O que é que poderá ter mais impacto no trabalho diário numa oficina para que ela possa ser mais rentável e mais sustentável? Muitas oficinas está rotinadas no seu dia-a-dia. Repetem muitas vezes ações que julgam ser as mais corretas para se atingir o objetivo final, que é reparar bem e depressa o carro do cliente. Mas será que realmente estão a fazer bem, isto é, que o processo para atingir tal finalidade é o mais rentável, eficiente e sustentável?
Quantas vezes vemos oficinas cheias de carros e de serviço, mas em que os seus responsáveis se queixam de falta de rentabilidade da operação. Porque razão isto acontece? É fácil compreender que o problema estáno processo, o mesmo é dizer que o conjunto de ações realizadas para se obter o mais rapidamente o resultado final (que é a reparação do veículo) não estão pensadas e estruturadas para serem eficientes e, como tal, tendem a não ser sustentáveis.
Por exemplo, se um mecânico que realiza uma determinada operação num veículo e tem que sair regularmente do seu posto de trabalho para ir buscar ferramenta, ou um consumível, ou consultar uma informação técnica é natural que a operação que se poderia fazer num determinado tempo, caso ele tivesse a ferramenta necessária a seu lado, possa durar mais do que o normal. Quer isto dizer que o processo está a influenciar a rentabilidade e, também, a sustentabilidade financeira da oficina. Quando isto se repete num dia, ao longo de uma semana e de meses, o impacto que tem na oficina é enorme. Por isso, no caso deste exemplo e de outros que poderíamos dar, é que uma oficina que mesmo que possa executar o seu trabalho com alguma rentabilidade, poderia estar a ganhar mais tempo, trazendo mais conforto para o mecânico e também por isso poderia estar a ser mais eficiente.
Lá dizia o ditado que “tempo é dinheiro”, algo que faz todo o sentido quando abordamos o tema da sustentabilidade oficinal, nomeadamente quando se avalia o tempo despendido por um operativo para executar a sua tarefa. É essa a avaliação que os responsáveis oficinais devem fazer, olhando para tudo o que rodeia o operativo e quepossa concorrer para que o seu trabalho possa ser feito de forma mais rápida, mais eficaz e com mais qualidade.
O que poderá ler nestasegunda edição da “OFICINA SUSTENTÁVEL” serão apenas alguns conselhos que poderão melhorar o processo da sua oficina para que a mesma possa ser mais sustentável.
1 – GESTÃO EFICIENTE DO TEMPO E FLUXO DE TRABALHO
A gestão eficiente do tempo dentro de uma oficina é um dos aspetos que mais pode influenciar o processo de trabalho. Por isso deve criar um planeamento diário e semanal de modo a otimizar esse processo e dessa forma aumentar a produtividade. Trabalhar com marcações ajuda a planear o trabalho dentro da oficina e a fazer uma gestão muito mais eficiente do tempo. Ao trabalhar com marcações vai, entre outras coisas, minimizar o tempo de espera para peças e otimizar a logística que envolve todo o atendimento. Uma das ferramentas que mais pode ajudar uma oficina numa gestão muita mais eficiente do tempo com reflexos diretos no fluxo de trabalho é implementar um software de gestão de oficina para acompanhar reparações, prazos e a relação com os clientes.
2 – MANUTENÇÃO PREVENTIVA DOS EQUIPAMENTOS
Algo muito importante que uma oficina não deve esquecer e que frequentes vezes influencia o processo produtivo é a não realização da manutenção preventiva dos equipamentos. Através da manutenção e atualização programada dos equipamentos uma oficina pode evitar falhas nos elevadores, máquinas e até em ferramentas, e dessa forma reduzir desperdícios com substituições desnecessárias e assim minimizar os tempos de paragem. Também nos seus equipamentos oficinas não deve facilitar e sempre que houver manutenções ou reparações, utilize peças de reposição de qualidade para maior durabilidade dos equipamentos.
