A Bosch está a impulsionar uma mudança estrutural na segurança automóvel ao apostar numa nova geração de sistemas baseados em software, assente no conceito de veículo definido por software.
De acordo com a empresa, este modelo permite que a maioria das funções do automóvel seja gerida de forma centralizada e atualizada continuamente ao longo de toda a vida útil do veículo, reforçando os níveis de segurança e abrindo caminho a uma mobilidade mais conectada.
A transição tem sido acelerada pela entrada em vigor, em junho de 2024, da obrigatoriedade de vários sistemas avançados de assistência à condução em todos os veículos de nova matrícula na União Europeia. Estudos desenvolvidos no âmbito do projeto VIDAS, promovido pela Bosch em conjunto com a Fesvial, indicam que a generalização dos sistemas ADAS poderá evitar até 40% dos acidentes rodoviários e reduzir em 29% as mortes nas estradas. A empresa considera que estes resultados poderão ser ainda mais significativos com a adoção generalizada do veículo definido por software, suportado por soluções de software e serviços de conectividade segura.
Neste novo paradigma, a Bosch indica que o software assume o papel central na coordenação dos principais sistemas do automóvel, incluindo motor, transmissão, travagem, direção, suspensão, infoentretenimento, conectividade e segurança. A Bosch desenvolve arquiteturas que integram sensores, atuadores e unidades eletrónicas interligadas por redes internas de alta velocidade, permitindo uma gestão mais eficiente e integrada do veículo. Esta abordagem facilita a introdução de novas funcionalidades sem alterações físicas, através de atualizações remotas que permitem melhorar sistemas existentes ou acrescentar novas capacidades.
Entre as tecnologias desenvolvidas destaca-se o Vehicle Motion Management, um sistema que coordena de forma inteligente os diferentes atuadores do veículo, como travões, direção, chassis e propulsão, com o objetivo de otimizar a estabilidade, a eficiência e a segurança. A centralização das funções no software tem também impacto nos processos de desenvolvimento e fabrico, ao permitir reduzir prazos, custos e acelerar os ciclos de inovação. A Bosch trabalha com fabricantes a nível global na integração de plataformas abertas e serviços digitais que suportem modelos de desenvolvimento mais ágeis.
As atualizações remotas, suportadas por soluções cloud da empresa, permitem manter e melhorar continuamente funções críticas de segurança, como a travagem automática de emergência, a manutenção de faixa, o reconhecimento de sinais de trânsito ou a proteção contra ciberataques, sem necessidade de deslocação a oficinas. Também os sensores beneficiam desta lógica, como o SMP290, baseado em tecnologia MEMS e com conectividade Bluetooth Low Energy, que integra num único chip a medição de pressão, temperatura e aceleração, com capacidade de atualização remota, simplificando a arquitetura do veículo e reforçando a segurança ativa.
O aumento da conectividade torna a cibersegurança um elemento central no desenvolvimento automóvel. A Bosch integra mecanismos de proteção desde a fase de conceção, incluindo deteção de intrusões, gestão segura de software e proteção das comunicações internas e externas, garantindo a integridade dos sistemas e das atualizações remotas.
O veículo definido por software integra a estratégia global da Bosch para o crescimento da condução assistida e automatizada. A empresa prevê duplicar, até meados da próxima década, as vendas de software, sensores, computadores de bordo e componentes de rede, com um volume superior a 10.000 milhões de euros associado a soluções baseadas em inteligência artificial. O mercado global de software automóvel poderá triplicar até ultrapassar os 200.000 milhões de euros em 2030, um cenário em que a Bosch pretende assumir um papel de liderança.










