À medida que a crise persiste, a Continental indica que continua o realinhamento iniciado em 2019 e ajustará a sua estrutura de custos ao decréscimo da produção global de veículos. A Continental está focada em três grandes áreas tecnológicas: digitalização, condução automatizada e assistida e em sistemas de condução zero emissões.
“A Continental mantém os seus objetivos claramente alinhados”. Afirmou o CEO da Continental, Elmar Degenhart, no decorrer da reunião anual de acionistas, que decorreu de forma virtual em Hanover. “O nosso compromisso é com a inovação. Como tal continuaremos a ser pioneiros na indústria automóvel”.
As tecnologias da Continental são desenvolvidas para serem competitivas e viáveis no futuro, aportando um crescimento sustentável à empresa. “O nosso coração bate por um ecossistema saudável de mobilidade,” explica Degenhart. “Este assenta em três requisitos essenciais: ecologia, economia e social.” As soluções desenvolvidas pela Continental abrem caminho para um futuro, onde se encontra um equilíbrio entre a proteção ambiental, a neutralidade de emissões de carbono e se coloca enfâse na acessibilidade de forma a facilitar a mobilidade individual. “Esta árdua tarefa inicia-se internamente. Desde o início deste ano que só compramos eletricidade de fontes renováveis verificadas para as nossas fábricas em todo o mundo”, afirma Degenhart, destacando o roadmap da empresa. “Em 2040, a nossa produção será neutra em carbono e em 2050 as emissões de CO2 serão totalmente eliminadas em toda a nossa cadeia de valor”.
A Continental está a aproveitar a digitalização e o software para alavancar um crescimento rentável e sustentável. “O software é o oxigénio da indústria, já que constitui a base para o desenvolvimento e a prestação de novos serviços. O valor gerado a partir do software regista um crescimento anual a dois dígitos,” explica Degenhart. Apoiada por computadores de alto desempenho – o coração digital dos veículos – a Continental já gerou vendas que excederem os 3 mil milhões de euros (valor calculado em função do tempo de vida da série do modelo de carro em análise) “Um só cliente receberá €2.5 milhões de euros destes computadores da Continental até 2022. E isto é apenas o início. Até 2022 a nossa expetativa é conquistar mais 10 projetos”, afirma Degenhart.
A digitalização é igualmente decisiva para os serviços relacionados com a nova mobilidade. “Estamos a garantir que a maioria dos nossos produtos seja inteligente e estamos, por exemplo, a digitalizar os pneus e todo o sistema pneumático. Há já uma grande procura pelos dados fornecidos pelos pneus, que são transmitidos a partir dos nossos serviços digitais para os operadores das frotas de veículos. Estamos a expandir o nosso negócio com as frotas, gerando vendas a rondar €1 bilião de euros anual”, afirma Degenhart. O objetivo é triplicar as vendas até 2030. “Na nossa opinião, no futuro, a digitalização oferece um grande potencial de crescimento no aumento da eficiência da produção. Atualmente já instalamos mais de 1600 robots colaborativos nesta área, que trabalham lado a lado com os seus colegas humanos” explica Degenhart.
Uma segunda área de crescimento para a Continental é o desenvolvimento de sistemas para a condução automatizada e assistida. “Estamos a trabalhar estas tecnologias indo de encontro ao objetivo da visão zero acidentes e zero fatalidades nas estradas. O negócio dos sistemas de assistência à condução está a crescer como nenhum outro” afirma Degenhart. Como complemento, a Continental vende atualmente cerca de 350 milhões de sensores na área da segurança passiva. No que se refere ao negócio dos travões, Degenhart prevê que perto de 4 milhões de sistemas integrados de travagem sejam produzidos pela empresa em 2023.
A terceira grande área de crescimento da Continental são as tecnologias para sistemas de condução limpos. “A e-mobilidade não é exclusiva dos veículos elétricos. É igualmente para emissões 0. Seja com baterias ou com células de combustível, a e-mobilidade é uma realidade num mercado em crescimento. Para além de que oferece um grande potencial para a Vitesco Technologies,” explicou Degenhart. Para a maioria dos produtos da família dos sistemas de condução, a Continental espera um crescimento de mercado anual na ordem dos 30%, pelos próximos cinco anos.
“Um vencedor consegue bons resultados, mesmo em circunstâncias adversas”, enfatiza Degenhart. “Conseguimos, com muita persistência, manter a nossa posição entre as empresas líderes no fornecimento de tecnologia e software. Para se ser competitivo nesta área, é necessário maximizar os recursos de forma a assegurar a viabilidade futura”.
O realinhamento da empresa, iniciado em 2019, continuou durante o período da crise. “O nosso plano de reestruturação é o caminho para o futuro da empresa e mantém-se como a nossa função mais importante”, referiu Degenhart dirigindo-se aos acionistas. “Estamos a expandir o nosso portfolio em áreas onde se verifica um crescimento sustentável, tonando-o ainda mais alinhado com o futuro. Estamos ainda a acelerar os nossos processos internos, introduzindo estruturas mais leves”. Assente nesta estratégia, a Continental está a prever poupanças anuais de cerca de €500 milhões de euros a partir de 2023.
Degenhart afirmou ainda que uma tarefa chave para a Continental é o realinhamento da empresa com o decréscimo global na produção de veículos – os analistas preveem para 2020 um volume de cerca de 70 milhões de veículos de ligeiros de passageiros e de mercadorias e a Continental prevê, ainda, que os números record obtidos em 2017, de 95 milhões de unidades ,não serão alcançados antes de 2025 na melhor das hipóteses.
“Estamos a construir uma ponte para os próximos anos: uma “ponte corona” que nos trará novamente sucesso”, afirmou Degenhart. Minimizado a capacidade excedentária, diminuindo os investimentos e reduzindo o capital de trabalho, bem como os custos de remuneração e materiais, a Continental prevê poupar milhões de euros até 2022.