A dimensão da frota de camiões e de semirreboques da Patinter, que é só das maiores empresas de transportes de Portugal, faz com que este operador seja provavelmente o cliente que todo o fornecedor de pós-venda sonha em trabalhar.
TEXTO PAULO HOMEM
Os números falam por si. São mais de 1100 camiões e mais de 1200 semirreboques. Esta empresa 100% portuguesa transporta para mais de 20 países com a sua frota, através das suas diversas plataformas em Portugal e na Europa, com serviços de transporte, distribuição e logística em todo o território europeu. Ao todo são mais de 1500 colaboradores, a grande maioria motoristas (com cerca de 15 nacionalidades), o que diz bem da dimensão da empresa.
Esta reportagem à Patinter ficou desde logo “bem” marcada, atendendo a que a empresa tem na receção um quadro eletrónico, de um dos seus fornecedores de gestão de frota, onde podemos acompanhar em tempo real tudo o que se está a passar com os camiões. Alguns dos dados que são possíveis observar dizem respeito à quilometragem média da frota, ao consumo de combustível médio por camião, passando por outra informação relevante que impressiona pela dimensão dos números. Uma empresa como esta encontra-se em permanente “estado de alerta” em relação aos seus camiões, até porque é perfeitamente natural (pela dimensão da frota) que existam diversas ocorrências diárias com as mesmas.
Porém, a Patinter tem vindo a tomar uma série de decisões estratégicas, de modo a reduzir ao máximo o número de paragens não programadas dos seus veículos (especialmente aquelas que derivam de avarias, colisões, furos ou outras ocorrências) que passam pela idade média da frota (de três anos apenas, com efeitos na redução dos consumos e na redução da pegada ambiental, visto a grande maioria dos camiões usar tecnologia Euro 5 e Euro 6), mas também por uma política de manutenção e reparação de frota muito rigorosa.
Este foi precisamente o tema que nos levou à Patinter, para conhecer qual a estratégia desta empresa de Mangualde ao nível da manutenção e reparação da sua imensa frota de veículos. A primeira conclusão, depois do que vimos e ouvimos, é que a Patinter faz internamente quase a totalidade da manutenção e reparação da sua frotas de camiões e semirreboques, possuindo todas as valências técnicas para o efeito, mas também todos os recursos (humanos e materiais) para o efeito.
Há pouco mais de quatro meses como coordenador do setor oficinal da Patinter, Jorge Farias é um profissional com larga experiência no setor pós-venda, que agora tem por missão tornar ainda mais operacional toda a vasta área oficinal da empresa, onde trabalham 40 técnicos!!! Foi ele um dos nossos interlocutores, nesta reportagem às oficinas desta empresa da região do Dão.
Internamente a Patinter desenvolve praticamente todas as operações técnicas ao nível da mecânica, diagnóstico, eletricidade, serralharia, colisão, pintura, vidros, lavagens e pneus, embora esta área seja subcontratada (na qual trabalham três pessoas) sendo a gestão totalmente realizada pela Patinter, dispondo inclusivamente de stock interno.
A política da Patinter foi sempre a de realizar a manutenção preventiva da sua frota que tinha como objetivos uma questão financeira (redução de custos) mas também a questão operacional, isto é, ter sempre a frota disponível para efetuar o transporte da mercadoria dos clientes com o máximo de segurança.
A Patinter tem poucos contratos de manutenção (estando os atuais a terminar), sendo intenção da empresa não continuar com os mesmos para que “a manutenção de toda a frota passe a ser realizada internamente” diz Jorge Farias, revelando que “se trata de um enorme desafio interno”.
Esta estratégia, até um pouco contrária à tendência do mercado, entende-se à luz da dimensão da frota existente e dos recursos disponíveis, estando a Patinter a realizar importantes investimentos que visam melhorar ainda mais a operacionalidade de toda a secção ligada à manutenção e reparação. O facto de operacionalmente gerir as duas oficinas (de mecânica e de colisão) e de ser também o responsável pela gestão do parque, vai permitir a Jorge Farias (e a toda a sua equipa) atingir uma eficiência maior.
“A gestão integrada destes três fatores é essencial quando se pretende atingir a máxima eficiência, pois só desta forma sabemos preventivamente onde estão os problemas e dessa forma permite-nos agir de imediato”, revela o mesmo responsável. Para efetuar esta gestão integrada, a Patinter utiliza dois softwares que se complementam, um para a gestão operacional da frota e outro para a gestão oficinal. Tratam-se de soluções informáticas que, segundo determinados KPI de desempenho, permite à Patinter uma análise mais precisa quer do desempenho dos profissionais quer da frota em si. A empresa tem assim ao seu dispor um larguíssimo volume de informação técnica (em ambiente real), que utiliza não só para tornar mais eficiente a manutenção dos seus veículos, como para analisar sobre o desempenho de certos componentes e peças, fazendo chegar essa informação mesmo às marcas dos veículos pesados, quando esse desempenho não está conforme o esperado.
