Carlos Corzo tem tido um papel estratégico no crescimento da marca Varta na Península Ibérica, através da implementação de estratégias tecnológicas e sustentáveis, para responder às exigências do mercado.
Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 113, de fevereiro de 2025. Consulte aqui a edição.
Com uma longa trajetória no país, a Varta, marca da Clarios, procura inovar e ampliar sua presença com tecnologias avançadas, como baterias AGM e soluções sustentáveis, adaptadas às novas tecnologias dos veículos. Apostando na formação e proximidade com distribuidores e oficinas, a Varta posiciona-se como referência no mercado português, com um compromisso com qualidade e inovação. Assim o explicou Carlos Corzo, Key Account Manager Iberia na Clarios, em entrevista exclusiva à PÓS-VENDA.
Qual é atualmente a estratégia da Clarios para reforçar a presença da marca Varta em Portugal?
Temos previsto uma mudança completa das gamas do nosso produto Varta, que está prevista para o segundo trimestre de 2025. Este vai ser um ano de muitas mudanças, depois de termos desenvolvido uma gama de baterias que se consolidou perfeitamente no mercado. O que pretendemos agora é adaptar-nos a um mercado com tantas mudanças. Desse ponto de vista, vamos fazer uma diferenciação tecnológica, que acreditamos que torna tudo mais simples para toda a cadeia de distribuição, desde distribuidores, oficinas, e também para o utilizador final. Queremos reforçar a nossa presença e a nossa identificação de marca a nível corporativo ao nivel do cliente final, que instala a bateria no seu veículo. Para isso, além de todas as campanhas que vamos realizar ao longo do ano, iremos também reforçar a nossa presença nos meios digitais, e vamos incorporar códigos nas baterias, para que possa ser feito o scan com dispositivos móveis, por forma que o utilizador final consiga obter toda a informação relativa ao produto que está a colocar no veículo.
De que forma será feita essa remodelação da gama de baterias?
Estamos a diferenciar tecnologicamente toda a nossa gama. Atualmente, o mercado conhece as nossas três gamas fundamentais da Varta, a Silver, a Blue e a Black, que estão segmentadas por especificação elétrica. No aftermarket, face à eletrificação e hibridação, o que vamos fazer agora é ter um código de cores que identifica a tecnologia. Ou seja, teremos uma cor específica nas etiquetas das baterias convencionais, para arranque, destinadas a veículos mais antigos. Teremos depois outra cor nos rótulos das baterias para as baterias EFB e, por fim, teremos outro código de cor em todas as etiquetas das baterias AGM. Assim, o que estamos a fazer é segmentar tecnologicamente o nosso portfólio e adequá-lo a cada necessidade. Acreditamos que se torna mais fácil para todos, desta forma, identificar a tecnologia certa.
As três gamas foram desenvolvidas com foco também na sustentabilidade?
Sim, a sustentabilidade é um foco da nossa empresa. A bateria de chumbo ácido, não só a nossa, mas a de todos os fabricantes, é o produto mais reciclado do mundo, com taxas próximas aos 100%. Nenhum outro produto no mundo se recicla com tanta efetividade como a bateria de chumbo ácido. É um claro exemplo do que é a economia circular. Para todas as baterias de chumbo ácido que colocamos no mercado, recolhemos, reciclamos, e com as matérias-primas voltamos a fazer novos produtos.
Que outros desafios há em Portugal, além das novas tecnologias de veículos e das metas de sustentabilidade?
Portugal tem demonstado um crescimento em eletrificação muito superior a outros países europeus. O parque eletrificado em Portugal cresceu fortemente nos últimos anos. Agora está a desacelerar, mas existem necessidades para esses veículos que já estão em parque. Portanto, o que prevemos é que, para 2030, praticamente mais de metade das matrículas serão hibridas ou elétricas. Todos esses veículos incorporam um sistema de 12 volts ou de 24 volts, que levará uma bateria de chumbo ácido. O que acontece é que a função dessa bateria nesse veículo muda, de um processo de arranque, como acontece num veículo convencional, para um processo que é arranque e de alimentação elétrica. Todos os sistemas a bordo e de segurança funcionam com uma bateria de chumbo ácido que Clarios fabrica. Em relação a isso, a nossa gama irá incorporar também novos tipos de produtos, para poder fornecer ao aftermarket as baterias necessárias no futuro.

