O Global One Automotive aposta na qualidade e estratégia dos seus membros e parcerias, assim como numa estratégia de adaptação aos cenários futuros do aftermarket.
Com sede em Frankfurt, o grupo Global One Automotive GmbH, fundado em 2016, assenta na fundação de parcerias e benefícios para os seus membros, assim como na antecipação de tendências e estratégias de mercado para os seus distribuidores. Marcus Hähner, Managing Director do Global One Automotive, explica à REVISTA PÓS-VENDA a estratégia do grupo, assim como o seu papel na preparação dos seus membros para enfrentarem os desafios atuais e futuros do aftermarket.
Qual a importância dos grupos de compra internacionais no mercado pós-venda atual?
Se recuarmos no tempo, os chamados “grupos de compra” foram importantes para as empresas conseguirem boas condições dos fornecedores, enquanto estes tinham a possibilidade de aumentar o seu volume de negócios. A tarefa atual dos grupos de compra internacionais, ou ITG, é, além de conseguir boas condições para os seus membros, mas também estar empenhado na arena política, através da associação FIGIEFA, lutando pelos direitos e pelo futuro do IAM perante os fabricantes de veículos. Ou a adesão à aliança e-fuel e o seu objetivo de zelar por uma solução para reduzir imediatamente o CO2, que seja aceite e realizada. Um grupo tem também de criar serviços dedicados aos seus parceiros, como catálogos técnicos, troca de melhores práticas, reuniões de acionistas e de gestores de compras, convenções, entre outros. Por outro lado, tem de trazer valor acrescentado aos seus fornecedores de diferentes formas, como boa publicidade, presença nas redes sociais, canais YouTube, Intranet, mostrando oportunidades de negócio pró-ativas, organizando reuniões presencias, etc. O que está em causa é consolidar todas estas atividades num ambiente global. A nível acionista, mas também a nível de fornecedores. O papel dos ITG nunca foi tão importante e é uma tarefa decisiva para cada um encontrar a sua própria forma de lidar com todos estes tópicos.
O que diferencia a Global One Automotive dos outros grupos no mercado?
As nossas principais diferenças são a nossa dimensão, estrutura e filosofia subjacente. Somos o ITG mais pequeno do mercado em termos de volume de negócios externo e número de acionistas. Se falarmos da nossa estrutura, podemos salientar que estamos a receber apenas empresas familiares. Para nós, a qualidade supera a quantidade. Não temos claramente a intenção de nos tornarmos mais um grupo de grandes dimensões no mercado, atuando em todos os cantos do mundo e recolhendo o máximo de acionistas possível. Temos a intenção de continuar a ser um grupo comercial exclusivo que atrai novos acionistas com cautela e que, antes de mais, está interessado num contexto familiar. Isto sublinha que nem todos terão a oportunidade de se tornar nossos membros. A nossa filosofia pode também demonstrar algumas diferenças em relação a outros ITGs. E isto já está expresso no nosso segundo lema: “We Are One”. Sentimo-nos comprometidos com todo o nosso mercado, com a nossa indústria, com o IAM. Para nós é fundamental investirmos tempo e dinheiro a favor da nossa indústria. Todos devem estar cientes de que agir sempre e apena em seu próprio nome prejudicará de forma sustentável o nosso mercado. Somos obrigados a agir como apenas um em relação aos fabricantes de veículos, plataformas de comércio eletrónico, empresas de tecnologia ou outros players. Caso contrário, o IAM que conhecemos hoje, desaparecerá nos próximos 10 anos. E é também isso que defendemos: o claro compromisso com o nosso mercado.
Como irão evoluir os grupos de comércio internacional no futuro?
Estou convencido que os ITGs irão funcionar também como grupos de reflexão para a sua comunidade. Como os nossos acionistas estão envolvidos nos negócios diários e no planeamento do futuro próximo até aos próximos cinco anos, os grupos serão obrigados a pensar para além deste período de tempo.
Como será o futuro daqui a 10 ou 20 anos? Quais deverão ser as ações a iniciar a curto ou médio prazo?
