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Observatório Indicata indica abrandamento dos preços no mercado de usados

17 Dezembro, 2025

De acordo com o mais recente relatório do Observatório Indicata, o mercado europeu de automóveis usados mantém uma aparência de estabilidade, mas entra numa fase mais exigente, marcada pelo abrandamento dos preços após o período de sobreaquecimento, por ajustamentos em curso nas preferências tecnológicas, por um enquadramento regulatório fragmentado e por um comportamento do consumidor cada vez mais pragmático.

O último relatório do Observatório Indicata, referente a Dezembro de 2025, indica que a distribuição por idades indica uma recomposição de stock mais equilibrada do que o inicialmente esperado. Os veículos com 0 a 2 anos representam cerca de um terço de todas as vendas, reflectindo o regresso gradual da oferta do mercado de novos após os baixos registos entre 2020 e 2022. Os modelos com 3 a 4 anos começam a recuperar tração, acompanhando a melhoria da actividade das frotas, enquanto os veículos com mais de 5 anos continuam a dominar o mercado, sustentados por decisões de compra orientadas para a usabilidade e para o custo total de propriedade.

Os preços mostram sinais de alívio moderado, apontando para uma normalização gradual depois do sobreaquecimento observado no período pós-pandemia. Ainda assim, persistem segmentos considerados sobrevalorizados face ao poder de compra, sobretudo entre os veículos mais recentes, que continuam caros e podem enfrentar nova pressão descendente à medida que os preços dos automóveis novos se aproximam de níveis mais regulares.

Nos veículos mais antigos, a atractividade mantém-se, embora os custos de manutenção continuem a condicionar a rotação de stock. A comparação dos preços dos usados face a Janeiro de 2020 revela diferenças significativas entre países. Espanha apresenta um aumento de 10,9 pontos percentuais, Itália de 8,2 pontos percentuais e Polónia de 7,9 pontos percentuais, enquanto Portugal regista uma subida mais contida de 1,5 pontos percentuais. Em sentido inverso, a Suécia apresenta uma descida de 1,1 pontos percentuais e a Dinamarca de 3,7 pontos percentuais. A média europeia, excluindo a Turquia, situa-se em mais 3,8 pontos percentuais.

No que diz respeito às motorizações, gasolina e gasóleo continuam a constituir a base do mercado de usados. Os híbridos HEV e MHEV registam um crescimento consistente, sendo percepcionados como uma solução eficiente e de baixo risco. Já os híbridos plug-in enfrentam um período mais delicado, com cortes de incentivos em vários países e maior cautela por parte das frotas, o que resulta numa procura mais suave e numa maior incerteza quanto aos valores futuros.

Nos veículos eléctricos a bateria, a melhoria do indicador Market Days’ Supply em vários mercados é atribuída sobretudo a reposicionamentos de preços e não a crescimento orgânico da procura, sendo antecipada pressão adicional de ajustamento onde os valores continuam acima das expectativas dos compradores.

“O enquadramento regulatório reforça a assimetria: a Alemanha reintroduziu incentivos aos BEV, com potencial impacto nos valores residuais de eléctricos recentes, a Noruega avança numa transição gradual do IVA que pode favorecer a competitividade dos BEV usados, o Reino Unido explora a tributação por milha, e Portugal reavalia o enquadramento fiscal dos PHEV”, afirmou Andy Shield, Director Global do Indicata.

Ao nível dos modelos, até aos quatro anos de idade, os veículos mais vendidos por volume, considerando todas as motorizações, são o Volkswagen Golf, com um Market Days’ Supply de 75,3 dias, o Volkswagen T-ROC, com 69,8 dias, e o Peugeot 208, com 67,5 dias. Nos híbridos, destacam-se o Toyota Yaris, com 52,7 dias, e o Yaris Cross, com 50,4 dias. Entre os eléctricos a bateria, os modelos com maior volume são o Volkswagen ID.4, com 52,4 dias, o ID.3, com 54,3 dias, e o Tesla Model Y, com 30,7 dias.

No ranking dos modelos com rotação mais rápida, lideram o Tesla Model Y, o Model 3, com 35,8 dias, e o BYD ATTO 3, com 41,4 dias.

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