Que tipo de formação oferecem aos profissionais das oficinas em Portugal?
Em Portugal, como na Península Ibérica, trabalhamos através dos nossos distribuidores, e investimos bastante tempo e esforço em chegar às oficinas através deles. Selecionamos muito bem os distribuidores com que queremos trabalhar e damos-lhes formação. Temos pessoal que vai às oficinas, que dá formações aos distribuidores e isto é uma das chaves do nosso sucesso. O trabalho que temos feito ao longo do anos, a realizar formação sobre as novas tecnologias, a eletrificação, as necessidades dos veículos e que bateria devemos instalar e, além disso, em paralelo a todos os programas de formação que temos a nível digital, temos o nosso Partner Portal, que é uma página específica onde os nossos clientes podem obter também informação, recomendações técnicas, conhecer os tipos de bateria adequados para substituir nos veículos. Temos avançado muito nesse âmbito.
É uma forma de minimizarem o problema da identificação das baterias?
Muitas vezes, sim. E por isso, decidimos renovar a nossa gama, tornando tudo mais simples, para que a identificação da bateria seja a correta, em cada caso. Cada veículo precisa de uma tecnologia específica, determinada pelo fabricante, e queremos tornar a identificação cada vez mais simples, não só na oficina, mas também temos uma forte presença no retalho, nos centros auto, onde muitas vezes a compra é realizada diretamente pelo utilizador final. Nesses locais, queremos que seja muito fácil que uma pessoa que precise de um determinado tipo de bateria a consiga identificar facilmente e saiba que está a levar o produto correto.
Quanto representa o mercado português em todo o mercado ibérico para a Varta?
Representa um valor significativo, a parte proporcional à dimensão do país e do parque, na Península Ibérica. Mas, em termos de vendas de bateria Varta, Portugal está no topo, não só ibérico, mas Europeu. É um orgulho poder dizer isso e trabalhar nesse mercado. A Varta é a referência de marca em termos de baterias na Europa e especialmente em Portugal. Trabalhamos há muitos anos com os nossos distribuidores em Portugal e temos feito um trabalho conjunto, desde marketing, vendas, formação, logística, para abastecer um mercado português que é chave na região ibérica. E que vamos continuar a fazer. Estamos a investir sem parar no mercado português, porque é chave para nós.
Este apoio que prestam às oficinas e distribuidores, está sempre disponível em Português?
Absolutamente. Há seis anos, trabalhávamos em Espanhol ou Inglês. Atualmente, todos os materiais, todas as comunicações que fazemos nas redes sociais, assim como todo o nosso material impresso e a página web, estão em Português. Acreditamos que é fundamental comunicar e chegar ao cliente na sua língua materna.
Qual a estratégia para a Clarios nos próximos anos no mercado Português?
Queremos reforçar a presença da Clarios como fabricante, acompanhando e oficializando os nossos distribuidores e estando de forma cada vez mais próxima, para acompanhar os nossos parceiros e o nosso cliente direto. A bateria é um produto de muita rotação e podem encontrar-se baterias através de muitos canais. O que pretendemos é oficializar, dar força ao nosso parceiro, que sempre está connosco, para reforçar a venda, para dar a garantia ao consumidor final que, atrás de todo esse processo, está o fabricante, o responsável pela qualidade do produto. Os números, as estatísticas, os nossos números de vendas demonstram que estamos a fazer um bom trabalho com os nossos parceiros em Portugal. Cada vez vendemos mais. Temos crescimentos em AGM, EFB, em tecnologias para veículos mais avançados, acima dos dois dígitos anuais. O nosso sucesso não é algo recente, é um trabalho que temos realizado há mais de 20 anos e a trabalhar com parceiros de qualidade. Tem sido um crescimento constante. Agradecemos a todos os nossos parceiros e tudo o que fazem pela marca, a sua dedicação, proximidade, e a forma como trabalham.