Recolher, classificar e antecipar o know-how do mercado e ir apresentar estes resultados aos seus membros. A par das ações de hoje, um grupo moderno será também uma espécie de empresa de consultoria. Porque um grupo é a terceira parte no jogo da distribuição de peças. Um grupo está entre os seus acionistas (grossistas) e a indústria fornecedora. Significa que toda a informação do mercado é canalizada através de um grupo. O que será mais importante do que aquele que conseguirá fazer a melhor previsão de futuro?
Quais são as principais tendências no mercado pós-venda e de que forma
influenciam o mercado?
A primeira é a telemática. Há muito negócio associado à telemática nos veículos, como a venda desta informação a plataformas hoteleiras, seguros, empresas de tecnologia, etc. O carro no futuro, ou mesmo já hoje em dia, vale muito mais do que “apenas” vender peças e fluidos. O carro do futuro é a base para a recolha e venda de dados… estão a surgir novos horizontes e mais uma vez o nosso mercado ainda tem a oportunidade de tomar uma das principais entidades dentro deste universo. A Global One Automotive é membro do projecto Caruso Repdate. Esta solução da indústria telemática, atualmente impulsionada por vários players desta indústria,poderá ser a contraparte das soluções dos fabricantes de veículos. Mas infelizmente, ainda existem alguns dos principais intervenientes no nosso mercado, que não se comprometem com este projeto. Nós, um grupo de pequenas dimensões, estamos a impulsionar este projeto com um tremendo investimento de tempo e dinheiro, a favor de todo o mercado, e vamos continuar a fazê-lo. A segunda tendência são os talentos e falta. A Global One Automotive, é um dos membros fundadores da iniciativa da indústria TALENTS4AAA, um projeto que nasceu para atrair talentos para a nossa indústria. Todos os meses há empresas a juntar-se a esta iniciativa. Se trabalharmos em conjunto, podemos alcançar bons resultados.
Como pode o trabalho dos grupos de comércio internacional influenciar a atividade de uma oficina independente?
Acredito que um ITG não deve agir como “influenciador” das oficinas. Essa é uma tarefa dos nossos grossistas, que estão em contacto diário com os seus clientes. A única “influência” de um grupo é apresentar cenários futuros, para que a nossa estrutura possa reagir com precisão à evolução do mercado e esteja, portanto, em posição de informar as oficinas.
Qual a importância da digitalização nos negócios dos grandes grupos internacionais e no mercado pós-venda em geral?
As gerações mais jovens já não vão utilizar o telefone para encomendar peças. O seu mundo já é digital, e isso será ainda mais acelerado com as gerações seguintes. É por isso que um ITG deve ser um grupo de reflexão da sua comunidade para prever cenários futuros. Se olharmos para a estrutura atual do IAM, há uma grande parte dos nossos intervenientes no mercado que não estão preparados se falarmos de digitalização. E se não encontrarem uma reviravolta, já terão desaparecido nos próximos 10 anos.
Como é que a eletrificação e as novas formas de mobilidade vão mudar a dinâmica do negócio?
Provavelmente estarei reformado daqui a 15 anos e, não tenho dúvidas que, até lá, o impacto da e-mobilidade no IAM será reduzida. Claro que existem exceções, em que o parque de veículos elétricos é maior, como Oslo ou os Países Baixos, mas a maioria dos países europeus está longe de ter uma parte importante destes veículos no seu parque. Mesmo com as atuais regulamentações políticas, um impacto percetível no nosso mercado vai levar mais tempo do que o que se espera. E isto inclui também as novas formas de mobilidade como, por exemplo, o car sharing. Estas novas formas de mobilidade funcionam em ambiente urbano, mas ninguém se preocupa com quem vive fora das zonas urbanas.
Qual a importância do aftermarket Português para um grupo de comércio internacional?
Cada região é importante, porque só podemos agir com precisão se nos preocuparmos com cada um dos mercados especificamente. O Global One Automotive está extremamente satisfeito com o parceiro Dipart, que leva a que tenhamos do nosso lado a melhor solução para o mercado português e espanhol. Vamos continuar a apoiar a Dipart de todas as formas possíveis para que a rede continue a crescer continuamente.
Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 88, de janeiro de 2023. Consulte aqui a edição.