A Continental acaba de apresentar, pela primeira vez, o Valet Parking totalmente automatizado em condições climatéricas difíceis ou em situações com pouca luz.
O serviço de valet parking pode ser encontrado em alguns parques de estacionamento, onde os condutores entregam as suas chaves a um funcionário que está na entrada. Este encontra um lugar de estacionamento, estaciona o carro e volta a trazê-lo para o ponto de entrega. A Continental desenvolveu uma solução automatizada, que torna possível que o carro possa desempenhar a função de valet parking. No outono de 2017 a Continental demonstrou, nas suas instalações em Frankfurt, como esta tecnologia funciona num veículo real: o condutor deixa o carro num ponto de transferência em frente à garagem e ativa o Valet Parking. O veículo atravessa de forma automática a barreira, encontra um lugar vago e estaciona. Quando o condutor carrega num botão no seu telemóvel, o carro regressa automaticamente ao ponto de partida.
A Continental está agora a demonstrar, no seu Centro de Testes de Inverno em Arvidsjaur (Suécia), que o Valet Parking totalmente automatizado não funciona só em condições ambientais como piso seco e locais com elevado contraste luminoso. O condutor sai do carro numa área de transferência rodeada de neve e o veículo é estacionado automaticamente num parque de estacionamento. Quando solicitado, o veículo sai da garagem de forma totalmente independente. Os responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia enfrentaram vários desafios, como um controlo longitudinal e lateral preciso numa superfície lisa, bem como uma deteção fiável num ambiente de neve e de baixo contraste luminoso.
“Com o Valet Parking apresentamos uma função que não necessita de condutor, o que liberta os condutores de uma tarefa entediante”, explicou Alfred Eckert, Diretor de Tecnologia Avançada na Divisão Chassis & Safety da Continental. “A função Valet Parking dá aos condutores uma vantagem em termos de comodidade e tempo. É também um passo concreto no sentido da mobilidade moderna com base na condução totalmente automatizada”.
O desenvolvimento do Valet Parking envolve duas etapas. Na primeira, o veículo circula de forma independente, deteta lugares de estacionamento vagos e estaciona de forma totalmente autónoma no primeiro piso de um parque de estacionamento. Os peões e os outros veículos que se cruzem com ele são detetados e a estratégia de condução é adaptada de forma dinâmica. Depois de outras etapas de desenvolvimento, o sistema terá também a capacidade de subir e descer rampas para outros níveis. “A função de Valet Parking pode ser usada atualmente, já que é possível reservar o primeiro piso de um parque de estacionamento para estacionamento automatizado”, prosseguiu Eckert.
Num cenário básico, o sistema comunica, através de rede wireless, com a barreira de entrada, o que significa que o condutor não tem de se preocupar com nada. Para que tal aconteça, é necessário uma determinada estrutura de comunicação na área da barreira, para que o acesso e o cálculo do tempo de estacionamento sejam processos automáticos. A tecnologia já está disponível em parques de estacionamento, onde é usada na forma de RFID (radio frequency identification system – sistema de identificação por radiofrequência) para detentores de lugares de estacionamento. Como este sistema não está ainda totalmente disponível, a função Valet Parking também pode ser configurada para que o ponto de transferência seja do lado de dentro da barreira. “Neste caso, o condutor ainda terá de retirar manualmente o ticket, passar pela barreira, sair do carro e entregar ao veículo o resto dos procedimentos relacionados com o estacionamento”, explicou Benedikt Lattke, líder de projeto para sistemas de apoio ao condutor e automação no departamento de Tecnologia Avançada da divisão Chassis & Safety. O veículo também se dirige para a barreira num ponto diferente, para que o condutor possa pagar o estacionamento.
O Valet Parking foi desenvolvido de forma a que o veículo possa encontrar um lugar de estacionamento independentemente das infraestruturas existentes no parque de estacionamento. Não são, por isso, necessárias outras alterações ou investimentos, tais como câmaras ou barreiras de contacto, no parque de estacionamento. O veículo de demonstração deteta o ambiente em redor usando sensores de radar de curto alcance, quatro câmaras de visão surround e uma câmara voltada para a frente. O veículo utiliza os dados do sensor e um mapa digital para determinar a sua posição exata no parque de estacionamento e navegar de forma totalmente automatizada. No ponto atual de desenvolvimento, e dependendo do cliente, esta abordagem do Valet Parking baseada em sensores e com circulação em rampas deverá ser possível em 2022. “O sistema pode também processar informação do parque de estacionamento e, consequentemente, conduzir para um espaço vazio”, diz Lattke.
Outra funcionalidade do Valet Parking é o estacionamento preciso, que já só necessita de cerca 10 cm de espaço a partir do limite dos espelhos retrovisores no exterior do veículo. “Dado que o condutor já não precisa de sair do veículo estacionado, os lugares de estacionamento, que costumam ser apertados, podem ter melhor utilização”, disse Lattke.
A Elektrobit (EB), uma subsidiária independente da Continental, reconhecida pelo conhecimento especializado no desenvolvimento de módulos de software e algoritmos para veículos altamente automatizados, também demonstrou as potencialidades do seu software no último outono. Um veículo de demonstração da Elektrobit utiliza uma estrutura de software EB robinos e conectividade de nuvem para obter informação sobre os lugares de estacionamento disponíveis, permitindo que o veículo se estacione a si mesmo e faça manobras com precisão, mesmo nos lugares mais apertados.