A Escola Profissional de Ourém foi fundada em 1990 e é atualmente detida pela Insignare – Associação de Ensino e Formação. A EPO oferece cursos com grande componente tecnológica, nomeadamente o curso profissional de Mecatrónica Automóvel, uma variante ramo da Manutenção Industrial. Carina Oliveira, Diretora Executiva da Insignare, avalia o mercado de formação em Portugal e a visão da escola para o futuro.
Como avalia a formação automóvel em Portugal?
A formação automóvel em Portugal tem tido uma evolução crescente, seja por via do crescimento do parque automóvel, da sua modernização, como também pela especialização e aumento das escolas que acompanhou a oferta formativa dessa realidade. Se juntarmos os centros de formação específicos do sector automóvel, podemos considerar que vamos tendo um número crescente de jovens com ótimas bases para terem sucesso no mercado de trabalho, naquilo que são qualificações cada vez mais valorizadas, o “saber-fazer”.
Que lacunas ainda existem na formação neste setor?
Sentimos ainda muitas lacunas no mercado no que diz respeito à formação para profissionais, pensamos que está muito aquém das necessidades actuais, quanto mais sobre o futuro que se avizinha. O sector automóvel enfrenta desafios muito grandes neste momento, em especial num contexto muito competitivo internacionalmente, sobretudo pela revolução tecnológica que enfrenta, sendo a conectividade e automação áreas onde se irá jogar o futuro sobre rodas. As formações são assim muito dispendiosas para a maior parte das empresas independentes de reparação automóvel, cada vez mais dependentes das grandes marcas construtoras. Será um grande desafio acompanhar estes próximos tempos de evolução em termos de qualificação profissional, mas sobretudo a capacitação de empresas realmente credenciadas para desenvolver uma formação eficaz, num contexto social em que a manutenção de emprego actual poderá sofrer graves consequências em virtude desta disrupção tecnológica.
Qual o futuro da formação automóvel em Portugal?
O futuro passará sempre pelas escolas profissionais e pelas empresas de formação especializada e credenciada. Não haverá lugar ao automóvel tradicional como o conhecemos até aqui, daí que qualquer formação terá que ser muito rápida a dar resposta a este mercado. Também vemos a formação cada vez mais interdisciplinar, ou poli-competências, na perspectiva de que um automóvel terá de concentrar sobretudo software informático, mecânico, de design e novos materiais, energia eléctrica a aumentar face aos combustíveis tradicionais, novas formas de mobilidade automóvel, e saber lidar com tudo isto não passará por saber “qual o parafuso certo” e em que “chapa bater”. Competirá estarmos atentos a estas realidades, a par com os construtores automóveis e demais entidades, para que se consigam profissionais capazes de dar resposta ao mercado. Acima de tudo, a flexibilidade e polivalência que iremos necessitar para estes recursos humanos, irá requerer que se possam ter também quadros legais educativos e formativos, com a flexibilidade de poder dar resposta aos tempos actuais e futuros.
E especificamente na Escola Profissional de Ourém?
A EPO irá continuar, no futuro, a apostar nos cursos especializados nas áreas técnicas, tendo sobretudo como pano de fundo que estamos a dotar os nossos jovens de ferramentas de futuro e de conseguir também interligar isso com as necessidades do mercado nestas áreas. O “saber-fazer” das escolas profissionais constitui a rede forte de profissionais qualificados para as PME´s. Queremos apostar também na Inovação e por isso estamos a trabalhar num Plano de Empreendedorismo e Inovação para os nossos alunos, que lhes complemente a formação que já oferecemos. Gostaríamos de nos posicionar para ser uma Escola de Futuro, num contexto que também gostaríamos de sublinhar porque o reputamos de muito importante: estamos apostados na valorização social das escolas profissionais. Um mundo em mudança e num contexto tão disruptivo do ponto de vista tecnológico, irá obrigar a termos trabalhadores valiosos, que não serão engenheiros nem programadores, serão as pessoas com grandes conhecimentos técnicos, simultaneamente capacidade de saber-fazer, aptos a resolver problemas dos seus clientes e de acompanhar as necessidades da empresa.
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