Ines Peças, do Bilstein group, explica à PÓS-VENDA PESADOS as estratégias da empresa para se posicionar na vanguarda da evolução tecnológica que o setor do aftermarket está a conhecer atualmente.
Como perspetivam o futuro do negócio de aftermarket ao nível das peças para veículos pesados?
Num futuro próximo antecipamos graves dificuldades ao nível de disponibilidade e serviço. A subida de preços e a escassez de matérias primas, que prevemos neste momento, vão traduzir-se em falhas de disponibilidade, algo que afetará todos os players e certamente irá trazer enormes desafios. Como sabemos, a realidade é que a urgência na reparação de um veículo pesado é sempre bastante evidente e fazer com que um veículo destes fique parado acarreta sempre muito mais custos e consequências do que se falarmos de um veículo ligeiro.
Que investimentos tem feito a vossa marca para se preparar para as necessidades das futuras gerações de veículos pesados?
Com o enorme investimento na área de logística (novo armazém em Gelsenkirchen) estamos preparados para que, a exigência perante a nossa gama de produtos, continue a crescer, incluindo no setor das novas tecnologias. O maior espaço de stock traduz-se numa elevada disponibilidade, receção e entrega mais rápidas, espaço para novos produtos e ainda o consequente alargamento de gamas. Naturalmente que monitorizamos de perto as tendências no aftermarket internacional, especificamente o setor de pesados, e tentamos encontrar potenciais novas peças e grupos de produto que se possam adaptar ao mercado, e apostamos em novos desafios e desenvolvimentos quando lhes reconhecemos potencial.
Que impacto terá no vosso negócio de peças aftermarket o aumento de veículos pesados elétricos?
Neste momento, o impacto é bastante reduzido no nosso negócio. Encontramo-nos a acompanhar aquilo que se passa nesta área, mas atualmente não verificamos potencial assinalável no que respeita aos veículos pesados, mas sabemos que tudo pode mudar no futuro. O problema é que a quantidade de veículos com novas tecnologias é extremamente pequena. Estes são apenas protótipos ou pequenas séries. Tendo em conta o reduzido potencial de vendas, neste momento não faz sentido iniciar atividades de maior nesta área. No setor dos veículos pesados mais pequenos, utilizados em negócios de entregas a mobilidade elétrica, as novas tecnologias estão a crescer mais ativamente do que nos veículos pesados maiores. Estamos atentos a esta evolução e iremos reagir se fizer sentido no aftermarket. De um modo geral, antecipamos que os motores a combustão vão deixar de existir num futuro próximo. Isto será algo relevante e tornar-se-á a tecnologia mais importante dos próximos anos. Ainda assim, estamos prontos para reagir de forma rápida às exigências de mudança no aftermarket tendo em conta a gestão de produto, a gama extensa através de parceiros OE, OEM e do aftermarket e ainda um espaço cada vez maior ao nível de stock e uma flexibilidade incrível.
Que desafios e oportunidades trazem à vossa marca estas novas formas de propulsão?
É importante reforçar que não só de elétricos se faz o setor de veículos pesados. Não nos podemos esquecer do CNG, LNG e hidrogénio/tecnologia da célula de combustível (além de outras tecnologias). O grande problema é que o futuro ainda não é certo e não temos apenas uma tecnologia como foco. Ninguém consegue prever qual das tecnologias será a solução do futuro. É possível que venha a existir uma combinação de tecnologias dependentes do perfil de condução do veículo (longas distâncias, entregas locais). Este é um problema que envolve todas as indústrias, começando pelos fabricantes que correm um risco elevado ao desenvolverem novas tecnologias, com um investimento enorme, que provavelmente pode tornar-se obsoleto no futuro devido a decisões políticas, etc. Assim, o futuro está em aberto e será interessante perceber aquilo em que a tecnologia de veículos pesados se irá tornar. O mais importante para nós é continuarmos bem informados e vigilantes acerca dos desenvolvimentos atuais e mantermos a flexibilidade e a boa preparação para quando o momento chegar.
Quais as mais recentes novidades que lançaram ao nível das peças para veículos pesados?
As nossas novidades são sempre apresentadas ao mercado através das nossas campanhas de produto. Através dos diversos materiais divulgados, conseguimos com que o mercado fique a par de vários detalhes relacionados com cada uma das gamas destacadas e através de diversos materiais e canais. Em 2021 divulgámos a campanha de Suspensão do Chassis e temos planeado o foco em mais dois grupos de produto até ao final do ano, mas ainda é cedo para divulgarmos.
Vão lançar novas gamas de peças para veículos pesados num futuro próximo? Quais?
Investigar novas gamas é algo que está planeado. Um dos nossos objetivos é oferecer gamas completas aos nossos clientes em praticamente todos os grupos de produto. Para isso, concentramo-nos essencialmente nos fabricantes dos BIG7, mas iniciámos pesquisas também em reboques. Muitas vezes torna-se desafiante lidar com a área logística tendo em conta o tamanho das peças dos veículos pesados, mas com o novo armazém em Gelsenkirchen teremos mais possibilidade de armazenamento de peças que não se adaptam a uma palete normal. Os componentes elétricos serão um dos nossos focos uma vez que o consideramos um dos mais importantes grupos de produto do futuro. O nosso mais recente grupo de produto será o NOX – sensores e encontramo-nos atualmente a planear a implementação de 20 itens de movimento rápido. Os sensores NOX são parte do sistema de AdBlue. Naturalmente estamos a desenvolver outros componentes deste sistema tais como unidades de dosagem ou módulos de bomba. Os primeiros resultados serão divulgados em breve.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda Pesados n.º 34 de junho/julho de 2021. Consulte aqui a edição.