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OPINIÃO: “A mobilidade num mundo suspenso”, Tiago Firmino Ribeiro*, Solera Portugal

Todos fomos obrigados a mudar! Sabemos que esta é uma mudança que nos vai deixar marcas profundas, na maneira de encarar a vida, a família, a amizade, o trabalho. A forma como interagimos, comunicamos, como nos deslocamos. Ficamos em casa e connosco os nossos meios de mobilidade.

É sobre a mobilidade, ou melhor, sobre a quebra de mobilidade, que gostaria de partilhar convosco algumas das evidências que fomos reunindo nestes tempos de emergência nacional.

Mobilidade, por onde andas

Ao resguardarmo-nos em casa, também os veículos ficam em suspenso esperando um dia regressar ao agitado quotidiano a que estamos todos habituados. A redução da circulação de pessoas e veículos é latente no relatório da Google sobre a mobilidade – última atualização a 11 de Abril – onde é clara a quebra da atividade de deslocações.

A frequência de espaços públicos e de trabalho caiu entre 78% e 58%, enquanto que em sentido oposto as deslocações para locais de residência aumentaram 26%.

Sabemos que esta redução é necessária, sabemos que este é o reflexo de uma sociedade responsável e solidária. Contudo, há um preço a pagar e ele é cobrado pelo abrandamento da economia e da atividade empresarial, que depende das deslocações para manter o negócio em atividade.

Veículos automóveis, compra adiada

A incerteza relativa ao futuro leva a que a tomada de decisão, no que à aquisição de veículos diz respeito, seja adiada. Os dados de março mostram que em termos homólogos se venderam menos 14.300 ligeiros de passageiros face a março de 2019, correspondendo a uma redução de 56,7% do número de veículos ligeiros matriculados no primeiro trimestre de 2020.

Analisando a variação mensal, março regista uma quebra de 47,7% nos ligeiros de passageiros face a Fevereiro. É uma descida de 20.263 carros vendidos no segundo mês deste ano para os 10.595 comprados em março. De notar que em fevereiro o mercado tinha crescido 5% em termos homólogos.

Menos sinistros, mais preocupações

Também no negócio segurador a redução da exposição ao risco de circulação diminuiu, existindo um decréscimo significativo do número de veículos a circular e, em consequência, no decréscimo do número de acidentes, conforme podemos comprovar com os dados do número de peritagens efetuadas nos primeiros 4 meses deste ano.

Gráfico SOLERA – Distribuição do número de peritagens

 

Não deixa de ser uma boa noticia para esta atividade. Contudo, a exigência do momento leva a que outros desafios se imponham.

Uma atividade habituada ao contacto direto com os seus clientes, quer por intermédio dos seus agentes, quer pelos seus peritos, teve, num curto espaço de tempo, de se reinventar e procurar alternativas de contacto, que não o presencial, mantendo a relação com o seu maior activo – a sua carteira de clientes.

Trabalho remoto, call center descentralizado, video-peritagem, muitas video-conferências, novos produtos, atualização da oferta, esta foi a resposta dada à pandemia de uma das atividades mais impactantes da nossa economia e do nosso tecido social, e que é neste momento um dos maiores sectores em plena transformação digital, agora acelerada.

Reparadores em suspenso

No sector dos reparadores a decisão do Governo de manter as oficinas e o comércio de peças abertas ao público durante o estado de emergência, justifica-se pelo facto de estas serem consideradas como essenciais ao regular funcionamento económico e social do país.

Contudo, é inevitável a quebra da procura e, mesmo sendo essencial, esta é uma atividade não imune à drástica redução do tráfego rodoviário, em especial para as oficinas exclusivamente dedicadas à colisão.

O volume de transações efetuadas no último mês pelos maiores distribuidores de peças do mercado caiu 67%, revelando aqui, também, o impacto no sector da reparação e manutenção automóvel.

Em Portugal, este sector, onde se enquadram fabricantes, reparadores e distribuidores:

– representa 19% do produto interno bruto;

– 25% das exportações de bens transacionáveis;
– e emprega, diretamente, cerca de 200 mil pessoas.

Este é, no entanto, um sector robusto, tecnologicamente bem preparado, construído sobre bases sólidas de competências e recursos diferenciadores que serão as principais alavancas na retoma da atividade.

A nossa resposta

Na Solera, procurámos adaptar-nos a esta nova realidade, identificando e adaptando no nosso portfolio, soluções e serviços que se adaptassem à realidade atual, ajudando a manter a estabilidade nas operações dos nossos parceiros, bem como nas nossas próprias operações através de “trabalho remoto”, “video peritagem”, “peritagem remota” e “partilha da rede de parceiros e auditores”.

O regresso ao novo normal

A certeza que fica para todos nós é a de um mundo diferente, mais conectado, mais digital, marcado pela responsabilidade, pela solidariedade e, acima de tudo, por uma forma de estar na vida e nos negócios mais tolerante e elevada.

É para este novo normal que nos preparamos, seguindo na certeza que os nossos parceiros podem contar com todo o nosso conhecimento, experiência e dedicação na entrega de soluções resilientes, capazes de fazer face a qualquer crise que nos possa assombrar.

* Tiago Firmino Ribeiro – Business Development Manager na Solera Portugal

 

 

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