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CECRA defende prioridade ao mercado de veículos elétricos usados

O CECRA, Conselho Europeu para o Comércio e Reparação Automóvel, defende que o mercado de veículos elétricos usados deve assumir um papel prioritário nas políticas europeias para garantir o sucesso da transição para a mobilidade com neutralidade climática.

A associação considera que a adoção em larga escala não depende apenas das vendas de veículos novos, ao reagir ao pacote legislativo automóvel omnibus apresentado pela Comissão Europeia, que considera um passo relevante para maior clareza regulatória, mas insuficiente para assegurar, por si só, o cumprimento dos objetivos definidos.

Segundo o CECRA, o pacote introduz simplificação regulatória e mantém uma abertura tecnológica para além de 2035, permitindo a continuação da oferta de veículos híbridos plug-in e com extensores de autonomia. Ao prever uma redução de 90% das emissões médias de CO₂ da frota, em vez de uma eliminação total, a Comissão Europeia preserva flexibilidade, mantendo o objetivo climático através de mecanismos de compensação. No entanto, a associação sublinha que o principal desafio permanece o estímulo efetivo da procura por parte dos consumidores.

Do ponto de vista dos concessionários e reparadores europeus, mais próximos do cliente final, o CECRA identifica fragilidades claras. A mobilidade elétrica continua a ser desigual em termos de acessibilidade económica, os incentivos são inconsistentes entre Estados-Membros e as infraestruturas de carregamento permanecem insuficientes. Os custos elevados de substituição de baterias, a fragmentação das redes de carregamento e as limitações das redes elétricas locais continuam a afetar a confiança dos consumidores.

Neste contexto, o CECRA destaca o mercado de veículos usados como um elemento central da transição. A associação considera que a disponibilidade de veículos elétricos e híbridos em segunda mão, com preços acessíveis, fiabilidade comprovada e valores residuais previsíveis, é essencial para alargar a base de consumidores e tornar a mobilidade elétrica uma opção viável para um maior número de cidadãos europeus.

“Os objetivos serão impossíveis de alcançar se não existirem as condições necessárias para os cumprir”, afirmou o presidente do CECRA, Peter Daeninck, defendendo que a União Europeia deve concentrar-se nas limitações reais enfrentadas por consumidores, retalhistas e fabricantes. O responsável sublinhou que apenas com um percurso claro e com medidas concretas orientadas para o mercado será possível atingir as metas definidas.

O CECRA manifesta disponibilidade para colaborar de forma construtiva na implementação das medidas anunciadas, defendendo que a prioridade política deve agora centrar-se na execução e no reforço da procura, com especial atenção ao papel do mercado de veículos elétricos usados.

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