No decorrer do Fórum do Retalho Automóvel, realizado hoje em Lisboa, com a organização da ACAP – Associação Automóvel de Portugal, António Coutinho, Presidente da mesa de retalho automóvel, começou por apresentar os imensos desafios que as empresas do setor atravessam.
Para António Coutinho, o retalho automóvel, que tem uma forte componente de pós-venda, apresenta como desafios a reestruturação das redes de distribuição que estão em curso, a introdução dos modelos de agenciamento, a emergência de novos construtores, a eletrificação e a mobilidade vista como um serviço.
Na sua apresentação foram abordados uma série de aspetos relativos ao pós-venda dos concessionários, e à disrupção que necessariamente vai acontecer tendo em conta que um elétrico tem uma tecnologia muito diferente de um veículo a combustão, mas também pela enorme exigência tecnológica (em formação e equipamentos) que poderão trazer muitas dificuldades às empresas do setor.
Foi também abordado o assunto do Lobby e da sua regulamentação, atendendo até ao peso e dimensão que o setor automóvel tem em Portugal, ficando a ideia de que algumas novidades vão surgir a esteve nível.
A importância do abate de automóveis
Na intervenção de Hélder Pedro, Secretário Geral da ACAP, onde foi apresentado uma perspetiva das vendas e do parque automóvel, um dos tónicos principais foi a reintrodução de mecanismos de incentivo ao abate de veículos em fim de vida, para acelerar a substituição dos veículos convencionais mais antigos e poluentes por veículos de baixas emissões, tal como aconteceu em Espanha, Itália ou França.
Hélder Pedro falou da obrigatoriedade de se avançar com esse assunto visto o mesmo estar consagrado na Lei do Orçamento do Estado que prevê a implementação deste Programa, pelo que a ACAP exige a sua rápida aprovação.
A Associação sublinha ainda a importância de retirar de circulação de veículos em fim de vida (VFV) com emissões médias de 170 g/km de CO2, substituindo-os por veículos com emissões médias de 95 g/km (incluindo elétricos, híbridos plug-in e veículos a gasolina e gasóleo).
Sublinhe-se que o incentivo ao abate vai resultar numa poupança energética de 3,2 milhões de litros de combustível/ano, o equivalente a 33.200 barris de petróleo. Em termos de emissões, irão registar-se menos 10.800 toneladas de CO2 ao ano.
Importados usados em franco crescimento
Segundo dados apresentados por Hélder Pedro, em 2023 chegaram ao mercado português 109.562 veículos usados importados, o que representa 54,9% das vendas de novos!!! Tal tem feito com que a idade média do veículo importado tem vindo a subir, sendo que atualmente está nos 7,8 anos, quando em 2022 era de 7 anos. Dessa forma o parque circulante global em Portugal tem vindo a envelhecer de ano para ano, sendo que 44% do mesmo é representado por veículos entre os 5 e os 10 anos.
Olhando para o pós-venda e para o aftermarket, carros entre os 5 e os 15 anos, representam 74% do parque circulante, sendo que 57,1% são veículos a diesel e 36% são veículos a gasolina.