Sinforiano Gallo García, Director de Marketing Automotive Aftermarket para Espanha e Portugal da Bosch, aborda os desafios da transição energética, a eletrificação dos veículos e a adaptação do aftermarket a estas mudanças.
Artigo publicado na edição de agosto de 2025 da Revista Pós-Venda.
A Bosch Mobility Aftermarket tem procurado antecipar tendências, preparar a sua rede de serviços e garantir qualidade e segurança em todas as tecnologias, do veículo a combustão aos híbridos e elétricos. Em entrevista à PÓS-VENDA, Sinforiano Gallo García partilhou a visão da empresa sobre esta transformação, sublinhando que há mais de uma década a Bosch se prepara para a eletrificação. Para apoiar as oficinas e os clientes nesta realidade, a Bosch tem vindo a apostar na formação da rede Bosch Car Service, em diferentes níveis de certificação, e lançou recentemente o serviço de certificado do veículo, que reforça a confiança na compra e venda de usados. Paralelamente, mantém o desenvolvimento de soluções tanto para veículos ligeiros como para pesados, assegurando qualidade e fiabilidade em todas as formas de propulsão.
Como está a Bosch a adaptar-se aos desafios do aftermarket, nomeadamente a transição para a eletrificação?
Numa convenção que fizemos há 10 ou 12 anos, já se falava de veículo elétrico. Na altura, as previsões apontavam que em 2025 praticamente todo o setor estaria eletrificado. A realidade é que não é assim. É um desafio para todos: fabricantes, distribuidores e nós, como fabricante multimarca. Países do sul da Europa, como Portugal e Espanha, têm um crescimento mais lento de veículos elétricos comparando com os nórdicos, devido a questões de infraestruturas e densidade populacional.
E relativamente à formação e preparação das oficinas para esta realidade?
A formação é essencial em todas as áreas, mas ainda mais no caso dos veículos elétricos. Manusear baterias de veículos elétricos é perigoso sem conhecimento, equipamento e zona adequada. A Bosch Car Service tem investido fortemente na formação da rede, com diferentes níveis de certificação, garantindo que a manipulação é feita com segurança.
Como analisa a situação de Portugal neste cenário?
Portugal é uma exceção no sul da Europa, com cerca de 20% de novas matrículas relativas a veículos elétricos. Em Espanha ainda não se chegou a 6%, sendo que o veículo híbrido é mais popular. Para as oficinas, isso é algo positivo, porque permite trabalhar com ambas as tecnologias. O diesel continua a decrescer em Portugal, enquanto a gasolina se mantém. Notamos também um aumento da importação de veículos a diesel com 10 ou 15 anos. Por isso, lançámos o serviço de certificado do veículo nas Bosch Car Service, que permite aos clientes ter garantia sobre o estado do carro, histórico de avarias e principais componentes, oferecendo mais segurança na compra de usados. Este serviço consiste numa inspeção completa que avalia travões, suspensão, pneus, luzes e motor, servindo como comprovativo de segurança e funcionamento, útil em vendas, seguros ou manutenção preventiva.
Este momento de transição exige desenvolver peças para híbridos, elétricos e combustão. Como lida a Bosch com essa realidade?
Na Bosch, continuamos a apostar em todas as tecnologias e a desenvolver produtos para os vários tipos de propulsão. A Bosch tem a vantagem de estar presente também no primeiro equipamento, o que nos dá visão sobre a direção do mercado e permite que preparemos o aftermarket com muita antecedência.

Qual a maior aposta da Bosch a curto prazo?
O veículo pesado começou mais tarde a revolução tecnológica para a eletrificação, mas a tendência é clara, pois é uma tecnologia mais ecológica, sustentável e confortável. Este setor exige máxima qualidade e fiabilidade, porque qualquer falha afeta diretamente negócios. É um mercado que busca qualidade e a Bosch tem reputação consolidada nesse sentido. Será uma das direções futuras da Bosch, a par com o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias no segmento de ligeiros.










