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Oficinas com novos desafios pela frente

20 Abril, 2024

A ANECRA realizou em Espinho a 17.ª edição do Encontro Nacional da Reparação Automóvel sob o tema Setor Automóvel – Rumo a um Futuro Sustentável. Desafios, tendências e oportunidades estão à espreita para as oficinas.

Este importante evento que a ANECRA realiza pela 17ª vez, começou com os responsáveis desta associação a dar destaque ao facto de terem chegado aos 3.600 associados.

Roberto Gaspar, Secretário Geral da ANECRA, fez uma análise do parque circulante, mostrando que mesmo aumentou de mais de 4,5 milhões de carros (em 2020) para mais de 4,9 milhões em 2023, o que significa mais negócio para as oficinas, atendendo que esse parque tem muito a ver com as importações de usados.

Quanto a dados do pós-venda, recorrendo à GIPA, Roberto Gaspar falou dos preços da mão-de-obra, que nos concessionários está nos 49,1 euros em média, enquanto nas oficinas independentes chega aos 29,1 euros, 28,7 euros nas oficinas de pneus, 33,6 euros nos autocentros e, por último nas oficinas de chapa e pintura está nos 31,8 Euros. “Pensamos que aqui existe algum trabalho a fazer ao nível do valor da mão-de-obra em Portugal, atendendo ao desenvolvimento tecnológico que o automóvel vai ter o que obrigará a mais conhecimento técnico das oficinas”, disse Roberto Gaspar.

Pedro Nuno Ferreira, Head of Automotive Business do CETELEM BNP Paribas, falou do caminho da sustentabilidade que o setor automóvel está a atravessar, começando por dizer que “o sector da mobilidade está numa encruzilhada industrial, regulatória, financeira, de distribuição, da tipologia de clientes, do multicanal e do omnicanal, da organização dos apos venda, report ESG, greenwashing, etc”.

Para este responsável, que está um pouco contra corrente em relação a diversos temas da transição tecnológica no setor automóvel, sendo contra o fim regulatório dos diesel e da dita transição da posse para a mera utilização, diz que as oficinas tem que aproveitar melhor todas as oportunidades de transformar essas mesmas oportunidades em mais negócio, por exemplo, através da venda de seguros, extensões de garantia, crédtio, etc.

Filipe Teixeira, Diretor de Projetos da ANECRA/SERVINECRA, falou sobre o SERMI e sobre a necessidade das empresas (oficinas) terem acesso ao certificado SERMI, nomeadamente aquelas que trabalhem sob sistemas anti-roubo dos automóveis. Para já o SERMI não estará disponível para quem faz transformações de automóveis (vulgo tuning).

Hugo Branquinho, VP Digital Solutions da EQS GLOBAL / KIWA, que representa aquela que é neste momento a única empresa de certificação SERMI, demonstrou todos os passos para obter a certificação SERMI.

“Futuro do Setor da Colisão” foi o tema abordado por Carlos López (Launch), profissional que falou dos sistemas ADAS, a sinistralidade, o custo médio da reparação, o custo médio de reparação dos VEH e o impacto da inteligência artificial no negócio.

Sobre os custos de reparação entre os veículos elétricos e os veículos a combustão, Carlos López diz que são muitos maiores nos elétricos, “pelo menos neste momento e assim será nos próximos anos”, mas para as oficinas prestarem estes serviços terão que se especializar, fazendo investimentos em formação e equipamentos.

O tema Peças Verdes e da Economia Circular foi abordado por Daniel Dias, CEO da Atena Software. Começou por anunciar as vantagens de utilização de uma peça verde, que passam por ser uma peça original de fabricante (Usada VS IAM), por permitir a redução da pegada ambiental, por ser mais económica e pela dificuldade de acesso cada vez maior a stock de peças OE. Daniel Dias falou que as seguradoras precisam de garantir que grande parte das reparações dos sinistros possam ser realizadas com recurso à peça verde (responsabilidade ambiental) e que os fabricantes auto terão que apostar cada vez mais na economia circular.

No final do evento foi realizado um painel onde estiveram presentes Pedro Soares, Diretor Comercial Standvirtual / Olx MOTORS, Artur Teixeira, Administrador do Grupo YesCar, Ricardo Simões, COO da Midas, Luís Santos, Diretor Geral da Impoeste e Vitor Pereira, Presidente da ANCAV.

O primeiro tema foi a falta de mão-de-obra, dizendo Ricardo Simões que isso não é grande problema para a Midas, embora seja problema a retenção dos profissionais. Já Artur Teixeira, referiu ser um enorme problema para as suas oficinas, que obrigou este profissional a ir buscar técnicos a diversas geografias do mundo (África e América do Sul, por exemplo), nomeadamente para as áreas da colisão onde não existem de todo profissionais suficientes para a oferta disponível.

Para Luís Santos, os grandes problemas de recrutar profissionais para o setor da colisão, estão na falta de notoriedade da profissão, na baixa remuneração e na necessidade de aumentar a produtividade. Luís Santos falou ainda da enorme dificuldade na construção do custo da mão-de-obra que as oficinas ainda hoje têm, e que acaba por fazer com que as oficinas descurem esse importantíssimo pormenor hoje em dia.

Sobre a reparação dos veículos elétricos, Artur Teixeira disse que hoje em dia isso já é uma enorme de realidade nas suas oficinas, o que está a mudar bastante o paradigma das oficinas em geral, e que no Grupo YesCar já se fazem reparações de baterias e que em breve vai existir na empresa uma unidade especifica de reparação de baterias.

Ricardo Simões disse que o caminho da manutenção e reparação de elétricos não terá já retorno, que vão existir enormes oportunidades para agarrar a este nível, que permitirá também aumentar os valores de mão-de-obra.

Sobre a economia circular e as peças verdes, Pedro Soares falou da experiência do OLX, dizendo que é das poucas unidades (a das peças) que tem uma equipa comercial e que pretende avançar para uma ainda maior credibilização das peças “usadas”.

Vitor Pereira, Presidente da ANCAV, falou do desenvolvimento do projeto Peças verdes, afirmando que rapidamente a ANCAV precisava que o mercado tivesse que evoluir para uma certificação, de modo a distinguir a proveniência da peça. Assim, a Peça Verde é uma peça cujo desmantelamento obedece a critérios ambientais e técnicos, para garantir que a mesma possa ser montada em qualquer automóvel.

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