Ainda existem no mercado oficinal muitas dúvidas sobre se uma oficina deve ou não pertencer a uma rede oficinal e quais as vantagens reais de aderir a uma rede oficinal.
Não vamos aqui particularizar nenhuma rede oficinal, mas obviamenteque nem todos as propostas que existem no mercado têm o mesmo nível de profissionalização e nem todas servem os mesmos objetivos, existindo até conceitos de rede que mais não são do que conceitos de fidelização, que por vezes se podem confundir com redes oficinais, mas que de facto não o são.
Atualmente as oficinas podem mesmo aceder a muitos conceitos de rede oficinal, sem que para isso tenham que adotar uma nova imagem institucional, usufruindo dos serviços que uma rede pode garantir. Digamos que uma oficina tem hoje ao seu dispor de todas as soluções possíveis para dar os primeiros passos numa rede oficinal e depois poder evoluir para algo mais profundo e mais relacional com a empresa dinamizadora do conceito oficinal.
Uma situação que o gestor oficinal tem que deixar de lado é o seu preconceito face às redes oficinais. Estar envolvido numa rede oficinal pode trazer muitas situações positivas à oicina, como pode não acrescentar nada de novo… o que achamos cada vez mais difícil.
Entrar para uma rede oficinal é acima de tudo uma decisão de gestão. Para aqueles que fazem a gestão do seu negócio oficinal e sabem bem das necessidades reais que têm, conseguem dessa forma avaliar melhor o impacto da entrada numa rede oficinal.
Mal do gestor oficinal que decida entrar numa rede oficinal apenas avaliando as condições comerciais na aquisição de peças. Essa é apenas uma das possíveis vantagens de entrar numa rede oficinal, mas achamos que será por ventura a menos importante de todas, atendendo a que uma oficina encontrará sempre no mercado quem lhe dê ainda melhores condições comerciais nas peças.
Deixando de lado esta vantagem, um gestor oficinal deve olhar bem para a sua oficina e perceber quais as necessidades que tem em termos de formação (técnica e não técnica), de acesso à informação (dados técnicos), de acesso à partilha de informação, de ter uma linha técnica de apoio, etc.
O nível de intervenção de uma rede oficinal em qualquer oficina é vasta e pode mesmo chegar a consultorias regulares, que permitem que uma oficina progrida em termos de melhoria da qualidade de serviço, de apresentação das instalações, de fardamento dos operacionais, entre muitos outros aspetos.
Uma situação é essencial que a oficina não esqueça quando acede a uma rede oficinal: ser proactivo. Entrar, só por si, numa rede oficinal não garante nada se não existir proactividade da oficina, aproveitando e potenciando ao máximo todas as valências que o acesso a uma rede oficinal lhe pode proporcionar.
1 – Suporte técnico:
Esta é talvez a maior vantagem de estar integrado numa rede oficinal, nomeadamente se tiver uma oficina multimarca. Com a cada vez maior complexidade técnica do automóvel, ter acesso a um suporte técnico que rapidamente ajude a oficina, de facto, a resolver problemas técnicos nos carros dos clientes é fundamental para servir o cliente com rapidez e qualidade.
2 – Partilha de informação técnica:
Atualmente algumas redes oficinais oferecem o acesso a uma plataforma com muitos casos técnicos, que evita que a oficina perca horas à procura de resolver o problema de determinado veículo, quando outras oficinas já o tinham resolvido. Esta partilha de informação técnica e de casos técnicos reais é importantíssima para qualquer oficina atendendo a multiplicidade de marcas, modelos e versões automóveis.
3 – Formação técnica:
Outros dos aspetos importantes de entrar numa rede é o acesso regular a formação técnica, na maioria dos casos formação certificada e que conta para o número de horas de formação obrigatórias anualmente. Tem ainda a vantagem de a formação estar muito orientada para as reais necessidades das oficinas e poder, em alguns casos, ser feita de forma não presencial.
4 – Formação não técnica:
As oficinas que tenham um grande deficit de gestão oficinal, têm nas redes oficinais um excelente aliado para pode debelar esse problema. A gestão oficinal (e não é só o atendimento) deve ser um desígnio de qualquer oficina, para que possa potenciar o seu negócio e, dessa forma, poder gerar maior rentabilidade nos seus processos.
