A TradingPedia divulgou o seu mais recente relatório sobre as vendas de veículos elétricos na Europa e as marcas com maior número de unidades comercializadas em 2025. Os resultados mostram duas trajetórias distintas, mas ambas no sentido da eletrificação.
O mercado europeu de veículos elétricos está a atravessar uma transformação profunda em 2025, impulsionada por preocupações com a acessibilidade, pela concorrência crescente dos fabricantes chineses e por novas iniciativas da União Europeia destinadas a reforçar a produção doméstica.
Para identificar quais os países europeus que mais avançam — ou que ficam para trás — na transição para a mobilidade elétrica, a equipa da TradingPedia analisou os dados de registo de automóveis novos publicados pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) entre janeiro e setembro de 2024 e 2025. Foram igualmente estudadas as marcas mais vendidas e as receitas dos principais grupos automóveis, com base nos respetivos relatórios financeiros.
Os dados (que pode ver aqui) revelam que, em 2025, os veículos híbridos elétricos (HEV) se tornaram a opção preferida dos compradores europeus, com uma quota de 34,8% das novas matrículas, ultrapassando pela primeira vez os automóveis a gasolina (27,2%). Os veículos totalmente elétricos (EV) surgem logo a seguir, com 27,3%, sinalizando uma mudança decisiva rumo à mobilidade eletrificada em todo o continente.
Principais conclusões do relatório
1 – A Noruega mantém-se como líder indiscutível da transição elétrica, com 107.606 veículos elétricos a bateria registados em 2025, o que representa 96,8% de todas as novas matrículas. As vendas de EV continuam a crescer a um ritmo notável (+31,5% face a 2024), enquanto os híbridos plug-in (-14,3%) e híbridos convencionais (-66%) registam fortes quebras.
2 – A Alemanha, maior mercado automóvel da Europa, lidera em volume absoluto de BEV (veículos elétricos a bateria) com 382.202 unidades, seguida do Reino Unido (349.414) e da França (216.310). Em conjunto, estes três países representam mais de um terço das vendas de BEV na Europa. As vendas totais de veículos elétricos (BEV + PHEV) cresceram 46,6% na Alemanha e 32,2% no Reino Unido, enquanto a França recuou 8,6%, devido sobretudo à queda acentuada dos híbridos plug-in.
3 – Itália e Espanha dominam o mercado europeu de híbridos, com 517.825 e 354.702 registos, respetivamente. Em ambos os países, os consumidores veem os HEV como uma opção económica e prática para a transição elétrica. Na Europa Central e de Leste — nomeadamente Polónia (203.358), Chéquia (40.835) e Hungria (48.579) —, os híbridos mantêm-se como a principal alternativa aos motores de combustão, refletindo preocupações com o custo e a lenta expansão da infraestrutura de carregamento.
4 – Os veículos com motor de combustão interna (ICE) ainda dominam grande parte da Europa de Leste e Sudeste, especialmente na Bulgária (32.824), Croácia (35.083) e Eslováquia (38.185), onde a quota dos elétricos permanece abaixo dos 10%. No sul da Europa — incluindo Grécia, Portugal e Itália — os motores de combustão continuam resilientes, mas a sua presença está a diminuir gradualmente à medida que os híbridos e plug-in ganham força.
5 – As maiores subidas nas vendas de elétricos registaram-se nos países bálticos e da Europa de Leste, com Letónia (+141,5%), Lituânia (+114,1%) e Polónia (+102,1%), que mais do que duplicaram as suas frotas elétricas em comparação com 2024. Em contrapartida, Malta (-21,7%) e Bélgica (-9,8%) registaram as maiores quedas anuais, num ajuste de mercado pós-subsídios após um período de crescimento acelerado.
Para Michael Fisher, TradingPedia, “o panorama automóvel europeu está a entrar numa fase de transformação estrutural. O facto de os híbridos ultrapassarem os automóveis a gasolina não é apenas uma mudança de preferência do consumidor — é a consolidação da eletrificação como novo padrão de mercado. Os híbridos tornaram-se uma força de estabilização, servindo de ponte entre os modelos de combustão e a eletrificação total, especialmente nos mercados onde a infraestrutura de carregamento ou o poder de compra continuam a ser limitados.
Os dados mostram que a Europa está a evoluir em duas trajetórias distintas. Nos mercados de maior rendimento e com políticas mais fortes do Norte e Oeste da Europa, a transição para o domínio dos veículos 100% elétricos já é autossustentável. Pelo contrário, no Sul e Leste da Europa, o progresso faz-se através de um modelo liderado pelos híbridos, onde a acessibilidade e a falta de infraestrutura continuam a ditar o ritmo. Nos próximos dois anos, a coerência das políticas regionais e o investimento em redes de carregamento serão determinantes para perceber se a eletrificação europeia se mantém fragmentada ou se evolui para um ecossistema unificado de zero emissões.”










