Em 17 anos de atividade, a PDAuto tem vindo a adaptar-se à evolução do mercado. Um dos muitos exemplos é a integração na RedeInnov, outro é a abertura de novas filiais, que pretendem reforçar a presença junto dos seus clientes, e ainda, sem esquecer, a aposta na formação contínua dos seus parceiros, com destaque para o recente projeto PDAcademia. Paulo Silva, Gerente da PDAuto, dá a conhecer os detalhes da atividade desta empresa, que aposta num serviço cada vez mais abrangente aos seus clientes e com uma dinâmica como poucos retalhistas de peças têm em Portugal.
Como é que atualmente se pode definir a PDAuto? É um retalhista de peças tradicional?
Atualmente vemos a PDAuto, não como retalhista de peças, mas como um retalhista de serviços. Porque, neste momento, temos uma solução para quase tudo o que as oficinas necessitam. O modelo antigo era o fabricante, o importador, o retalhista e a oficina. Mas hoje não existe isso, mas sim um serviço de conta-corrente que prestamos aos nossos clientes. Disponibilizamos todas as alternativas para os podermos servir cada vez mais e melhor, tendo para isso condições de compra vantajosas, que obtivemos com a integração na RedeInnov, e podemos ser competitivos numa vasta gama de serviços. E aqui há uma progressão de um retalhista tradicional para um retalhista de serviços.
Como analisa a posição que certos grossistas estão a assumir em determinadas regiões?
As empresas que se adaptam às mudanças e estão mais organizadas são as que têm futuro. O importante é trabalharmos de forma séria e correta, e os nossos clientes estarem bem servidos, com a qualidade que lhes proporcionamos. Os importadores estão a fazer o caminho inverso do que nós como retalhistas estamos, ao estarem cada vez mais próximos do cliente final. Hoje em dia estamos numa fase de agregação em grupos, mas é algo cíclico. Mas mais importante do que isso, é a organização interna de qualquer empresa que queira um futuro de sucesso. Nós, retalhistas, não compramos a retalhistas, mas aos importadores. E os importadores não assumem isto, mas é uma realidade. Porque os clientes não são de ninguém, mas do mercado e das oportunidades que criamos. O importante é termos a melhor estratégia e o melhor serviço, aliados à melhor forma como tratamos os processos internos para cada referência.
Como é que um retalhista, como a PDAuto, se tem vindo a preparar para este encurtar de relação entre a marca e a oficina?
A Internet trouxe um mundo novo. Hoje em dia, os consumidores querem as marcas que vêm nas redes sociais e em outras plataformas. O primeiro vendedor é a oficina, que é o prescritor da peça ou do serviço. E nós ajudamos as oficinas a crescerem connosco. Aqui se inclui também a formação. Atualmente, as pessoas já frequentam uma formação com intenção de aprender, ao contrário de há alguns anos. E as formações que disponibilizamos têm conteúdo, abordam temas recentes, do dia a dia das oficinas. A formação é fundamental para o funcionamento a longo prazo das oficinas. Quem quer evoluir está presente nas formações, pois percebe que as formações com conteúdo são muito importantes.
Inauguraram recentemente a vossa academia de formação. O que motivou à criação deste centro?
A PDAcademia foi montada com o intuito de termos a nossa casa própria para a formação, que antes era feita nos nossos clientes. Percebemos que ao, darmos este passo, temos tudo para garantir um futuro com sucesso. Na PDAcademia realizamos as nossas formações, com a nossa visão e com o objetivo é aproveitar os jovens formados com qualidade para estágios nas oficinas nossas clientes. Esta é uma forma de colmatarmos o problema de falta de mão-de-obra. Ao fazermos isto, os jovens interagem com as oficinas e depois, ao chegarem ao mercado de trabalho, já estão melhor preparados para fazer um trabalho completo. Temos todos os equipamentos para que saiam da academia como bons mecânicos. Além disso, a academia faz também formações em horário pós-laboral, algumas em formato presencial e outras online. Temos ainda uma terceira vertente, com as marcas, em que as formações funcionam como uma forma de aproximarmos as marcas do nosso cliente. Se não evoluirmos na questão da formação, o cliente que quer crescer vai procurar a formação a outro local. Queremos oficinas de qualidade connosco, e, por isso, prestamos este serviço.
O que representa para a PDAuto a presença na Redeinnov?
A integração na RedeInnov foi feita em 2014. O capítulo RedeInnov foi o início da transformação no mercado nacional das peças, passando-se do importador para o retalhista. Isto no início foi uma forma de atuarmos contra o facto de os importadores irem diretamente à oficina. O que fazemos já existe em Espanha há muitos anos. Faz sentido procurarmos cada vez mais os fabricantes, porque juntos somos mais fortes. Temos de comprar bem, para vender bem, e mantermos as nossas estruturas saudáveis. Para manter o nosso serviço temos de estar ligados aos fabricantes, é a única forma de sermos agressivos no mercado. Em Portugal, neste momento, os fundos de investimento estão a comprar empresas sólidas, que são compradas para serem vendidas. Temos uma realidade, os fabricantes se defendem pela concorrência que têm entre eles, dando o melhor serviço a quem compra. Mas ver um fabricante a fazer, no futuro, todo o trabalho até ao contacto com a oficina, acho demasiado, do ponto de vista logístico, mas é uma possibilidade. A oficina precisa de serviços, não só da marca. Apesar de as marcas hoje em dia já proporcionarem muito conteúdo e apoio técnico. Mas o negócio é humano e, no nosso mercado, a parte humana tem ainda um peso muito importante.
