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“A valorização do técnico através da formação é uma das formas mais eficazes de o reter”, Jorge Zózimo, T.Academy

27 Junho, 2025

Jorge Zózimo, responsável pela T.Academy, identifica desafios estruturais na formação do pós-venda automóvel, desde a rápida evolução tecnológica à resistência das oficinas ao investimento. Aposta em métodos práticos, flexíveis e ajustados à realidade oficinal.

Quais consideram ser os principais desafios da formação no pós-venda automóvel em Portugal atualmente?

Na T.ACADEMY, identificamos vários desafios estruturais. O primeiro é a velocidade de evolução tecnológica, com a transição para veículos elétricos, híbridos e cada vez mais digitais, o que exige atualização constante das competências dos técnicos. Depois, sentimos que ainda existe resistência por parte de algumas oficinas ao investimento em formação, muitas vezes por questões de disponibilidade de tempo e recursos.Outro desafio relevante é a disparidade entre a formação existente e as reais necessidades do terreno — por isso trabalhamos sempre em estreita ligação com os nossos clientes para desenvolver formações ajustadas à realidade oficinal, com forte componente prática e com metodologias atuais.

O que é necessário fazer para que as oficinas e os técnicos invistam mais em formação?

A nossa experiência mostra que é fundamental mostrar o retorno prático e direto da formação. Quando uma ação de formação resulta em diagnósticos mais rápidos, menos retrabalhos ou maior capacidade de resposta a tecnologias novas, o impacto torna-se evidente para a gestão oficinal. Além disso, temos apostado em formatos modulares, gamificados e flexíveis, que facilitam a integração da formação na rotina das oficinas. Acreditamos também no trabalho de proximidade, e temos tido bons resultados com programas de formação contínua e apoio personalizado por parte da nossa equipa.

De que forma a formação regular influência o desempenho dos técnicos e o serviço prestado pela oficina?

Quando os técnicos frequentam formação de forma regular – sobretudo se for prática, orientada para resolução de avarias reais, como fazemos na T.ACADEMY – observamos uma melhoria clara em três áreas:

  1. Eficiência operacional (menos tempo para resolver uma avaria);
  2. Precisão no diagnóstico (evita substituições desnecessárias);
  3. Postura profissional no atendimento, especialmente nas formações que cruzam competências técnicas com soft skills.

Além disso, notamos que a formação tem impacto direto na autoestima e motivação dos técnicos, o que se reflete na qualidade do serviço ao cliente.

Que indicadores, exemplos ou testemunhos podem mostrar o impacto positivo da formação na rentabilidade das oficinas?

Nos projetos de formação que desenvolvemos, é comum vermos:

  • Aumento da taxa de reparações à primeira;
  • Redução no tempo de diagnóstico em casos complexos;
  • Melhor aproveitamento da mão-de-obra técnica (ocupação mais eficiente dos técnicos).

Por exemplo, num dos programas que implementámos com oficinas multimarcas, os gestores relataram que após os módulos de gestão oficinal e técnicas de diagnóstico, houve um aumento de cerca de 20% na produtividade por baía em 3 meses.

Que competências técnicas e comportamentais resultantes da formação consideramos mais importantes para o futuro das oficinas?

Tanto na vertente técnica como comportamental, destacamos:

  • Diagnóstico avançado com ferramentas como osciloscópio e CAN Tools;
  • Intervenção segura em viaturas híbridas e elétricas (nível 3 e 4);
  • Gestão da relação com o cliente e resolução de conflitos;
  • Capacidade de trabalho em equipa, comunicação e atitude colaborativa;
  • Adaptação a tecnologias emergentes, como ADAS e software de gestão remota.

É por isso que as nossas formações cruzam conhecimento técnico com competências humanas — a técnica sem comunicação eficaz perde valor, e vice-versa.

Como se pode combater a escassez de técnicos qualificados nas oficinas?

Na T.ACADEMY defendemos uma abordagem integrada:

  • Atrair jovens para o setor, com formações dinâmicas e ligadas à realidade;
  • Requalificação de profissionais de outras áreas técnicas;
  • Parcerias com escolas e centros de formação profissional, criando uma ponte direta com o mercado;
  • Promoção de planos de carreira dentro da oficina, onde a formação é parte do crescimento profissional.

Também temos vindo a trabalhar com oficinas e redes que apostam em programas internos de tutoria, o que acelera a integração de novos técnicos.

A formação pode ser uma ferramenta importante na retenção de talento dentro das oficinas?

Sem dúvida. A valorização do técnico através da formação é uma das formas mais eficazes de o reter. Quando um técnico sente que está a evoluir, que é reconhecido pelas suas competências, e que há espaço para crescer, a probabilidade de se manter motivado e fiel à oficina é muito maior.

Por isso mesmo, muitos dos nossos clientes usam os programas da T.ACADEMY como parte do plano de valorização interna, e até como critério em avaliações de desempenho.

Qual a formação que tem mais procura atualmente, técnica e não técnica?

Atualmente, as áreas com maior procura são:

  • Técnicas: diagnósticos eletrónicos, veículos elétricos e híbridos, reparação de baterias de alta tensão, uso de osciloscópio e protocolos de comunicação digital (CAN, LIN, FlexRay, etc.);
  • Não técnicas: gestão oficinal, atendimento ao cliente, gestão de tempo, liderança e motivação de equipas.

Também temos visto um aumento significativo na procura por formações híbridas (online + presenciais) e por ações gamificadas e de curta duração, especialmente para redes e grupos de oficinas com objetivos de performance.

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