Ver todas

Back

Negócio oficinal em grande destaque na Convenção da Anecra (com fotos)

9 Novembro, 2019

No segundo dia da Convenção da Anecra falou-se essencialmente do negócio oficinal e de como ele se está a preparar para o futuro do setor automóvel. Diferentes oradores, deixaram extensivas apresentações sobre os temas atuais e futuros para este setor oficinal.

A primeira intervenção do dia foi de José Maria Cancer, diretor geral da Cesvimap, que fez uma explicação muito concreta e explicativa sobre todos os serviços do Cesvimap, ficando evidente que este centro já trabalha em tudo o que seja veículos elétricos, veículos autónomos e novas formas de mobilidade, tendo também uma extensa oferta de serviços e até de produtos (peças reaproveitáveis) para as oficinas.

Dentro do painel Seguradoras, Gestoras de frotas e Oficinas, João Ferreira do Amaral, da Tranquilidade, comentou que as oficinas independentes são fulcrais na estratégia da sua empresa, enquanto Carlos Carvalho, diretor de manutenção e serviços da Arval, diz que 50% dos fornecedores (da Arval) são oficinas independentes, com tendência a crescer, mesmo quando chegarem em força os veículos elétricos. A facilidade de comunicação com as oficinas independentes é importante neste negócio, face à dificuldade de falar com os grandes grupos auto, diz o mesmo responsável da Arval.

Segundo João Ferreira do Amaral, a digitalização dos serviços em geral e o processo de decisão do cliente, que é cada vez mais rápido (por via da utilização da tecnologia) obriga a que as oficinas se unam e tenham cada vez uma maior escala.

Do lado da Audatex, Tiago Ribeiro, falando sobre a rentabilidade das oficinas, disse que no futuro a pressão estará na mão-de-obra e no aumento do valor da mesma, até porque existe cada vez mais escassez de recursos a este nível. O mesmo responsável refutou que a tónica da relação dos grandes clientes (seguradoras, gestoras, etc) com as oficinas não deve estar nunca do lado dos descontos.

Sobre a rentabilidade da operação nas oficinas de colisão e pintura, Luís Santos, da Impoeste, diz que a tendência é que a rentabilidade das peças vai diminuir, por via da entrada dos grandes operadores de peças (sobretudo online) e que isso levará a um aumento da importância da mão-de-obra, por via da especialização da mesma e da sua escassez.

Sobre os tempários, José Maria Cancer diz que de nada valem se as oficinas não tiveram a formação adequada e os meios adequados. Neste aspeto, é importante que quem pede a reparação e quem a executa falem a mesma linguagem. Já para Luís Santos, um bom serviço nesta área da repintura, começa por uma boa orçamentação, uma realidade que infelizmente ainda está longe de acontecer em muitos reparadores. Tiago Ribeiro, não coloca a questão nos tempários, mas sim na necessidade que existe na correta identificação do tipo de carros que se está a reparar em termos de chapa, pois isso irá fazer variar muito o custo da reparação.

Quanto ao tema da certificação do reparador, João Ferreira do Amaral diz que o essencial é ter níveis de serviços contratados com esses mesmos reparadores, mas que a sua seguradora não entra em “fundamentalismos”.

Digitalização do Pós-venda

Carlos López, da Launch Ibérica, abordou o tema dos sistemas ADAS e da sua importância crescente no negócio oficinal, dizendo que atualmente é já um negócio rentável para as oficinas e que o será ainda mais no futuro, tanto mais que a partir de 2022, todos os carros vão passar a ter obrigatoriamente de série sistemas ADAS.

Carlos Valentim, do departamento técnico, garantias e formação após-venda da Toyota em Portugal, fez uma apresentação sobre os novos desafios do setor automóvel e das tecnologias emergentes (sobretudo a eletrificação do automóvel), mas o foco da sua exposição esteve na formação e na importância da mesma. Considera este responsável que a formação por si nada resolve, mas sim a importância também da transferência de conhecimentos entre os técnicos mais antigos e os mais novos. Referiu este responsável que os intervalos de manutenção serão maiores no futuro, sendo necessário reinventar novos serviços, com a chegada dos veículos eletrificados.

