Se os clientes são muito importantes para qualquer oficina, não menos importantes são os fornecedores da oficina. Não estamos apenas a falar dos fornecedores de peças, que são aqueles que ajudam e muito a oficina na sua rentabilidade ao final do mês, mas toda a imensidão de fornecedores que existem dentro de uma oficina.
Todos eles devem merecer uma atenção especial, até porque todos têm impacto direto ou indireto na atividade da oficina, logicamente que uns mais que outros, mas todos são importantes e, como tal, devem ser avaliados constantemente, até para estarem de acordo com o serviço que a oficina realiza.
Queremos falar neste “OFICINAS COM FUTURO” dos fornecedores mais óbvios, como os fornecedores de peças ou equipamentos, mas também de fornecedores talvez menos óbvios e que provavelmente muitas oficinas não têm, mas talvez deviam pensar em ter, como é o caso dos serviços de marketing ou até de consultoria.
Algo que a oficina devia ter bem presente, até para os poder gerir de forma mais regular e efetiva, são os fornecedores que têm um impacto direto no dia-a-dia do negócio. Estamos naturalmente a falar do fornecedor de peças, sendo muito raro que a oficina tenha apenas um fornecedor, até porque não existes fornecedores de peças que consigam fornecer tudo.
Porém, uma cuidada gestão dos fornecedores é muito importante, sobretudo para quem tem uma estratégia definida em termos de trabalho. Damos como exemplo as oficinas que funcionam com marcações para os clientes. Os fornecedores de peças devem estar informados da forma como a oficina trabalha, até como forma de poderem corresponder antecipadamente aos pedidos das oficinas. Para uma oficina que trabalhe com serviços rápidos, provavelmente terá que ter um maior leque de fornecedores para que possam responder mais rapidamente às solicitações das oficinas quando um deles não tem disponibilidade imediata das peças.
Gerir os fornecedores de peças do ponto de vista do serviço, é muito importante para se obter ganhos de produtividade a diversos níveis, gerando também uma relação mais profissional entre oficina e fornecedor. Estabeleça com os seus fornecedores uma relação de parceria já que esta pode ser sustentada em relações de longo prazo, mais estáveis e com níveis de confiança mais elevados de parte a parte.
1 – AMBIENTE
Não são importantes, são obrigatórios por lei. Tente escolher um fornecedor ambiental que lhe possa prestar o serviço mais completo possível, isto é, não será apenas aquele que irá buscar os resíduos, mas o que o ajuda no cumprimentos das regras ambientais, o que lhe dá sugestões e ideias para melhorar o desempenho ambiental da oficinal, o que incentiva a oficina a ter mais e melhores práticas ambientais. Um bom fornecedor de serviços ambientais pode trazer à oficina novos níveis de desempenho ambiental, social, legal e económico.
2 – CERTIFICADOS
É muito importante que qualquer que seja o fornecedor da oficina o mesmo tenha as certificações corretas para a atividade que desempenha, nomeadamente se for na área ambiental, mas também se for fornecedor de produtos químicos ou de outros produtos com maior impacto ambiental. É importante que o seu fornecedor seja também ele cumpridor em termos ambientais e que tenha as melhores práticas.
3 – SEGURANÇA
Na oficina podem existir uma série de fornecedores de segurança. Um dos exemplos é o fornecedor dos extintores, ou das placas de segurança obrigatórias. Assegura-se que esses fornecedores lhes fornecem toda a informação sobre as alterações legislativas sobre segurança, higiene e saúde no trabalho. A oficina tem que ter a certeza que estes fornecedores dão regularmente toda a informação necessária, para que se evite (por exemplo) multas ou coimas.
4 – FORMAÇÃO I
Hoje em dia não à desculpa para nenhuma oficina. Não é por falta de entidades de formação que uma oficina não recorre regularmente a ela. A escolha da entidade formadora deve ter critérios muito bem definidos, nomeadamente aqueles que resultam das reais necessidades da oficina. Só depois deverá procurar um fornecedor que consiga corresponder a essas necessidades, através de um desenvolvimento de um plano regular de atualização.
5 – FORMAÇÃO II
Para além de entidades mais institucionais, existem muitas outros fornecedores de formação, mas ágeis e mais flexíveis, que se adaptam aos horários das oficinas, mesmo as que tenham pouco recursos humanos. É importantíssimo que uma oficina conheça bem o seu fornecedor de formação e que se estabeleça com essa entidade uma verdadeira parceria. O objetivo é que a oficina possa ter ali também um parceiro técnico que possa estar sempre disponível a colaborar com a oficina.
6 – REDES OFICINAIS
Para muitas das oficinas que integram conceitos de rede oficinal independente devem sempre atender a que a rede deve também fornecer muitas mais coisas para além das peças. A oficina deve exigir da rede oficinal tudo aquilo que ela tem para dar, aproveitando também ao máximo tudo aquilo que ela oferece. Na prática um bom conceito oficinal deve fornecer à oficina acesso a dados técnicos, formação e informação técnica, software de orçamentação, etc. Tudo isto tem impacto direto na qualidade do serviço e rentabilidade da oficina.
