Este ano e mais do que nunca, em termos de análise de mercado pós-venda, é necessário realizar uma análise separada por etapas ou fases, já que nem todas elas tiveram ou terão a mesma influência no mercado e, partindo do parcial, concluindo com o global.
As fases claramente diferentes são:
- Fase Pre-Covid (Janeiro-Fevereiro), onde o mercado já se estava a comportar com alguma instabilidade, existindo incerteza sobre a evolução da atividade para este ano. Efetivamente e em comparação com os veículos novos registados em 2019, Janeiro de 2020 caiu 8% face a 2019, em Fevereiro, o registo de novas viaturas com 7,4% acima de 2019, tornou possível que em acumulado, este ano ficasse em linha com o anterior. No entanto, ninguém podia prever quão drástica ia ser a mudança.
- Fase Covid (Março-Abril-Maio): na qual a análise da atividade na pós-venda é simples de fazer, tendo uma quebra na atividade até final de abril cerca dos 75%. Embora a maioria das oficinas estivessem abertas no período de confinamento iniciado a 18 de maio e terminado no dia 4 do corrente, a atividade oficinal esteve bastante reduzida ou quase nula. Quase só reparações em veículos imprescindíveis foram efetuadas ou aproveitaram para terminar trabalhos mais longos em veículos que já estavam nas oficinas.
- Fase Post-Covid / recessão (Junho-Julho-Agosto-Setembro): meses em que ainda há muita incerteza, a qual se irá manter não se sabendo ainda por quanto tempo. Nestes meses teremos 3 efeitos principais, uma recuperação paulatina da atividade das oficinas, estimando que em outubro-novembro ainda não tenhamos conseguido recuperar o nível da atividade normal, um pico de atividade concentrada em algumas famílias de produto que, devido à paragem do parque circulante durante quase 3 meses e, os meses de verão em que se espera um turismo muito mais nacional e de proximidade, o que nos trará um aumento da quilometragem estival que é sempre positivo para a pós-venda.
- Fase de recessão económica (Outubro-Novembro-Dezembro): Todos estamos conscientes que o impacto do Covid-19 deixará sequelas económicas, prevendo-se uma quebra do PIB cerca dos 8% em Portugal. Esta situação de recessão económica e de dificuldades, terá repercussões quase seguramente nas taxas de desemprego e no rendimento por lar, o que arroja um panorama, que já conhecemos da crise de 2008, com as seguintes consequências; menor utilização do carro, menos gastos na sua manutenção e maior sensibilidade ao fator preço em qualquer operação que se venha a realizar. Dependendo de quanto maior ou menor seja a profundidade da recessão económica assim será também afetada o pós-venda português.
Uma vez identificadas as 4 fases, já podemos arriscar que impacto total terá “O ano do Covid-19”, no nosso negócio este ano. No final de maio já se terá perdido 10,9% da faturação anual, não sendo este volume recuperável. No entanto, ainda temos 7 meses por diante, que como se mencionou anteriormente terão também efeitos negativos na pós-venda, prevendo-se neste período uma quebra na atividade anual de 22,1% sobre o valor esperado para este ano 2020.
NOTA: artigo publicado na revista Pós-Venda nº57 e escrito por Pedro Carvalho (atualmente já não está na GIPA)