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“Recomendamos às empresas começarem a trabalhar em iniciativas de sustentabilidade”, Javier Lorenzo, StepsBridge Associate Iberia

26 Agosto, 2024

O tema da sustentabilidade tem ganho grande relevância no aftermarket e já são muitas empresas a avançar com iniciativas sobre esse âmbito. Não se trata apenas de uma questão de moda, mas para muitas empresas é já uma obrigação.

Desenvolver uma atividade sustentável começa a ser o desígnio de muitas empresas do setor do aftermarket. Muitas outras ainda estão longe de o fazer e em toda a cadeia de abastecimento no aftermarket a sustentabilidade corre a diferentes velocidades. Javier Lorenzo é consultor da StepsBridge Associate Iberia, uma empresa especializada no setor auto, que tem vindo a trabalhar com algumas empresas do setor aftermarket e que aqui nos deixa uma breve visão sobre o tema.

Como é que os grandes operadores do IAM estão a trabalhar o tema da sustentabilidade?

Os grandes operadores IAM já têm pelo seu volume de negócios, departamentos específicos de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), estando por isso sensibilizados com o tema da sustentabilidade, dinamizando conteúdos e iniciativas sobre este tema. Não podemos esquecer que, por ação da União Europeia, quando a empresa tem mais de 250 trabalhadores e um volume de negócio de 40M€ ou 20M€ em ativos, estão obrigados a fazer um reporte de estado não financeiro e comunicar as ações que estão a fazer sobre ESG.

Quais as implicações operacionais, técnicas e estruturais que a sustentabilidade trará (ou traz) para os operadores IAM?

Como aconteceu em todo o sector de automóvel a descarbonização industrial e a crise energética fizeram com que as empresas passassem a realizar ações em matéria de redução das emissões do CO2 e, portanto, a nível operacional criaram iniciativas como a remanufaturação de materiais, “salvando” toneladas de matéria-prima, ou renovando as suas frotas com novos combustíveis como o GNL, outros como o GPL e atualmente vemos operadores de IAM que estão já a implementar viaturas elétricas. Com isto, não só reduzimos emissões, também reduzimos custos e melhora-se em termos de competitividade.

Trará o tema da sustentabilidade mais custos ao nível da produção e por consequência nas peças aftermarket?

É certo que a curto prazo, as empresas que estão na União Europeia poderão perder competitividade relativamente a incrementos de custos, já que as ações de sustentabilidade estão ainda muito em fase de arranque. Porém, a médio prazo poupará custos (a instalação de painéis solares numa fábrica ajuda a reduzir custos em eletricidade que podem ser transferidos para o custo da peça), o mesmo exemplo agora numa altura em que se quer promover a economia circular. Há muito que se vende em IAM aquilo que é um produto reconstruído e se gere os cores (cascos). Não é por isso que o reconstruído é mais caro do que um novo, antes pelo contrário!!!

Como é que um grossista de peças aftermarket pode trabalhar o tema da sustentabilidade?

Pode ser obrigatório, como falava antes tendo por base a lei, ou pode fazê-lo voluntariamente. A nova Directiva UE 2022/2264 (que substitui a atual Diretiva 2014/95 da EU) será aplicada nos próximos anos com base nas informações de sustentabilidade fornecidas pelas empresas nos seus relatórios, começando também a considerar que às empresas de menor dimensão podem tambémser exigidas ações ESG. É por isso que nós recomendamos às empresas a começar a  trabalhar em iniciativas deste género, que podem ser mais ou menos trabalhoso obviamente dependendo dos recursos humanos ou financeiros disponíveis. Mas é certo que este tipos de ações ESG vão chegar a todas as empresas. Só para dar um exemplo, em Espanha algumas administrações públicas estão a requerer ações ESG e mesmos relatórios de sustentabilidade às empresas para ganhar um concurso público. As empresas são avaliadas em função das suas ações ESG.

A Economia Circular (peças usadas) no aftermarket será um dos principais temas da sustentabilidade?

Como disse já, a colocação no mercado de cores (cascos) ou baterias de arranque como matéria-prima, já são iniciativas de Economia Circular conhecidas. Contudo, a minha resposta é sim, neste momento para a União Europeia a Economia Circular é um valor crítico, assim como a gestão de resíduos e o uso dos três Rs (reduzir, reutilizar ou reciclar). Para o aftermarket já temos fornecedores e grossistas que estão a desenvolver processos de economia circular praticamente a 100%.

O que podem os pequenos operadores de peças (retalhistas) fazer em prol da sustentabilidade? E as oficinas de automóveis?

Como parte do processo da cadeia de abastecimento, todos os operadores fazem parte e trabalham em prol da sustentabilidade. Relembro que as oficinas em matéria de ambiente já retiram o óleo usado do carro, e os pneus, as baterias e os plásticos já têm processos de desmantelamento do veículo sob controlo. Claramente que as empresas não vão todas à mesma velocidade. A sustentabilidade requer processos de gestão de resíduos, tratamentos do consumo de água, eficiência energética e emissões, e se avançarmos ainda mais com o conceito de sustentabilidade, a digitalização das oficinas também é uma ação sustentável. Todos nós sabemos que essa parte ainda tem muito caminho por percorrer!!!

STEPSBRIDGE

A StepsBridge é uma empresa internacional, com presença em diversos mercados a nível mundial, que se dedicada à consultoria, recorrendo a um conjunto de especialistas no setor automóvel. A empresa possui uma forte experiência em vendas, marketing e desenvolvimento de negócios em todas as principais regiões do setor automóvel, além de uma profunda rede de contatos e parceiros. Os principais serviços passam por projetos de internacionalização, pesquisa de mercado, plano de negócios, workshop´s e seminários e ainda estratégias de desenvolvimento diversas. Uma das áreas em que tem apostado tem sido na sustentabilidade das empresas do setor automóvel, incluindo as empresas do aftermarket. Mais informações sobre a StepsBridge em www.stepsbridge.com.

Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 95, de agosto de 2023. Consulte aqui a edição.

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