3 – GESTÃO INTELIGENTE DE RESÍDUOS E RECICLAGEM
Atualmente as oficinas podem obter todo o apoio na gestão dos resíduos por entidades especializadas para o efeito. Porém, estas entidades não “vivem” na oficina e só regularmente lá passam, pelo que compete à oficina manter e dinamizar a sua gestão de resíduos… para que seja e se mantenha sustentável. Por isso, deve sempre separar corretamente os óleos, baterias, pneus e peças metálicas de forma adequada e em locais próprios e recipientes próprios. Ao desenvolver as parcerias com as empresas certificadas para a recolha de resíduos poderá obter toda a ajuda necessária neste aspeto. A reutilização de certos produtos, sempre que possível, também é aconselhada, como por exemplo pode acontecer nos panos de limpeza das operações oficinais, que atualmente podem ser reutilizados de uma forma sustentável em termos ambientais e económicos.
4 – REDUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA
Já avaliou o consumo energético da sua oficina? Caso não o tenha feito pode estar a perder muito dinheiro sem saber. Alguns conselhos ditam que, por exemplo, deverá utilizar iluminação LED para reduzir custos elétricos. Nas zonas menos vistas da oficina, deverá instalar sensores de movimento para luzes. Uma área critica é sempre o ar comprimido. Deve investir em compressão de ar eficiente para as ferramentas pneumáticas. O funcionamento de toda a linha de ar comprimido deve ser verificado regularmente para evitar perdas e consumos excessivos.
5 – USO DE MATERIAIS SUSTENTÁVEIS E ALTERNATIVOS
A oficina já tem ao seu dispor uma série de matérias sustentáveis e que são uma alternativa efetiva para que se tornem mais rentáveis e mais sustentáveis. Por exemplo, nas oficinas de colisão as tintas à base de água são claramente produtos que potenciam a rentabilidade das operações. Mesmo podendo ser produtos mais caros no ato da compra, a sua aplicação, rendimento e os processos de secagem mais acelerados, fazem com que a rentabilidade aumente, pois é necessário menos produto por operação. Em muitos outros produtos consumíveis nas oficinas, como os spray´s técnicos, já são comercializados com características que trazem um menor impacto ambiental e em muitos casos são mais eficazes. Sendo também um tema difícil para as oficinas, as peças recicladas (usadas) e as remanufaturadas são também uma opção muito viável, quando o tema é sustentabilidade.
6 – DIGITALIZAÇÃO
Pode demorar a chegar à maioria das oficinas mas o tema da digitalização vai ter um enorme impacto nas operações rotineiras de qualquer oficina. Imagine-se só terminar com a enorme quantidade de papel que se acumula numa oficina por causa de um carro que vai à manutenção. Por isso, a digitalização vai permitir reduzir a papelada através de registos digitais de clientes e veículos. Deixamos aqui mais dois exemplos de digitalização oficinal: sistema de agendamentos online para otimizar o fluxo de trabalho; e automatizar processos como faturação e encomendas de peças.
7 – LAYOUT OFICINAL
Por vezes uma pequena mudança no layout oficinal pode ser suficiente para agilizar os processos dentro de uma oficina. O fluxo de veículos dentro de uma oficina é quase uma ciência que deve ser analisada com muito cuidado, pois dela depende e muito a rentabilização do tempo disponível. É mais ou menos consensual, mas deverá criar áreas separadas para diferentes tipos de trabalho (diagnóstico, mecânica, pintura, pneus, etc.). Outro aspeto muito importante no layout oficinal tem a ver com a organização das ferramentas e das peças, que devem estar em sistemas modulares e, sobretudo, de fácil acesso.
8 – POSTO DE TRABALHO
Outros dos aspetos que muito influencia o processo é a “qualidade” do posto de trabalho do mecânico. Deve-se portanto melhorar a ergonomia para aumentar a eficiência e a segurança do mecânico, que assim será mais rentável. Um dos fatores que mais influencia é a luz. Trabalhar em ambientes com muita luz é essencial para produzir melhor, sem esforçar a vista, reduzindo-se dessa forma o cansaço. No caso de existir pouca luz, deve-se recorrer a luzes de trabalho individuais ou que iluminem o melhor possível o assunto que está a ser trabalhado. Ter a ferramenta e os equipamentos próximos do posto de trabalho, evita deslocações desnecessárias, focando-se o mecânico na sua atividade.
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