As plataformas da Pós-Venda celebram 10 anos. Para assinalar a data, recolhemos a opinião de profissionais de diversas áreas do aftermarket, entre eles Joaquim Candeias, do bilstein group.
O que está a suceder no negócio das peças, era o que previa há 10 anos que
estivesse a acontecer agora?
A verdade é que não aconteceu nada que possamos classificar como completamente fora da caixa. Nos últimos 10 anos a evolução que ocorreu foi mais ou menos dentro do expectável, mesmo sabendo que é extremamente complexo adivinhar o futuro ou conseguirmos prever exatamente aquilo que irá suceder. Um dos pontos mais relevantes a assinalar tem sido o facto de termos hoje um aftermarket mais profissional, com melhores práticas, com melhores competências para enfrentar os desafios e também um setor visivelmente mais dinâmico.
Quais foram as grandes mudanças no aftermarket nestes últimos 10 anos?
Uma das grandes mudanças tem incluindo um grande número de aquisições e fusões, o que tem trazido algumas mudanças e desafios ao setor. A par com isto, é importante apontar a globalização, um fator relevante que tem tornado o setor mais visível, mais fortalecido e com uma perspetiva de futuro muito bem formulada. Hoje o aftermarket apresenta-se como um setor relevante e que é tido em consideração no mundo empresarial e numa perspetiva de negócio.
Como caracteriza o momento atual do negócio aftermarket?
Atualmente podemos afirmar que temos um único aftermarket, um setor unificado onde já não é correto afirmar, como antes, que temos um OES e um IAM. Neste momento temos um pós-venda unido, que transparece mais harmonia e dinamismo e onde acredito que a capacidade de investimento e de mudança vai prevalecer.
Como perspetiva que será o negócio aftermarket daqui a 10 anos? Que peças mais se irão vender?
Se os profissionais do setor soubessem que peças é que se vão vender mais daqui a 10 anos, certamente que fariam um investimento hoje nesses artigos. Daqui a 10 anos, vamos assistir garantidamente a um negócio bastante mais unificado onde vai ser visível um aftermarket mais consolidado e com melhores práticas, pelo que o setor enfrentará aqui uma década de sucesso e de grandes rentabilidades para quem investir e tiver a capacidade de trabalhar numa perspetiva de médio/longo prazo. Em suma, os próximos 10 anos vão evidenciar um aftermarket mais saudável e com mais indicadores de evolução e crescimento, sobretudo qualitativo. Ainda sobre as peças, não creio que venha a registar-se uma grande alteração ao nível do tipo de peças vendidas uma vez que a idade média do parque vai continuar a aumentar. No que aos veículos novos diz respeito, não é aquilo em que o mercado se foca nem tão pouco aquilo que quer. Deste modo, os veículos que hoje circulam vão continuar a protelar o seu ciclo de vida, fazendo com que a larga maioria das peças vendidas seja da mesma tipologia do que acontece nos dias de hoje. É evidente que as novas tecnologias e os novos sistemas de energia vão continuar a surgir e a evoluir, mas isso não vai fazer com que o tipo de peças vendidas hoje se altere de forma profunda.
O que, no seu entender, mais irá impactar o aftermarket durante os próximos 10 anos?
O maior impacto vai assentar no desaparecimento de uma grande quantidade de empresas que, neste momento, não apresentam nem vontade de introduzir mudanças no seu negócio nem indícios de quererem sair da sua zona de conforto. Isto faz, e continuará a fazer, com que acabem por não conseguir acompanhar o atual ritmo do setor e dos seus players. O aftermarket vai continuar a evoluir com os players atuais, mas também com outros, alguns até oriundos do OES, o que fará com que o setor continue a tornar-se cada vez mais profissional, motivado também pelo aparecimento de empresas mais habilitadas, mas também por melhorias nas que já fazem parte do aftermarket.









