A edição de setembro de 2023 da REVISTA PÓS-VENDA contou com um dossier sobre redes de vidro auto. A Carglass deu o seu contributo para este trabalho e Virgínia Martins explicou-nos alguns pormenores sobre o funcionamento da rede.

Qual o ponto de situação atual da vossa rede?

A rede atual Carglass cobre todo o território nacional, incluindo Madeira e Açores, e é composta por cerca de 100 Centros Operacionais, incluindo carrinhas móveis.

Qual o número de lojas (total, incluindo lojas próprias + lojas independentes) que a rede possui atualmente?

Com uma rede própria de mais de 60 agências e um serviço móvel com mais de 30 viaturas, a Carglass garante total assistência onde quer que o cliente esteja.

Qual tem sido o crescimento da substituição vs. reparação de vidros nos últimos anos?

Vemos os clientes cada vez mais sensíveis à questão da sustentabilidade. Promovemos um framework de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, que visa educar nosso consumidor e mostrar como a Reparação é menos danosa ao meio ambiente. O aumento tem sido significativo, com ainda mais potencial de crescimento.

Qual / quais as razões que têm tornado tão lenta a transição da substituição para a reparação do vidro?

Temos tido bastante sucesso em converter para a reparação, pois possuímos ferramentas de última geração que são comprovadamente seguras. Dito isso, a decisão final é do cliente. Procuramos educar sobre a importância da Reparação em termos de sustentabilidade, mas deixamos que a escolha seja de cada um.

O serviço ADAS está disponível em todas as lojas?

Todas as nossas agências estão equipadas para realizar a calibração ADAS. Possuímos tecnologia ponta de lança Bosch e temos capacidade de efetuar diagnóstico nos veículos mais modernos do mercado. Muitas viaturas novas estão equipadas com algum tipo de sistema ADAS. Alguns dos sensores do sistema podem ser conectados ao para-brisas, tais como câmaras de alerta de colisão dianteira, alerta de saída de faixa de rodagem, etc. Os sensores/câmaras no “para-brisa” funcionam com outros sensores localizados em redor da viatura para fornecer informações ao computador de bordo e ao condutor. Se um sensor estiver fora de calibração, ele pode fazer com que outros sensores nessa matriz não funcionem conforme o pretendido pelo fabricante. Dessa forma, ter a capacidade de recalibrar sensores e/ou câmaras é essencial para poder efetuar uma substituição do para-brisas e a viatura e seu condutor poderem circular com todos os sistemas repostos e a funcionar corretamente. Como tal, será correto concluirmos que os sistemas ADAS e as novas tecnologias de condução autónoma têm um impacto
colossal no setor.

Que outros serviços adicionais dinamizam através da vossa rede?

Para além dos serviços de reparação e substituição de qualquer vidro automóvel e da calibração do sistema ADAS, a Carglass também disponibiliza em toda a sua rede os serviços de polimento de faróis, higienização do habitáculo e das condutas de ar, substituição de escovas limpa para-brisas e/ou oculo traseiro e aplicação de produto provisório na quebra de um vidro lateral ou oculo traseiro, inexistindo stock imediato.

Depois da pandemia, que novos fatores têm tido impacto neste negócio? Tem havido problemas no abastecimento de vidro auto?

“A pandemia criou disrupção em praticamente todos os negócios. No nosso segmento não foi diferente. Soma-se a isso o aumento dos custos de transporte e energia, assim como a elevação da inflação. Isso acaba por provocar uma alteração das cadeias de abastecimento. O gupo Belron antecipou-se a isso a fim de mitigar o problema. Possuímos o maior armazém de vidros da Europa, localizado na cidade de Bilzen, na Bélgica. Nossa estrutura logística é impecável e garante que o vidro chegue as nossas agências em tempos curtíssimos. Em alguns casos, um dia depois de solicitado.Um outro fator afetado pela pandemia é a necessidade de urgência que nosso cliente tem. Com a logística que temos, garantimos reposição rápida de quase todos os vidros”.

Opinião sobe a evolução do negócio de vidro automóvel em Portugal?

“Os dias de substituir um para-brisas pelo procedimento rudimentar de simplesmente remover o vidro estão obsoletos. Este processo, em tempos simples, deve agora ser responsável por vários sistemas avançados de assistência ao motorista. E esses sistemas dependem da posição e integridade dos para-brisas. Além disso, sensores integrados, monitores e suportes de montagem de câmara também afetam o procedimento de reparação ou substituição. Essas complexidades adicionam mais responsabilidade e desafiam o nosso negócio a ter como colaboradores técnicos de substituição de para-brisas certificados. Substituir um para-brisas e garantir que a viatura e todos os seus sistemas estão a funcionar corretamente é, de fato, cada vez mais complexo. Outros desafios e tendências situam-se ao nível da logística, sendo necessária a resposta imediata quer técnica quer de produto, num quadro de constante inovação e rotação de produtos dos fabricantes automóveis; da tendência para a superfície de vidro nas viaturas ser cada vez maior, o que implica novos formatos e formas de acomodação”.

Que desafios a transição energética nos automóveis traz para o vosso setor?

A eletrificação dos automóveis tem sido acompanhada do aumento da sua superfície em vidro, sendo cada vez mais frequente a utilização de tetos panorâmicos, que, entre outras vantagens, pesam menos que os convencionais (reduzindo o consumo energético da viatura), mas cuja substituição é mais complexa que a de outros vidros. O aumento de sofisticação é, aliás,generalizado no nosso setor, que enfrenta cada vez mais desafios tecnológicos. É por isso que a competência técnica das nossas equipas é cada vez mais valorizada pelos clientes da  Glassdrive.

A sustentabilidade é um dos temas atuais do aftermarket. Que medidas têm sido tomadas nesse sentido pela vossa rede?

Mais do que reparar e substituir: fazer a diferença na sociedade. Esse é o mote da Carglass. Assumimos também a dianteira em matéria de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa. A Carglass pertence ao grupo Belron, líder mundial no sector, que possui um compromisso com a sustentabilidade que se traduz em metas claras. Em 2021, o grupo lançou o Belron Responsible Business Framework, uma estrutura de enquadramento que reúne todos os  aspetos de como entendemos que o grupo Belron deve fazer negócio de forma responsável. Foram estabelecidas prioridades no âmbito de Produtos e Serviços Sustentáveis, através da redução da produção de resíduos, da promoção da economia circular, da redução das emissões e de um Procurement Sustentável. No que toca à sustentabilidade ambiental, mais concretamente, a Belron traça ainda objetivos ambiciosos: reciclar 95% do vidro com que o grupo trabalha até 2025 e estabelecer uma meta com base científica para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, de acordo com a Science Based Target Iniciative – iniciativa conjunta, criada pelo CDP, ex Carbon Disclosure project, pelo United Nations Global Compact, pelo World Resources Institute (WRI) e pelo World Wildlife Fund (WWF) – até ao final de 2024.