!!

Artigo de opinião escrito a 22/11/2022

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