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“Existe consciência da importância da formação, mas há um défice claro de técnicos qualificados”, Jorge Zózimo, TAcademy

12 Dezembro, 2025

As plataformas da Pós-Venda celebram este ano o seu 10.º aniversário. Para assinalar este marco, reunimos testemunhos de vários profissionais do aftermarket, entre eles Jorge Zózimo, da TAcademy, que partilha a sua perspetiva sobre a evolução do mercado e os principais desafios do pós-venda automóvel.

O que está a suceder no setor da formação oficinal atualmente, era o que previa há 10 anos que estivesse a acontecer agora?
Há 10 anos já se percebia que o setor iria enfrentar grandes transformações, digitalização, eletrificação e maior exigência do cliente. Previa-se a necessidade de novas competências, mas talvez não imaginássemos a velocidade a que tudo se acelerou. Hoje, a transição para os veículos elétricos e híbridos, a sofisticação eletrónica e a gestão digital de oficinas são realidades incontornáveis.

O que mudou na formação oficinal nos últimos 10 anos?
A formação deixou de ser centrada apenas na mecânica tradicional e passou a integrar eletrónica, software, diagnóstico avançado e até competências de relacionamento com o cliente. A oferta formativa diversificou-se: há cursos modulares, híbridos (online e presenciais) e mais curtos, pensados para responder rapidamente às necessidades do mercado. A prática continua essencial, mas já não basta sem enquadramento tecnológico.

Qual é o ponto da situação atual da formação oficinal em Portugal?
Portugal tem hoje uma rede formativa mais estruturada, mas com disparidades. As grandes redes e concessionários apresentam programas consistentes, enquanto muitos independentes continuam resistentes ao investimento. Existe consciência da importância da formação, mas há um défice claro de técnicos qualificados, e isso limita tanto o crescimento como a qualidade do setor.

Como acha que a formação oficinal estará daqui a 10 anos?
A formação será mais personalizada, digital e contínua. O técnico vai aprender ao longo de toda a carreira, num modelo “on-the-job” suportado por plataformas digitais, realidade aumentada e diagnósticos inteligentes. A ligação entre marcas, redes independentes e centros de formação deverá tornar-se mais estreita, com certificações obrigatórias em áreas específicas.

O que mais poderá ter impacto na formação oficinal durante os próximos 10 anos?
A eletrificação continuará determinante, mas também a conectividade, a inteligência artificial aplicada ao diagnóstico e a pressão regulatória europeia em matérias de ambiente e segurança. Além disso, a escassez de mão de obra jovem vai obrigar a repensar a atratividade do setor, tornando a formação não só técnica, mas também uma ferramenta de retenção e motivação.

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