7 – MARKETING
As oficinas podem tentar desenvolver o seu marketing internamente, mas podem e devem recorrer também a uma empresa que possa ser fornecedora de serviços de marketing. Qual a vantagem? Poder ter uma comunicação estruturada e regular nas plataformas digitais para o seu público alvo, mas poder também dinamizar outras ações, como a presença em eventos, feiras locais, publicidade em meios de comunicação locais, etc. Um bom fornecedor nesta área pode trazer muito serviço adicional à oficina.
8 – CONSULTORIA
Poucas oficinas recorrem a consultores externos, mas eles são tão ou mais necessários como “pão para a boca”. Fazer consultoria oficinal pode ser a diferença entre ter rentabilidade elevada nas suas operações ou não ter sequer rentabilidade. Muitas vezes os patrões das oficinas não têm tempo para gerir o seu negócio, por isso um consultor (treinador de gestão) permite à oficina ficar a conhecer a saúde financeira da sua empresa, como também ficar a conhecer as suas necessidades de investimento, entre muitas outras informações relevantes para a gestão diária da oficina.
9 – INFORMÁTICA
O que é de facto importante num fornecedor de informática (software) é que ele consiga falar a mesma linguagem da oficina e perceber de facto quais são as suas necessidades. As empresas que fazem software oficinal nem sempre têm experiência do negócio oficinal, sendo por isso fundamental ter um fornecedor de informática (software) que saiba quais são as “dores” do negócio oficinal. Tal resulta num desenvolvimento de software mais de acordo com o dia-a-dia das oficinas. Escolha fornecedores de software oficinal que de facto estejam interessados no seu negócio.
10 – EQUIPAMENTOS
O que é mais importante num fornecedor de equipamentos oficinais? O pós-venda!!! Um bom fornecedor oficinal é aquele que lhe consegue fornecer um bom serviço de aconselhamento sobre o melhor equipamento para as necessidades reais das oficinas, mas também aquele que está presente quando algo corre menos bem com o equipamento. Alguns equipamentos estão sujeitos a manutenção regular e, como tal, o fornecedor do equipamento deve garantir tudo a seguir à venda.
11 – DIAGNÓSTICO
Tal como nos tradicionais equipamentos oficinais, também nos equipamentos de diagnóstico o mais importante é mesmo o acompanham na venda e nos pós-venda. Será tanto melhor fornecedor quanto aquele que garante que a oficina nunca deixará de faturar por causa de uma avaria no seu equipamento de diagnóstico. O bom fornecedor é também aquele que associa outros serviços à sua oferta de diagnóstico, como por exemplo o acompanhamento remoto.
12 – PEÇAS
Com dezenas de fornecedores a baterem todos os dias à porta da oficina pode não ser fácil escolher com quais é melhor trabalhar. As oficinas já têm os seus fornecedores habituais, mas a escolha deverá sempre incidir naquele que lhe possa dar o melhor serviço, isto é, entregar a peça à hora certa no momento certo. Negociar um fornecedor pelo preço não é a melhor escolha, pois é sinal que o fornecedor não terá outros argumentos para se diferenciar. A escolha do fornecedor de peças pode e deve incluir outros serviços, para além da disponibilidade e do serviço, como o acesso a uma ampla gama que possa incluir ferramentas, equipamentos, formação, plataformas técnicas, etc.
13 – LIMPEZA
Um dos aspetos muito importantes na oficina é a sua limpeza. Pode definir com os profissionais a limpeza no final de cada dia, mas deve deixar essa tarefa para quem a saber fazer bem e com profissionalismo. Manter a oficina limpa é quase uma obrigação da oficina, que deve contratar serviços profissionais para o efeito, atendendo à especificidade da limpeza que se pretende fazer numa oficina. Obrigue que a limpeza seja feita com produtos sustentáveis do ponto de vista ambiental.
14 – CONTABILIDADE
A “papelada” da oficina deve estar com quem sabe de contabilidade e alguma coisa de gestão. Algumas vezes é o dono da oficina (mecânico) que toma conta da papelada, mas não há nada mais improdutivo do que isso. Contratar ou recorrer a um profissional de contabilidade não é apenas uma mera obrigação. O mesmo pode dar um contributo muito importante na gestão oficinal e libertar o dono da oficina (mecânico) para aquilo que ele mais gosta de fazer, que é reparar carros.
15 – PARCERIAS
Uma decisão inteligente da oficina passa muitos vezes por “contratar” serviços adicionais que normalmente a oficina não faz dentro de portas. Serviços de pneus, serviço de vidros, serviço de lavagem, entre outros, podem ser feitos por fornecedores externos (leia-se oficinas) que assim podem complementar o leque de serviços que uma oficina oferece aos seus clientes.
COM O APOIO:
Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 110, de novembro de 2024. Consulte aqui a edição.