A B-Parts identificou cinco tendências que deverão marcar o setor pós-venda automóvel em 2026.

A empresa recorda que o setor tem sido afetado pela volatilidade económica, por tensões geopolíticas e por uma aceleração tecnológica que coloca novos desafios aos operadores do mercado, desde a pressão sobre preços aos constrangimentos de stock e à exigência crescente de um consumidor mais informado e digital.

De acordo com Manuel Araújo Monteiro, administrador da B-Parts, “esta mudança é inevitável e está a trazer consigo muitos desafios, mas também muitas oportunidades para o pós-venda automóvel. O setor deve abraçar a inovação como um imperativo de resiliência e aliada de uma mentalidade orientada para o futuro, promovendo a competitividade”.

Digitalização

A primeira tendência apontada é a digitalização e a qualidade de dados. A empresa indica que o crescimento das plataformas de comércio eletrónico de peças usadas tem vindo a aumentar a conveniência para os consumidores, alargando a oferta e promovendo preços mais competitivos. Paralelamente, a qualidade da informação surge como um fator determinante para tornar mais eficientes os processos de identificação e encomenda de peças, reduzindo erros e criando novas oportunidades de negócio para oficinas, distribuidores e fabricantes, incluindo diagnósticos remotos, atualizações de software e serviços personalizados.

IA

A segunda tendência prende-se com a Inteligência Artificial, cujo impacto no pós-venda é considerado disruptivo. Apesar da sua adoção relativamente recente, a tecnologia já é vista como a maior transformação do setor nas últimas décadas. A B-Parts antecipa que, em 2026, soluções como manutenção preditiva, gestão otimizada de stocks, assistentes virtuais, chatbots e serviços personalizados com recurso a geradores de voz e controlo de gestos terão um papel central no aumento da eficiência e da produtividade das empresas.

Sustentabilidade e eletrificação

A sustentabilidade e a eletrificação constituem a terceira tendência identificada. O pós-venda deverá acompanhar a crescente integração de materiais compósitos no design automóvel e reforçar práticas alinhadas com a economia circular. Neste âmbito, a B-Parts destaca a iniciativa Peça Verde, promovida pela Associação Nacional dos Centros de Abate de Veículos e à qual aderiu, que garante a rastreabilidade, testagem e certificação das peças reutilizadas. Para além das poupanças médias de cerca de 50% face às peças novas, a reutilização contribui para a redução das emissões de carbono.

A B-Parts refere que o grande desafio passa por preparar o setor para o momento em que os veículos elétricos necessitem de serviços pós-venda, assegurando que os princípios da economia circular também se aplicam à eletrificação.

Requalificação dos profissionais

A quarta tendência diz respeito à requalificação dos profissionais do setor. A escassez de mão de obra especializada, sobretudo na área da reparação, é apontada como um dos principais obstáculos, num contexto de crescente complexidade tecnológica dos veículos. As empresas do pós-venda são chamadas a investir na formação contínua e especializada dos seus colaboradores, não só para responder a situações técnicas mais exigentes, mas também para valorizar estas profissões e atrair novas gerações.

Consumidores

Por fim, a B-Parts destaca as mudanças no comportamento dos consumidores. A personalização dos veículos tem ganho relevo, com uma maior procura por peças de elevada qualidade que melhorem o desempenho, a estética e a sustentabilidade dos automóveis. Esta tendência traduz-se num alargamento da procura por peças funcionais, acessórios exteriores, modificações interiores e soluções ambientalmente responsáveis. Perante um cenário de menor fidelização, as marcas terão de adaptar as suas estratégias, diversificando a oferta de produtos e serviços, incluindo soluções mais acessíveis para veículos elétricos, assentes na personalização e em tecnologias avançadas.