5 – Apoio de marketing:
As redes oficinais geralmente oferecem um suporte muito importante em campanhas de marketing e publicidade, ajudando dessa forma a atrair mais clientes. Hoje em dia com o marketing digital ter uma entidade que possa apoiar a oficina numa boa estratégia de marketing será essencial para potenciar a credibilidade da oficina e gerar mais negócio.
6 – Acordos:
Para as redes oficinais que tenham acordos institucionais com empresas, gestoras de frotas e outras entidades, acabam por gerar negócio adicional para as oficinas, nomeadamente aquelas que se concentram nos maiores centros populacionais. Muitas vezes terão que ser as oficinas a proactivamente aproveitar estes acordos e torná-los uma fonte de negócio.
7 – Acesso a equipamentos mais modernos:
Acordos com distribuidores e representantes de equipamentos para a oficina são por vezes efetuados pelas redes oficinais, possibilitando que as oficinas possam adquirir esses equipamentos com outras vantagens, nomeadamente em termos económicos, quer através de preços mais competitivos, quer negociando melhores condições de pagamento.
8 – Reconhecimento:
Aceder a uma rede oficinal traz normalmente um acrescento adicional em termos de reconhecimento da “marca” e do serviço. Ter uma imagem de um conceito oficinal, transporta da oficina para o cliente uma imagem organizada, muitas vezes sem perder a identidade original da oficina.
9 – Sistemas de gestão:
As redes oficinais também podem proporcionar às oficinas a implementação de modernos sistemas de gestão de oficina, nomeadamente software de agendamento de serviços, faturação, controlo de stock, etc. O importante é que a oficina digitalize cada vez mais as suas operações, pois isso agilizará o dia-a-dia das oficinas.
10 – Networking e parcerias:
Uma das grandes vantages das redes oficinais é a potenciação de oportunidades para networking e o estabelecimento de parcerias com outros membros da rede, fornecedores e parceiros estratégicos. Isso permitirá à oficina uma maior partilha de conhecimento com outras oficinas dentro da mesma área de negócio.
11 – Adquirir peças e melhores preços:
Não sendo a vantagem mais decisiva ela é também muito importante, pois permite às oficinas dinamizar acordos de compra de peças com a rede oficinal, que podendo ser algo limitador em alguns casos, na maioria não o são. Dessa forma a oficina poderá comprar melhor para vender melhor e assim tornar-se mais competitiva para os seus clientes.
12 – Padronização de processos:
Para as oficinas mais desorganizadas nos seus processos, a entrada para uma rede oficinal poderá permitir que a oficina implemente processos operacionais mais eficientes e padronizados que melhoram a qualidade e consistência dos serviços. Nem tudo se poderá aplicar da mesma forma a todas as oficinas, mas uma oficina poderá melhorar muito com essa padronização.
13 – Plataformas:
Para maior eficiência das oficinas, as redes oficinas dão acesso a um portal B2B, onde a oficina poderá adquirir as peças de uma forma mais rápida. Esta e outras plataformas, como as de dados técnicos, orçamentação, etc., são essenciais para que a oficina possa agilizar o seu dia-a-dia.
14 – Sustentabilidade:
As redes oficinais podem proporcionar todo o tipo de apoio a uma oficina que queira cumprir escrupulosamente as suas responsabilidades ambientais, nomeadamente através de acordos externos. Este tema da sustentabilidade das operações começa a ganhar cada vez mais importância nas oficinas e por isso as redes oficinas podem dar um grande apoio nesta área.
15 – Antecipar cenários:
Estar numa rede oficinal pode proporcionar a uma oficina o acesso a informação relevante para o presente e para o futuro do seu negócio. Estar a par das tendências do setor é fundamental para conseguir antecipar decisões que podem evitar, por exemplo, investimentos desnecessários, mas também incentivar outros investimentos, como por exemplo, na manutenção de veículos elétricos.
COM O APOIO:
Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 106, de julho de 2024. Consulte aqui a edição.