Como analisa o crescimento dos grupos de retalho nas peças?
É uma realidade grande em Espanha e a crescer em Portugal. Mas é preciso saber estar num grupo, pois tem vantagens e desvantagens. Muitas empresas mais pequenas não têm condições para estar num grupo. As empresas querem juntar-se a um grupo, porque há o medo das mudanças no mercado, com a eletrificação, etc., mas nem sempre é a decisão certa para uma determinada empresa. E isto vai fazendo o mercado mexer. O grupo faz-nos falta para chegarmos ao fabricante, mas, se quisermos ser apenas um retalhista que vende por preço, não faz sentido estarmos num grupo. O mercado muda e temos de estar preparados para a mudança
A PDAuto, se não tivesse passado pela integração na RedeInnov, teria um crescimento natural na mesma, pelo trabalho que fazemos junto das oficinas. Talvez demorássemos mais a chegar aos fabricantes. Mas os fabricantes hoje já nos procuram, pela proximidade que existe hoje em dia, com a ajuda da Internet. A proximidade é tão grande, que as próprias marcas sentem necessidade de estarem mais perto do mercado.
A PD Auto dinamiza diversos conceitos oficinais. É importante para um
retalhista dinamizar conceitos oficinais?
Sim. Estamos com clientes novos e a dar continuidade a este projeto. O conceito GRO é um serviço que damos às oficinas de menor dimensão, como uma forma de fidelizar o cliente à marca. É um serviço que prestamos, dando também uma boa imagem às oficinas. Estamos a fazer o mesmo com a Total, em que já temos algumas oficinas dinamizadas com a marca. Tal como os grupos de retalhistas, as oficinas também têm de olhar por elas próprias e juntar-se em grupos para se organizarem, serem competitivas e enfrentarem as mudanças do mercado. Vão também começar a promover a rede de oficinas CGA Car Service, fruto do acordo da Redeinnov com a CGA… A oficina procura serviços, não quer ficar para trás. A oficina quer o seu nome, mas quer estar associada a um grupo. A CGA é mais do que um conceito oficinal, é um conjunto de soluções para as oficinas, que inclui produtos e serviços. É mais um serviço que podemos dar às oficinas.
De todos os argumentos que os retalhistas usam para cativar o cliente oficinal, qual é aquele que tem mais impacto para a PDAuto? É o preço?
Não é apenas um fator, mas um conjunto de sinergias que, à medida que vamos crescendo, vamos conseguindo proporcionar ao cliente. Temos de perceber o que precisamos, e adicionar. Vestimos marcas e dizemos ao cliente que aquele é o nosso preço e o nosso serviço. Logicamente que temos de ter preço, mas não podemos ir atrás dos preços da concorrência. Não procuramos o mais barato, procuramos qualidade e serviço.
Alguns retalhistas nacionais têm vindo a abdicar do balcão em detrimento da
distribuição. Acha que é uma tendência?
Na PDAuto trabalhamos bem o balcão, onde existe uma transição do cliente empresarial para o cliente final. Temos duas pessoas no balcão, mas o nosso preço de balcão é diferente do preço para a oficina. Porque queremos defender o nosso cliente. Temos de ter balcão porque temos aqui a concorrência nas proximidades e, se o cliente não tem o nosso balcão, vai procurar noutro local.
A PDAuto já tem website B2B?
Vamos ter uma solução em breve. É algo que nos faz muita falta e é muito importante, porque há hoje uma tipologia de clientes que prefere a plataforma.
Tendo o retalho uma ligação de proximidade tão grande com as oficinas, que análise faz do desenvolvimento técnico das oficinas independentes com as quais trabalha?
Na PDAuto procuramos apenas os melhores clientes, e esses são os que nos ajudam a crescer e que nós ajudamos a crescer. As oficinas que não querem investir e crescer não nos interessam como clientes, pois ficam obsoletas. Penso que, hoje em dia, o diagnóstico é fundamental. Uma máquina de diagnóstico com três ou quatro anos está obsoleta, e é algo que precisa de muito apoio. Para apoiarmos as oficinas neste crescimento, não basta fazermos a venda. O pós-venda é fundamental, para qualquer referência de qualquer artigo.
A PDAuto pretende abrir novas filiais?
Além das instalações em Braga, temos uma filial desde 2018 em Barcelos com uma equipa de cinco pessoas e, em breve, vamos abrir novas localizações. Há uma contínua aposta na proximidade com o cliente da oficina. As entregas com marcação, duas entregas de manhã e mais duas à tarde, num centro urbano, são algo difícil, porque o cliente não espera. Um dos nossos segredos é fazer com que a peça seja entregue o mais rapidamente possível na oficina.
No seu entender, quais são os principais desafios que um retalhista como a PDAuto
enfrenta a médio prazo?
A eletrificação que, no caso dos grandes centros urbanos, faz sentido, para uma mobilidade mais limpa. Mas os carros elétricos também precisam de peças e de atualizações de software. Não temos de ter medo desta transição, temos é de acompanhar e saber o que estamos a fazer. Vão existir mudanças e temos de estar preparados. Há peças que desaparecem, mas haverá outras que serão necessárias.