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Venda de elétricos na Europa ultrapassa veículos a gasolina

27 Novembro, 2025

De acordo com um relatório do portal TradingPedia, os veículos elétricos e eletrificados já representam mais de um terço das novas matrículas na Europa em 2025, numa transição que decorre a velocidades muito diferentes entre países e segmentos.

A plataforma mostra que a Europa consolida assim a liderança global na adoção de soluções de mobilidade de zero e baixas emissões, embora o motor de combustão interna continue dominante em grande parte do continente.

Elétricos vs. combustão

Entre janeiro e setembro de 2025, os veículos elétricos a bateria e híbridos plug‑in somaram 2,72 milhões de unidades, cerca de 27% de todas as novas matrículas de automóveis ligeiros na Europa.

Os híbridos convencionais são, contudo, o tipo mais vendido, com 3,45 milhões de unidades e uma quota de 34,8%, ligeiramente acima do volume combinado de carros a gasolina e gasóleo, que ainda representam 35,2% do mercado.​

O portal indica que esta recomposição do parque automóvel marca uma deslocação estrutural da procura para soluções eletrificadas, em particular em mercados com políticas climáticas mais ambiciosas e redes de carregamento mais densas. Ainda assim, em vários países do Sul e do Leste da Europa, os veículos 100% elétricos continuam abaixo dos 10% das vendas, travados por rendimentos mais baixos, menor cobertura de carregamento e maior sensibilidade ao preço de compra.

Norte da Europa

Os países nórdicos mantêm‑se na linha da frente da eletrificação, com a Noruega a aproximar‑se de um cenário praticamente sem novas matrículas de veículos a combustão. Nos primeiros nove meses de 2025, 90,8% dos carros novos registados no país já são elétricos, com a gasolina e gasóleo em forte queda, com recuos superiores a 50% e 37%, respetivamente.​ Dinamarca, Suécia e Finlândia seguem a mesma trajetória, com os veículos elétricos a representarem 68,73% das vendas na Dinamarca, 62,04% na Suécia e 56,58% na Finlândia. Mercados de menor dimensão, como Luxemburgo e Islândia, aproximam‑se da paridade entre elétricos e modelos tradicionais.

Alemanha

Em termos absolutos, a Alemanha mantém‑se como o maior mercado elétrico da Europa, com 599.962 veículos elétricos vendidos entre janeiro e setembro, um aumento de 46,6% face a 2024. No mesmo período, foram registados 382.202 BEV e 217.760 PHEV, traduzindo subidas de 38,3% e 63,9%, respetivamente.​

Na Europa Central e de Leste surgem sinais claros de ponto de viragem, apesar de quotas ainda modestas. A Polónia mais do que duplicou as matrículas de BEV (+106,7%) e quase duplicou as de PHEV (+97%), elevando a quota de elétricos para 11%, cerca de o dobro do nível registado um ano antes.

Sul da Europa

Em Espanha e Itália, a transição ganhou força em 2025, embora com forte peso de soluções intermédias. Espanha quase duplicou as vendas de BEV, para 72.062 unidades, e mais do que duplicou as de PHEV, para 86.681, apoiada em esquemas de incentivo como o MOVES e na expansão da infraestrutura de carregamento.

Em Itália, as vendas de BEV cresceram 26,6%, para 61.055 unidades, e as de PHEV aumentaram 72,6%, para 68.871, com os híbridos a afirmarem‑se como “ponte” entre o motor térmico e a mobilidade totalmente elétrica.​ Em contraste, França registou uma queda de 8,6% nas matrículas totais de veículos elétricos, penalizada pelo colapso dos PHEV (‑26,8%). A Bélgica também acusou um abrandamento (‑9,8%) apesar de manter uma penetração elevada, perto dos 43%.

Mercados emergentes

Embora partam de bases mais baixas, vários mercados pequenos e emergentes registam as maiores taxas de crescimento relativo na Europa. Letónia (+141,5%), Lituânia (+114,1%) e Polónia (+102,1%) mais do que duplicaram as suas frotas de veículos elétricos face a 2024, sinalizando uma rápida difusão da tecnologia à medida que os preços descem e os incentivos ganham tracção.​

Nas franjas nórdicas e do Sul, Espanha (+97,8%) e Islândia (+91,8%) quase duplicaram as vendas de EV. Ainda assim, em países como Bulgária, Croácia, Eslováquia e parte dos Bálticos, os veículos elétricos continuam abaixo dos 10% das novas matrículas, com o gasóleo e a gasolina a manterem hegemonia.

BEV e PHEV

A relação entre veículos 100% elétricos e híbridos plug‑in está a tornar‑se um indicador central da maturidade dos mercados. Nas economias mais ricas, como Noruega, Luxemburgo, Dinamarca, Suíça e Bélgica, os BEV já dominam, beneficiando de redes de carregamento densas, incentivos robustos e rendimentos que absorvem melhor o custo inicial mais elevado.​ Em mercados onde os PHEV ainda lideram, como Irlanda, Espanha e Itália, o perfil é o de transição: consumidores mais sensíveis a preço e infraestrutura utilizam o híbrido plug‑in como solução intermédia entre combustão e elétrico puro.

A Suécia surge como exceção entre os países ricos, com uma adoção de PHEV (510 por 100.000 habitantes) quase ao nível dos BEV (678 por 100.000), reflexo de benefícios fiscais para carros de empresa e das vantagens práticas dos híbridos em climas frios.​

No plano industrial, 2025 confirma a afirmação dos construtores tradicionais europeus e asiáticos na frente elétrica. Na Europa, a Volkswagen lidera destacada com mais de 1,08 milhões de veículos elétricos vendidos entre janeiro e setembro, apoiada nas marcas VW, Audi e Škoda, enquanto BMW, Mercedes‑Benz e Audi ocupam posições confortáveis no top 10 e a Škoda soma cerca de 620.000 unidades.​

Os grupos franceses Renault, Peugeot e Citroën contribuem em conjunto com mais de 1,3 milhões de EV, cimentando o peso das marcas históricas no processo de descarbonização do transporte rodoviário. Tesla, por seu lado, cai para o 18.º lugar na tabela europeia, com 173.694 unidades, ilustrando um mercado em que escala de produção, redes de distribuição e confiança acumulada do consumidor dão vantagem às marcas de legado sobre os novos protagonistas da mobilidade elétrica.​

Consulte aqui toda a informação do relatório.

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