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“Os próximos dez anos serão moldados pela eletrificação e pelo acesso a dados e pela regulamentação de telemática”, Miguel Melo, MCoutinho Peças & AZ Auto

10 Novembro, 2025

As plataformas da Pós-Venda assinalam 10 anos de atividade. Para celebrar, recolhemos opiniões de profissionais de diversos setores do aftermarket, entre os quais Miguel Melo, da MCoutinho Peças & AZ Auto.

O que está a suceder no negócio das peças, era o que previa há 10 anos que
estivesse a acontecer agora?

Grande parte do que vivemos hoje era expectável. Prevíamos digitalização, consolidação e pressão nas margens — tudo isto se concretizou. No entanto, alguns fenómenos aconteceram mais depressa do que imaginávamos, como o crescimento dos marketplaces
e o regresso dos OEMs à disputa do pós-venda. Importa destacar que nesta última década assistimos também ao nascimento e crescimento do sistema de distribuição de peças OEM da Stellantis (ex PSA), a DISTRIGO, que há dez anos estava a dar os primeiros passos e que hoje é um player central na distribuição, trazendo maior concorrência e novas alternativas para o mercado. As crises de cadeia de abastecimento e a inflação funcionaram como catalisadores, acelerando mudanças que antecipávamos de forma mais gradual.

Quais foram as grandes mudanças no aftermarket nestes últimos 10 anos?

A última década foi marcada por uma transformação profunda e irreversível no setor. Houve uma consolidação significativa de distribuidores e redes de oficinas, bem como um crescimento acelerado do comércio eletrónico e dos marketplaces, que mudaram de forma decisiva os modelos de negócio. Paralelamente, os veículos tornaram-se mais sofisticados, com o avanço da eletrificação e a chegada dos novos modelos mild-hybrid 48V, que começaram a alterar o tipo de peças procuradas. Outro ponto crucial foi a profissionalização da economia circular e das peças usadas, que deixaram de ser percecionadas como soluções de recurso e passaram a ser tratadas de forma estruturada, com rastreabilidade, garantia e qualidade controlada, assumindo-se como um verdadeiro segmento competitivo e rentável do mercado. A escassez de técnicos qualificados manteve-se como um dos maiores desafios, enquanto o marketing no pós-A última década foi marcada por uma transformação profunda e irreversível no setor. Houve uma consolidação significativa de distribuidores e redes de oficinas, bem como um crescimento acelerado do comércio eletrónico e dos marketplaces, que mudaram de forma decisiva os modelos de negócio. Paralelamente, os veículos tornaram-se  mais sofisticados, com o avanço da eletrificação e a chegada dos novos modelos mild-hybrid 48V, que começaram a alterar o tipo de peças procuradas. Outro ponto crucial foi a profissionalização da economia circular e das peças usadas, que deixaram de ser percecionadas como soluções de recurso e passaram a ser tratadas de forma estruturada, com rastreabilidade, garantia e qualidade controlada, assumindo-se como um verdadeiro segmento competitivo e rentável do mercado. A escassez de técnicos qualificados manteve-se como um dos maiores desafios, enquanto o marketing no pós-venda evoluiu para uma abordagem suportada em dados, CRM e campanhas segmentadas, elevando a maturidade e a exigência de todo o setor.

Como caracteriza o momento atual do negócio aftermarket?

Estamos a viver um período de transição. O parque automóvel envelhecido continua a sustentar a procura, mas sente-se cada vez mais a necessidade de soluções para veículos eletrificados e híbridos. Neste cenário, a verdadeira diferenciação está na disponibilidade de peças e na eficiência da logística de entregas, que são hoje fatores críticos para responder às necessidades do cliente de forma imediata. O valor deixou de estar apenas no produto e desloca-se para o serviço, para o suporte técnico e para as soluções digitais. Foi precisamente nesse contexto que lançámos o nosso portal, que representa um salto tecnológico importante, permitindo aos clientes maior autonomia, acesso em tempo real a stocks e a equivalências OEM/ IAM, reforçando a nossa convicção de que a integração entre tecnologia, logística e proximidade ao cliente é o caminho para mantermos a nossa posição de referência no setor.

Como perspetiva que será o negócio aftermarket daqui a 10 anos? Que peças mais se irão vender?

Dentro de uma década, o mercado terá uma presença muito mais expressiva de veículos eletrificados, mas o parque a combustão continuará a representar uma parte muito significativa da procura. Os modelos mild-hybrid 48V terão uma importância crescente. As peças mais procuradas continuarão a ser as de desgaste, a que se juntam os sistemas térmicos e de gestão de baterias, bem como sensores, módulos eletrónicos e componentes de ADAS e segurança. A tendência será de diminuição da procura de filtros e lubrificantes. As peças recondicionadas e usadas terão um crescimento acelerado.

O que, no seu entender, mais irá impactar o aftermarket durante os próximos 10 anos? 

Os próximos dez anos serão moldados pela eletrificação e pelo acesso a dados e pela regulamentação de telemática, como o SERMI e as normas de cibersegurança. A pressão regulatória sobre reparabilidade e circularidade obrigará os players a adaptar-se rapidamente, ao mesmo tempo que a inteligência artificial assumirá um papel central, não apenas na previsão de procura e na definição de preços, mas também na otimização logística, na gestão de inventário e no suporte técnico às oficinas. A concorrência dos OEMs e das grandes plataformas digitais será cada vez mais intensa, exigindo diferenciação contínua. A escassez de técnicos qualificados manter-se-á como um desafio crítico, tornando indispensável o investimento permanente em formação técnica e comercial. Mais do que nunca, será a agilidade das organizações, aliada à integração de tecnologia e logística, a definir quem se mantém relevante num mercado cada vez mais competitivo.

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