Um dos grandes desafios que existe nas oficinas da Patinter é a diversidade da frota existente. Por exemplo, a Patinter utiliza cinco marcas de veículos pesados, sendo a mais representativa a Renault, depois a DAF, MAN, Mercedes e Volvo. “É muito bom trabalhar com várias marcas, pois face ao volume que temos e ao software que usamos, permite-nos ter uma boa avaliação de cada camião, que depois se reflete também nas compras futuras de novos camiões, sendo este um fator de análise, neste caso do ponto de vista técnico”, refere Jorge Farias.
A idade média da frota da Patinter (de três anos), permite que grande parte dos veículos sejam muito recentes e, por isso, sejam intervencionados ainda em garantia. Todos esses veículos em garantia são intervencionados na oficina da Patinter, mas com conhecimento e informação da marca, porém se houver algum problema mais grave, nesse caso haverá intervenção do pós venda das marcas. Nesta fase são sempre utilizadas peças originais na manutenção, mas fora da garantia a política não se altera muito, sendo a opção por marcas de peças que estejam representadas no primeiro equipamento. Trabalhando com diversos fornecedores, todas as peças são entregues diretamente nas oficinas da Patinter, estando a empresa a melhorar um softwareque lhes permita fazer uma avaliação ainda mais rigorosa entre as peças originais e as peças de qualidade equivalente. “A nossa ideia é maximizar esta questão das peças dentro de portas, de modo a sermos mais rigorosos e mais eficientes, obtendo algumas economias de escala por via do volume que temos, já que as peças representam um importante custo para a empresa”, explica o mesmo responsável.
Trabalhando tecnicamente com cinco marcas de pesados e uma maior diversidade de
modelos, a Patinter tem investido em formação para os seus técnicos, mas dentro do processo de melhoria que a empresa pretende introduzir ao nível da manutenção, esta será uma área onde a empresa pretende investir, sendo que as marcas de pesados têm e terão também um papel a desempenhar ao nível da formação. “Nesta fase estamos a estudar qual será o nosso parceiro de formação, para que possamos ter um ritmo mais constante no plano formativo”, refere Jorge Farias, que revela que também é feita muita formação internamente.
Para se ter uma noção do volume de trabalho que existe nas oficinas (incluindo todas as áreas ) da Patinter, por dia, são abertas entre 30 a 50 folhas de obra. Todos os veículos entram por uma zona de diagnóstico, onde é feita uma folha de obra, sendo depois direcionado para o ou os serviços que terá de efetuar, sendo depois registadas todas as operações realizadas, seja para uma manutenção programada ou não programada. “Esta é uma forma de garantirmos que o camião está em conformidade e pronto para fazer a sua função e nos permite depois controlar tudo aquilo que se fez e se colocou no veículo”, explica Jorge Farias.
Na oficina de mecânica são realizadas todo o tipo de operações, desde uma simples troca de filtros até à mais complexa reparação de uma caixa de velocidades ou de um motor, tendo em conta que a Patinter tem pessoal especializado para tal, assim como recursos técnicos.
Na enorme unidade de chapa e pintura, onde se inclui a secção de serralharia, a Patinter faz também toda a tipologia de serviços, que passam por uma reparação ou substituição de uma lona ou de um vidro, como também a preparação e pintura parcial ou total do veículo. Um dos recentes investimentos foi num equipamento de reparação de vidros, que se justifica atendendo ao volume de vidros para reparar, mas também ao tempo que se perdia na deslocação do pesadoaté ao prestador deste serviço, com os consequentes custos, como também ao facto de o camião ficar disponível muito mais rapidamente para o serviço.
A secção de pintura possui excelentes meios técnicos (estufa, zona de preparação, etc.), com recursos humanos muitos experientes, tendo o suporte de fornecedores de referência (Glasurit), pois também nesta secção a qualidade do serviço é um imperativo. Existem ainda duas zonas de lavagem, afirmando Jorge Farias, que “é norma da Patinter que qualquer camião que saia das nossas instalações tem que ter uma imagem cuidada e forte”.
Quanto aos pneus, a Patinter trabalha unicamente com três marcas premium (Continental, Michelin e Bridgestone, para além dos pneus recauchutados, numa pareceria estabelecida há 20 anos com um parceiro), sendo a gestão feita internamente, embora a operacionalização seja realizada por terceiros. “A nossa estratégia de troca de pneus assenta nas marcas premium. Depois recauchutamos os pneus uma vez, sendo estes usados para funções específicas”, refere o responsável da Patinter, dizendo que existem procedimentos definidos para fazer “check” aos pneus, sempre que um veículo entra para efetuar o diagnóstico.
De qualquer forma é ao motorista que compete fazer a manutenção das pressões dos pneus, não tendo a Patinter qualquer controlo eletrónico de gestão dos pneus. Refira-se que para dar suporte a toda a frota que tenha um problema fora de portas, a Patinter possui também quatro veículos de assistência 24 horas, também eles equipados e preparados para efetuar diversas intervenções.
Na Patinter está tudo programado e definido ao nível da política e manutenção e reparação da frota, não esquecendo que a aferição de tacógrafos é feita também internamente, existindo o desígnio (que é permamente) de tornar este setor da empresa ainda mais eficiente.
Patinter
Mangualde
Jorge Farias
geral@patinter.net
232 620 200
www.patinter.com/pt
Artigo publicado na Revista Pós-Venda Pesados n.º 23 de agosto/setembro de 2019. Consulte aqui a edição.