Apesar da pandemia, a Tiresur mantém o seu crescimento sustentado, focado em marcas próprias, de qualidade e com abrangência de gama, conforme indica Armando Lima.
Armando Lima, diretor-geral da Tiresur, analisa a evolução do negócio da empresa, que culmina com a inauguração do novo armazém, em resposta ao crescimento da atividade de pneus para pesados e à necessidade de prestação de uma melhor qualidade de serviço ao cliente.
Como define e posiciona atualmente a Tiresur Portugal no mercado?
A Tiresur é uma empresa portuguesa e independente, apesar de fazer parte de uma holding. A decisão da compra é nossa, ajustada à necessidade do mercado português. Temos autonomia em termos operacionais, focados no nosso mercado.
A empresa tem ganho uma posição importante no mercado. Quais as razões para isso?
Os três principais valores da empresa são: Qualidade, Fiabilidade e Continuidade. A qualidade pelas marcas que representamos, pois temos um portfólio de marcas próprias muito forte e com qualidade, que estão no mercado há muitos anos, e também representamos marcas premium. A GT Radial já se vendia há mais de 20 anos em Portugal. A Ovation é comercializada há nove anos em Portugal. A adição da Triangle, mais recentemente, aconteceu no sentido de trabalharmos e darmos uma outra visibilidade à marca. Aliado a isto, temos a fiabilidade dos produtos. Temos também uma equipa muito estável e com grande experiência neste setor. Há ainda outros aspetos, como o atendimento personalizado ao cliente, através da nossa equipa de vendas.
Em 2019 anunciaram que tinham uma oferta 360º…
Exatamente. Na Tiresur vivíamos muito do pneu ligeiro e das marcas próprias. E houve um momento em que começámos a comunicar que disponibilizamos uma oferta global, para todas as necessidades do mercado, desde pneus de motociclos a engenharia. Esta oferta ficou concluída no ano passado, com os pneus ATR da Triangle. E isto foi um grande salto, a nossa carteira de clientes ativa quase duplicou.
A Tiresur assenta a sua estratégia em marcas menos conhecidas. Como avalia a evolução desses produtos?
A base do nosso negócio sempre foram as marcas próprias. As marcas premium representam menos de 30% da nossa faturação. Temos um conjunto de marcas muito abrangente em que 70% a 75% do nosso negócio está baseado, como a Ovation, Triangle, MRL, etc. Temos ainda marcas específicas, por exemplo, para a rede Center´s Auto. Este aspeto permite-nos ter um tipo de rentabilidade diferente de outros operadores que dependem mais das marcas premium. O premium é um mercado muito saturado, agressivo e competitivo. As margens não têm nada que ver com as que conseguimos em marcas próprias. As nossas marcas nunca foram só preço. A GT Radial, por exemplo, é um produto que posicionamos como marca Quality; a Ovation é uma marca chinesa, super budget. A Ovation é a marca super budget mais cara do mercado, porque é fiável, e tem também elementos de marketing. A Triangle tem um portfólio muito completo: ligeiros, pesados e engenharia. Era a marca que nos fazia falta para fecharmos o ciclo da oferta 360º. Temos ainda a Uniroyal, para pesados. Apesar de ser uma marca quality, posicionamo-la quase como marca premium porque tem qualidade e pelo trabalho que fazemos com a marca. Em agrícola temos a MRL, que aposta muito na ampliação de gama. Começámos com a MRL em 2018 e em 2020, e, apesar da crise pandémica, crescemos 70%.
A Tiresur nunca se focou em preço?
Focamo-nos nas nossas marcas próprias, mas não forçosamente em preço. E daí tem vindo o grande crescimento da empresa. O cliente, ao trabalhar com uma marca nossa, tem rentabilidade, trabalha com proteção geográfica e produtos fiáveis.
Em 2013 mudaram de instalações e vão mudar novamente este ano. Isto demonstra a evolução do negócio?
Sim, acontece pelo crescimento da nossa atividade. Especialmente devido aos produtos agrícolas e de engenharia, que nos fazem ter necessidade de mais espaço. Além disso, precisamos de melhores condições para melhorarmos o nosso nível de serviço. O novo armazém vai triplicar a nossa capacidade de pneus de camião e vai também mais do que duplicar a capacidade agrícola, para além de aumentar também a capacidade de pneus de engenharia. Vamos arrancar com 5000m2 mas já está aprovado outro projeto de 2500m2.
Qual a importância da rede Center´s Auto para a Tiresur?
Em termos de faturação, representa 31%. Estamos a falar de 35 associados, com 43 oficinas. Não estamos focados no número de oficinas, aquilo que queremos é ter parceiros que representem as marcas da melhor forma. Pretendemos também uma rede que não tenha apenas oficinas de pneus de ligeiros, e, por isso, também procurámos crescer com entidades que trabalhassem produtos de camião, engenharia e agrícola. E temos na rede operadores muito importantes nestes segmentos. Além da rede Center´s Auto, temos o Triangle Club, já com 14 membros. É um conceito de embandeiramento, com condições especiais para a marca Triangle. São dois conceitos que permitem aos clientes ver além do preço e perceber que há vantagens de trabalhar uma marca específica.
Que efeitos teve a pandemia no setor dos pneus?
Segundo dados do mercado de reposição de pneus na Europa, o segundo trimestre de 2020 caiu 31% em ligeiros, 23% em camião, 4% em agrícola e 26% em motociclos. O acumulado do primeiro semestre não é muto diferente: 22% de quebra em ligeiros, 14% em camião, 9% em agrícola e 23% em motociclos. Ou seja, na Europa, em pneus ligeiros, venderam-se menos 23 milhões de pneus em seis meses. Isto é transversal à maioria dos países, inclusivamente em Portugal. Mas em junho e julho já se notou uma recuperação interessante. Em 2019, segundo a Euro Pool, foram vendidos cerca de 3 milhões de pneus em Portugal. Talvez no final de 2021 possamos falar de valores semelhantes a 2019, mas é difícil fazer previsões. Mas penso que isto vai gerar oportunidades no aftermarket, porque a tendência do cliente para aguentar mais tempo o veículo é algo notório.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda Pesados n.º 30 de outubro/novembro de 2020. Consulte aqui a edição.