Decorreu em Aveiro, o Encontro Nacional do Pós-Venda Automóvel da ARAN, sob o tema: “O Futuro é Hoje”. Com a presença de muitas oficinas independentes, este evento ficou marcado pela discussão sobre temas do dia-a-dia das oficinas.
As primeiras apresentações estiveram a cargo de Enrique Fontán do CETRAA e Guillermo de Llera, da IF4, que abordaram a realidade do negócio oficinal em Espanha e em Portugal.
Um dos temas abordados por Enrique Fontán foi o grave problema da posição dominante das companhias de seguros sobre as oficinas, pelas práticas e abuso de poder sobre as mesmas (com forte impacto na rentabilidade das oficinas), o que levou o CETRAA a tomar um conjunto de iniciativas, inclusivamente ao nível da Comissão Europeia, que começam agora a dar os seus frutos.
Já Guillermo de Llera, da IF4 abordou o mercado oficinal pela perspetiva estatística, revelando que Lisboa, Porto e Braga têm metade das oficinas em Portugal, sendo que a oficina média fatura cerca de 240 mil euros (sendo que a mediana fatura cerca de 150 mil euros). Disse ainda, que em Portugal o setor das oficinas emprega cerca de 30.000 trabalhadores.
José Crespo, formador da T-Academy, falou dos desafios e oportunidades dos carros elétricos, revelando que para as oficinas independentes não é um “bicho de sete cabeças”. Disse que é importante as oficinas investirem em formação nesta área, já que os veículos elétricos vão começar a dar muito serviço às oficinas, tendo em conta o crescente número de veículos elétricos existentes.
“A Experiência do Cliente” foi a apresentação feita por David Carreto, CEO da oficina Carreto´s. Este profissional das oficinas disse que “nós cuidamos da vida das pessoas e por isso devemos estar preocupados com a expetativa do cliente quando vem à oficina”.
Na iniciativa “Oficinas à Conversa” Tiago Rocha, da oficina Tiagorochaauto e Nuno Godinho Lopes, da Keymaster, falaram sobre a importância das oficinas se focaram na rentabilidade dos seus negócios. “Ninguém tem uma oficina por desporto, todos procuramos a rentabilidade”, disse Tiago Rocha, que de seguida fez uma longa exposição das vantagens de gerir o negócio oficinal.
Nuno Godinho Lopes, também gerente de uma oficina, explicou as razões pela qual criou o Keymaster, um software que substitui a folha de obra em papel pela folha de obra digital. “Procurei desenvolver algo que me pudesse dar informação, a todo o momento, da realidade da minha oficina”.
Paulo Santos, diretor da Tirso Pneus, vez uma apresentação do Grupo Soledad, onde a Tirso Pneus se inclui, tendo destacado as principais marcas representadas, mas também o serviço que efetua, com até seis entregas por dia aos clientes em 24 horas. Paulo Santos destacou ainda o pneu verde, que mais não é do que um pneu reconstruído, dispondo a Tirso Pneus uma oferta alargada desde o ligeiro, passando pelo 4×4 até ao camião.
Marco Araújo, responsável pela delegação do CEPRA no norte de Portugal, fez a apresentação do tema “Levamos a formação até si”, iniciando o seu discurso apresentando a extensa oferta formativa do CEPRA. Foi focado o tipo de formação que fazem, os meios que dispõe e onde podem levar a formação (basicamente a todo o país), dizendo Marco Araújo que o CEPRA tem um nível de empregabilidade dos seus formandos de 88%. O responsável do CEPRA falou ainda da crescente importância dos cursos de formação em veículos elétricos e híbridos.
A intervenção seguinte foi de Miguel Melo, diretor da MCoutinho Peças, começou por fazer uma pequena apresentação do negócio pós-venda, revelando o papel das oficinas independentes na economia, na segurança rodoviária e na mobilidade.
Num mercado de peças em Portugal onde existe muita concorrência, mas que está em grande mudança, o papel do distribuidor de peças é cada vez mais importante, no sentido de proporcionar maior rentabilidade às oficinas.
Miguel Melo focou a sua apresentação no desenvolvimento digital do negócio, falando da oferta que a empresa tem. Para além de o lançamento de um novo portal (já na próxima segunda feira), destaque para também para o Call OPS (uma ferramenta de atendimento ao cliente profissional), que otimiza o atendimento ao cliente.
Como desafios e soluções, a MCoutinho Peças foca-se na proximidade (sentir as ameaças e oportunidades), na ação (agarrar as ameaças e as oportunidades) e na transformação (através da inovação).
Sobre o futuro da distribuição nas peças, Miguel Melo diz que ninguém o pode saber tendo em conta as grandes mudanças e disrupções que estão a acontecer no setor. A mobilidade, os veículos elétricos e a conetividade vão impactar muito o negócio das peças.
No entender deste responsável, a transformação digital vai levar a que o processo de compra será cada vez mais self-service, vai ter que haver mais eficiência operacional (armazéns e transportes) e terá que existir uma maior redução do impacto ambiental.
Virgílio Silva, da ARAN falou sobre o desenvolvimento do SERMI em Portugal. Através do SERMI foi elaborado um esquema de acreditação harmonizado pan-europeu e uma arquitetura de todo o processo de transmissão de informação, para ajudar os operadores independentes a reparar veículos de maneira segura, se isso envolver peças e programação relacionadas como a segurança do veículo (sistemas anti-roubo). Ainda estamos numa fase inicial de implementação do SERMI em Portugal, mas Virgílio Silva mostrou como funciona esta certificação, para a qual ainda existem algumas interrogações.
Neste Encontro do ARAN, foi também apresentada a Leaseway Portugal. Pedro Domingos, Responsável de Desenvolvimento de Negócios da Leaseway, apresentou a empresa que mais não é do que uma empresa de renting automóvel especializada no segmento oficinal, isto é, proporciona às oficinas a possibilidade de oferecem aos seus clientes finais viaturas de substituição. Trata-se, portanto, de um novo conceito de viatura de cortesia, que apresenta como vantagens para as oficinas uma melhor imagem (da oficina), uma maior satisfação do cliente, garante a mobilidade do cliente e ainda faz uma maior retenção de trabalhos oficinais.
Na parte final do evento, a ARAN apresentou alguns dos seus serviços para os associados ao nível da formação, segurança e higiene no trabalho, mas também ao nível do ambiente.
O evento terminou com uma iniciativa da Codifis, através do seu serviço Cofidis Pay, que permite fracionar o pagamento do seus serviços para o clientes das oficinas. Carla Monteiro, responsável comercial explicou que se trata de uma solução de factoring (cedências de faturas), em que o risco de incumprimento fica para a Cofidis, sendo que para a oficina não existe risco, já que recebe o pagamento em 24 horas.