O que diria que distingue Varta da concorrência?
A nossa presença no primeiro equipamento é muito relevante. Uma altíssima percentagem dos veículos são equipados de fábrica com baterias Varta. Esse é o primeiro fator, e é algo que dá garantias ao consumidor final. Por outro lado, o que diferencia Varta é a qualidade.
Temos três pilares básicos sob este conceito. Em primeiro lugar, a tranquilidade para um distribuidor de trabalhar com um produto que não dá problemas de garantia. Segundo, todo o marketing que fazemos, o apoio, a visibilidade, a comunicação, a forma como chegamos às oficinas. E terceiro, e muito importante, é que uma marca premium não é apenas premium porque dizemos que é, ou porque colocamos num folheto, mas porque trabalhamos com clientes premium. O cliente premium sabe tratar um produto premium. Num produto premium, a margem é premium. Uma marca premium tem que dar margem extrema. Somos líderes de mercado e, além disso, acreditamos que somos líderes por sermos uma marca premium e porque o distribuidor quer trabalhar connosco.
A oficina em Portugal ainda procura preço? Ou já está mais consciente da qualidade?
Não há muita diferença na mentalidade numa oficina em Portugal, ou em Espanha ou na Alemanha. No final, a decisão de compra efetivamente é do consumidor final, quanto quer gastar. Mas é muito importante a oficina explicar a diferença. E, para isso, existe a formação, para saber que o cliente leva um produto que, mesmo que seja um pouco mais caro, vai durar mais, não vai dar problemas, e que vai ter um serviço pós-venda coerente. O cliente tem de perceber que vai pagar algo mais, mas que compensa. E esta recomendação da oficina é fundamental. Para isso, a oficina tem de saber o produto que trabalha e o valor que esse produto tem. O preço e os produtos de baixo custo sempre vão existir. Vão sempre ter a sua quota de mercado, vai sempre existir alguém que vai escolher uma bateria mais barata. Mas, à medida que o mercado fica mais técnico e se torna cada vez mais exigente, acredito que a nossa presença de primeira linha vai tornar-se cada vez mais relevante. As baterias de baixo preço e qualidade, são concorrência, mas num outro nível. São concorrência nas marcas de clientes. Aí é onde se procura um preço mais competitivo, chegar a outro segmento de mercado com outras de vantagens e especificações. E sim, são uma parte importante do mercado, mas nós focamo-nos principalmente na marca de primeira linha, onde sempre tivemos força e onde investimos todos os nossos recursos.
Que tendências prevê nos próximos cinco anos no mercado português de baterias?
Atualmente, mais de 30% já incorpora uma bateria avançada, AGM, EFB. É um número já muito representativo. Essas baterias, alguns dos tipos, dos tamanhos, já começam a ser top seller, estão no mais alto do mix de venda. Antes, o mercado se movia em baterias de média de 70 amperes convencionais. Hoje em dia, a nossa bateria de 70 amperes AGM está no mesmo nível de venda. E isso vai continuar assim. Calculo que para 2030, metade das vendas que temos serão de tecnologia avançada.
Que outras novidades irão lançar em breve?
Sob a parceria com a Altris, para o desenvolvimento das baterias de sódio, é algo em que nos vamos continuar a focar no futuro. Prevemos aumentar a nossa gama com baterias para lazer, baterias de lítio, a médio prazo. Vamos também introduzir novos tipos de baterias AGM e EFB para os veículos mais recentes a serem lançados no mercado.