A digitalização da oficina, segundo este profissional da Toyota, obriga a um maior controlo da atividade, a uma constante monitorização dos indicadores de atividade, ao uso de ferramentas de orçamentação e de dados técnicos, mas também a melhorar a comunicação com os clientes através de novos canais.

Sobre o diagnóstico remoto, Carlos Valentim falou da importância de utilizar ferramentas que facilitem o trabalho das oficinas nomeadamente aquelas que as possam ajudar no diagnóstico. No cado da rede Toyota, usa-se muito o Team Viewer, que permite entrar nos aparelhos de diagnóstico remotamente e assim ajudar as oficinas sem que exista a necessidade de uma deslocação física.

Nuno Medeiros, Coordenador de lojas da Soulima, começou a sua intervenção falando dos sites de venda B2C, que exigem algum cuidado na sua análise, são uma realidade crescente, mas têm que ser combatidos com Know-how, algo que esses sites nunca poderão vender.

Ao nível do B2B, área onde a Soulima atua, o futuro traz novos desafios onde não poderão ser só comercializadas as peças. Terá que ser dada uma solução global aos clientes que envolva parte técnica, os equipamentos, o ambiente, etc. Para Nuno Medeiros, também aqui é necessário Know-how, formar e informar os clientes e perceber que apesar dos desafios do futuro terá que existir um ambiente de melhoria constante.

No painel “Oficina do futuro”, Carlos Ferraz, gestor de desenvolvimento da Prio, falou do projeto que a empresa desenvolveu com cinco institutos politécnicos a nível nacional, sobre o tema da formação dos veículos elétricos (Priolabs), destinado não só aos postos de carregamento, mas também ao pós-venda.

Manuel Pena, da Auto Delta, gestor da rede CGA Car Service em Portugal, falou sobre redes oficinais, dizendo que o futuro passa claramente pelo desenvolvimento dessas redes, e do apoio que as redes podem dar às oficinas mais pequenas que têm que se centrar no seu negócio de reparação.

José Cid Proença, diretor geral da Spinerg (Shell), falou da importância das redes no apoio que podem dar às oficinas, atendendo à tremenda evolução tecnológica dos automóveis, sendo que uma pequena oficina não terá capacidade de dar resposta a essa evolução e, por isso, deve entrar uma rede.

Por sua vez, Dulce Sampaio, membro do conselho de administração da Roady, falou dos anos de história desta rede tendo por isso um maior conhecimento de causa das vantagens de rede, nomeadamente ao nível da partilha de informação, das compras integradas, etc.

Artur Teixeira, sócio gerente da Yes Car comentou que existe uma grande mudança na relação das gestoras de frotas com as oficinas, e que em Portugal vai começar a acontecer o que acontece no estrangeiro, em que a gestora (dominada cada vez mais por fundos de investimento) dá o serviço às oficinas e entrega também as peças.

Sobre a eletrificação do automóvel, as redes já começam a ter konw-how para assistir esses carros, o problema é que não há ainda parque circulante em quantidade. Sobre este assunto o responsável da Yes Car disse ainda que a empresa vai abrir duas oficinas (uma em Lisboa e outra no Porto) apenas para a reparação de veículos elétricos.

Comunicação

Ana Xavier, da Polivalor, veio a esta Convenção da Anecra falar de comunicação, incentivando que todas as empresas estejam presentes online e que quem não estiver online neste momento não tem hipóteses de ser encontrado pelos clientes. No final da apresentação deixou três regras de ouro: comunicar sistematicamente; comunicar em processo contínuo; e assim captar clientes transformando-os em vendas.

Refira-se para terminar que a 31ª Convenção da Anecra será realizada nos dias 20 e 21 de novembro de 2020.

 

PALAVRAS-CHAVE