Paulo Silva, Administrador do Grupo PDauto, partilha a sua visão sobre os principais desafios e oportunidades da formação no pós-venda automóvel em Portugal.
Quais consideram ser os principais desafios da formação no pós-venda automóvel em Portugal atualmente?
Consideramos que atualmente o principal desafio é acompanhar as mudanças e as exigências crescentes do mercado. O setor está em transformação, e as oficinas precisam de se adaptar para manter a competitividade e a qualidade do serviço. A formação no pós-venda automóvel precisa de ser mais dinâmica, digital, prática e orientada para os desafios reais das oficinas.
O que é necessário fazer para que as oficinas e os técnicos invistam mais em formação?
Apesar dos horários das oficinas serem complicados e haver pouca margem para disponibilizar os profissionais para as formações, o Grupo PDauto conseguiu encontrar uma forma de facilitar todo este processo aos seus clientes. Disponibilizamos mensalmente cerca de três formações certificadas pela DGERT para os nossos clientes. Temos tido o cuidado de manter esta oferta consistente porque sabemos que cada vez mais é importante a existência de formação nas oficinas, e a adesão tem sido muito boa.
De que forma a formação regular influencia o desempenho dos técnicos e o serviço prestado pela oficina?
O mercado está em constante mudança e é isso que também nos faz crescer e evoluir. O conhecimento sobre novos métodos de trabalho, novos produtos, técnicas e novas tecnologias pode ser um grande diferencial para um profissional na medida em que o mercado está em crescimento e cada vez mais são necessários profissionais especializados em diversas áreas. O cliente cada vez mais procura oficinas com conhecimento técnico adequado. Estar atualizado nas diversas áreas garante relevância no mercado e evita a obsolescência profissional.
Que indicadores, exemplos ou testemunhos podem dar, que mostrem o impacto positivo da formação na rentabilidade das oficinas?
A formação é sem dúvida um dos grandes fatores que influenciam a rentabilidade da oficina. Quando conhecemos bem os equipamentos e as suas funcionalidades aumentamos a eficiência e produtividade. A par disso, a realização de diagnósticos precisos e reparos corretos traduzem-se em menos reclamações e aumentam a satisfação e fidelização dos clientes. Por outro lado, a oficina consegue também evitar desperdício de peças e evitar a necessidade de refazer alguns trabalhos, reduzindo custos operacionais.
Que competências técnicas e comportamentais, resultantes da formação, consideram mais importantes para as oficinas num futuro próximo?
Num futuro próximo, as oficinas precisarão de profissionais com um conjunto robusto de competências para responder às novas exigências do setor. Relativamente às competências técnicas, destacamos o uso de diagnóstico eletrónico e digital, bem como a manutenção e reparação de veículos elétricos e híbridos; relativamente às competências comportamentais destacamos sobretudo a adaptabilidade e aprendizagem contínua.
Como se pode combater a escassez de técnicos qualificados nas oficinas? Que medidas poderiam e deveriam ser tomadas para combater essa escassez?
Combater a escassez de técnicos qualificados nas oficinas é um dos grandes desafios do setor automóvel atualmente em Portugal. Neste sentido, em 2022 criamos a PDacademia.
Este projeto tem como objetivo a formação profissional de jovens na área da mecânica, e funciona como plataforma entre formandos, oficinas e marcas/fornecedores de especialidade.
São cursos para jovens com idade inferior a 25 anos, que pretendem concluir o 12º ano de escolaridade. Esta plataforma de cooperação permite aproximar alunos do mercado de trabalho e vice-versa, para além de complementar a oferta curricular com formações técnicas das marcas envolvidas. A PDauto disponibiliza um espaço devidamente equipado para a formação de profissionais da área onde podem receber formações teóricas e práticas. Para além da criação de oferta e formação nesta área, consideramos que é também muito importante a valorização da profissão, criar planos de carreira, premiar o desempenho, mas também criar ambientes de trabalho organizados e motivadores, bem como apostar em equipamentos modernos e acesso fácil a ferramentas digitais.
A formação pode ser uma ferramenta importante na retenção de talento dentro das oficinas? De que forma?
Um dos grandes desafios das empresas e do mercado de trabalho é conseguir reter talento, e nas oficinas isso também é uma realidade. Atualmente o salário que um profissional aufere já não é um dos fatores determinantes na hora de decidir sair da empresa. A formação vai além da simples atualização técnica; quando bem planeada e integrada numa estratégia de valorização dos colaboradores, a formação pode reforçar o compromisso e aumentar a motivação. O colaborador sente-se reconhecido e vê na empresa uma oportunidade de crescimento, e sabemos que as pessoas ficam onde se sentem valorizadas e onde percebem que estão a evoluir.
Qual a formação que tem mais procura atualmente, quer na área técnica, quer não técnica (relacionada com o setor do pós-venda automóvel)?
Nós tentamos sempre perceber junto dos nossos clientes quais são as áreas que sentem mais necessidade de formação, e vamos respondendo às suas necessidades. As formações na área da eletrificação têm sido bastante procuradas, mas também a formação de técnicos de intervenção em sistemas de ar condicionado e formações focadas no diagnóstico eletrónico avançado.









