No dia 21 de maio, o Jardim Botânico Vandelli, em Lisboa, acolheu o NextLap Summit | The Race for Circularity, um evento que reforçou a urgência da transição para uma economia circular e mostrou que os pneus em fim de vida podem ser um importante motor de mudança sustentável.
No evento, foi evidenciado que, a 5 de maio de 2025, Portugal esgotou os seus recursos naturais disponíveis para o ano. A partir dessa data, o consumo nacional passou a incidir sobre o que deveria ser preservado para 2026. A abertura do NextLap Summit, evento promovido pela Valorpneu, em parceria com a consultora Beta-i, arrancou precisamente com este dado, um ponto de partida para uma reflexão profunda sobre o futuro do planeta.
Apesar do diagnóstico sombrio, o NextLap mostrou que, através da colaboração entre start-ups, centros de investigação, universidades, indústria e empreendedores, este programa de inovação vem demonstrando como os pneus usados podem ganhar nova vida, evitando o desperdício de materiais e fomentando soluções circulares.
“O programa NextLap representa um compromisso com a sustentabilidade e com a inovação, envolvendo todos os agentes da cadeia de valor dos pneus em fim de vida”, sublinhou a organização. O objetivo é claro: transformar resíduos em recursos, valorizando componentes como o granulado de borracha, o têxtil e o aço.
A conferência contou com várias intervenções relevantes, entre elas a de Ana Almeida, da Circular Economy Portugal. Para a especialista, “a transição para uma economia circular não é uma opção ideológica, é uma exigência estratégica e a única solução viável para enfrentar simultaneamente a crise ambiental, económica e social do nosso tempo”. A chamada “tripla crise planetária”, composta pelo aquecimento global, perda de biodiversidade e poluição crescente.
Ana Almeida destacou ainda os números que ilustram o atraso de Portugal nesta matéria: a taxa de circularidade nacional é de apenas 2,8%, muito abaixo da média europeia (11,8%) e de países como os Países Baixos (30,6%) ou Itália (20,8%), segundo dados do Eurostat de 2023. Para a especialista, esta ineficiência “reflete-se numa elevada dependência de matérias-primas importadas e, consequentemente, numa fragilidade geoestratégica considerável”.
O NextLap Summit trouxe também ao debate o impacto do Plano de Ação para a Economia Circular da União Europeia, em vigor desde 2015. Um dos exemplos referidos foi o regulamento de 2022 sobre o eco design, que obriga os produtos a serem concebidos com a sua reutilização e reciclagem em mente, já desde o início do seu ciclo de vida.









