Luís Almeida, gerente da Japopeças, diz que está surpreendido com a dimensão e impacto verificado na escassez do produto (peças), nesta entrevista à Pós-venda.
Que efeitos está a ter na vossa atividade a dificuldade de abastecimento de peças junto dos vossos fornecedores?
Destacamos a dificuldade em repor stocks com a brevidade que conseguíamos o que se traduz em mais ruturas e maior tempo de espera, impactando necessariamente as vendas.
Que alternativas foram levadas à prática para compensar essas dificuldades? Reforço de stock?
Efetivamente optámos por reforçar e aumentar o nível médio dos nossos stocks atempadamente.
Desde o primeiro momento que antevimos as dificuldades que se viriam a verificar fruto das disrupções criadas nas cadeias de abastecimento tendo sido, ainda assim, surpreendidos com a dimensão e impacto verificado na escassez do produto mas também no aumento do custo das matérias-primas e transportes.
Que tipologia de peças foram mais afetadas por esse problema?
Genericamente todas as famílias de produto sofreram um impacto significativo, contudo destacaríamos os componentes elétricos que não sendo o n/ core business notamos uma dificuldade acrescida.
Poderão os preços das peças aumentar até final do ano e em 2022?
Sem, sem dúvida. Todas as variáveis desde o custo das matérias-primas até ao transporte (seja marítimo, terrestre, aéreo) sofreram aumentos numa dimensão nunca antes vista em tão curto espaço de tempo.
A dimensão destes aumentos ainda não está totalmente refletida nos preços de venda atuais, pelo que irão necessariamente aumentar à medida que os stocks se forem renovando.
Poderão os carros permanecer em média mais tempo em oficina à espera de peças?
Não necessariamente, acreditamos que a existência de stocks antigos e a possibilidade de transportes urgentes podem colmatar as necessidades existentes pese o facto de poder envolver um custo acrescido.
Pontualmente é possível que se verifique uma delonga anormal da viatura na oficina mas vemos isso como exceções, não um padrão.
Existe alguma previsão, por parte dos vossos fornecedores, para este problema deixar de existir e voltar-se à normalidade que existia até finais de 2019?
Temos maior sensibilidade para o que se passa na Ásia e podemos assegurar que as dificuldades ainda estão bem presentes por força de confinamentos que ainda se verificam à data de hoje em algumas latitudes.
Não conseguimos vaticinar uma “data” para o regresso à normalidade que existia antes de finais de 2019 mas conseguimos assegurar que não estaremos nesse ponto durante mais de um ano seguramente.