Ver todas

Back

Opinião: “O impacto na atividade de Rent-a-car do Covid 19”, Joaquim Robalo de Almeida, Secretário-Geral da ARAC

29 Maio, 2020

Esta é a primeira recessão para muitas das empresas de rent-a-car a operar no nosso país, especialmente para aquelas que se haviam instalado recentemente em Portugal devido ao advento da atividade turística no nosso país.

O número de veículos disponível para aluguer num futuro próximo irá depender da extensão e profundidade da crise económica e da pandemia que atualmente estamos a viver. Se o COVID 19 persistir ou reaparecer no próximo outono, ou na primavera de 2021, os impactos a longo prazo na locação automóvel poderão eventualmente ser mais notáveis.

Mudanças comportamentais de longo prazo na mobilidade podem ocorrer se a crise económica e de saúde durar mais do que os países atualmente preveem.

Da mesma forma como as pessoas se adaptaram às mudanças operadas após os atentados de 11 de setembro nas viagens aéreas como, por exemplo, a remoção dos sapatos, cintos, bolsas, etc. para verificação (com uma verificação de cada passageiro mais rigorosa e que entrou nas rotinas de rodos os aeroportos), a situação que agora estamos a viver poderá provocar mudanças semelhantes na verificação dos passageiros (como por exemplo verificação da temperatura, eventuais analises, etc.).

No que respeita aos automóveis, já antes da pandemia, registavam-se por parte das empresas de rent-a-car sérias preocupações com os clientes no sentido da higienização dos veículos entregues, situação essa que agora foi ainda mais reforçada de modo a estreitar uma relação de confiança dos clientes com as empresas alugadoras.

Embora existam muitas incógnitas sobre o futuro, as empresas de rent-a-car procuram alguns sinais no caminho da recuperação, sendo o primeiro desses sinais – Qual o comportamento das companhias aéreas.

Atualmente o número de voos operados nos aeroportos portugueses é residual, quer os voos de e para países da União Europeia, quer os do resto do mundo (só possíveis em situações muito especiais).

No caso do rent-a-car, onde a atividade turística pesa 60% no total do seu negócio, o transporte aéreo é determinante.

Mesmo quando não existem restrições de permanência das pessoas nas suas residências e a procura aumenta, o aumento do número de voos não acontece de um momento para outro.

Não constitui nenhuma novidade que a compra de novas viaturas pelas empresas de rent-a-car em todo o mundo, com especial destaque na europa estão desde março passado reduzidas a números residuais, procurando estas pelo contrário adaptarem o melhor possível a sua frota à pouca procura que existe e tendo em atenção os elementos disponíveis (que variam de dia para dia), a frota existente será certamente a mesma que teremos nas empresas de rent-a-car até 2021, independentemente do eventual retorno à semi-normalidade.

Também a oferta de frota para venda no final do Verão não será a mesma que habitualmente, pois devido aos atuais níveis de frota, o ciclo de renovação das frotas de rent-a-car não apresentará a rotatividade habitual, mantendo os operadores os veículos em frota por necessidade e imperativos de uma gestão rigorosa.

O desconforto das empresas de rent-a-car é motivado por muitas incógnitas provocadas por uma crise de saúde global diferente das recessões que vivemos mais recentemente, as quais se ficaram a dever a problemas de índole financeira.

Ao comparar a crise atual com a verificada há uma década atrás e ao contrário do que nessa época já se vinha anunciado, a crise atual acontece num tempo em que a dinâmica do mercado era muito boa antes da pandemia.

Janeiro e fevereiro de 2020 terão sido dos melhores meses de janeiro e fevereiro que o setor já havia experimentado.

Para quando o fim da crise que atravessamos e quais as dinâmicas que teremos no fim dessa crise, tal constitui uma incógnita, mas podemos certamente dizer o seguinte:

O rent-a-car atravessou ao longo da sua existência, (a qual é contemporânea com o aparecimento do automóvel) várias crises, incluindo duas guerras mundiais, continuando a existir muitas das principais empresas que existiam à época.

Estamos convictos de que viajar continuará a ser uma necessidade e que o rent-a-car estará sempre presente para atender essa necessidade.

Artigo publicado na revista PÓS-VENDA Nº56

 

 

 

PALAVRAS-CHAVE