Parte da gestão de manutenção da frota da transportadora Dias&Filhos é feita nas próprias instalações, como forma de garantir a operacionalidade dos camiões mas também ter um maior controlo sobre os custos.
Texto: Paulo Homem
Bem próximo do Castelo de Montemor-o-velho, encontra-se a Dias&Filhos, uma empresa de cariz familiar de transportes, que opera tanto a nível nacional como internacional, que está a celebrar as suas bodas de prata. A frota é constituída por 100 camiões, divida por quatro marcas, Volvo, Scania, MAN e Renault, que percorre em média 150.000 quilómetros (para os que são conduzidos apenas por um motorista) ou cerca de 200.000 quilómetros ano (para os de condução partilhada entre dois motoristas).
60% da frota tem até 3 anos de idade, não tendo a Dias&Filhos no ativo nenhum camião com mais de 10 anos, sendo que a idade média anda nos 5 anos. “As reparações dos camiões com mais idade são caras e os consumos são altos. A verdade é que os carros mais modernos são realmente mais económicos e por isso temos, na medida do possível, atualizar a nossa frota”, refere António Dias, sócio gerente da empresa. Como a empresa faz muito transporte internacional, dispõe de um porta carros para ir buscar ao estrangeiro algum camião avariado da sua frota, “pois as reparações nesses países são muitas caras e muitas vezes compensa ir buscar o carro e repará-lo aqui”.
São todos estes pormenores que condicionam a política de manutenção seguida pela Dias&Filhos. Alguns camiões mais recentes, que estão em renting, têm a manutenção garantida pela marca, o mesmo acontece com outros, onde existe contrato de extensão de garantia. Porém, em duas marcas, onde existe a garantia normal, a manutenção é mantida na marca, mas Findo esse período, então é a própria Dias&Filhos que assume a manutenção nas suas próprias instalações.
“Na Dias&Filhos podemos fazer praticamente tudo o que é possível fazer num camião em termos de reparação e manutenção, pois temos instalações e pessoal técnico para tal”, garante António Dias. São quatro técnicos na oficina que garantem o correto funcionamento de toda a frota que não está sujeita a contratos com as marcas, com a Dias&Filhos a optar por manter sempre o plano de manutenção preconizado pelas marcas para os camiões em causa. “Até no lubrificante, por exemplo, usamos sempre nas nossas manutenções o óleo recomendado pelas marcas para aquele motor específico, o mesmo sucede com muitos outros componentes”, afirma o sócio gerente da Dias&Filhos, explicando que “nenhum dos nossos camiões passa mais de um mês sem ser vistoriado aqui nas nossas instalações, passando sempre na fossa para efetuar essa verificação. Se for detetado algum problema ou o motorista reportar alguma questão é intervencionado, caso contrário segue logo para a lavagem”.
Em termos de peças, o critério é trabalhar com material original, mas fruto das condições
comerciais menos vantajosas de algumas marcas, a opção é trabalhar com o material de aftermarket (com as mesmas marcas que estão no primeiro equipamento), recorrendo à HBC, Europart, Civiparts e Motorbus, como fornecedores. “O envelhecimento da frota obriga-nos a estar sempre atentos aos veículos e ter uma oficina própria é muito importante para a nossa atividade, até para poupar nos custos que estas operações de manutenção acarretam” explica António Dias.
PNEUS
Ao nível dos pneus um dos primeiros critérios de seleção é a marca dos pneus. Diz o
responsável da empresa que a Dias&Filhos trabalha a 90% com Michelin, mesmo
quando adquire os camiões em novos existe essa exigência. Uma das razões para essa
opção tem a ver também com a segunda vida do pneu. “O pneu depois da primeira
vida é recauchutado na Michelin, tendo depois a mesma garantia de novo, passando
a rodar na traseira do veículo. É nesta longa vida do pneu que se consegue tirar
rentabilidade do mesmo”, assegura o sócio gerente da Dias&Filhos, que diz “que já fomos
o terceiro maior cliente Michelin e isso permite-nos uma boa relação comercial e
operacional com esta marca”.
O facto da frota fazer muitos quilómetros (com rotas para o leste da Europa) e de utilizar algumas medidas de pneus menos usuais, leva António Dias a considerar que “esses são aspetos onde a exigência da qualidade dos pneus é ainda mais fundamental”. Nas suas instalações oficinais em Montemor-o-velho a Dias&Filhos possui ainda um stock permanente de 500 rodas montadas, prontas a ser usadas na frota, numa gestão que é feita internamente. Ao nível dos semirreboques a Dias&Filhos trabalha maioritariamente com Schmitz (cerca de 90%), considerando António Dias que “é por uma questão de qualidade, mas também nos proporciona uma boa assistência em toda a Europa. Por outro lado, é um semirreboque que se adapta à nossa operação e dos nossos clientes”. Para além da assistência oficial, nas instalações oficinais da Dias&Filhos são efetuadas apenas trabalhos de controlo técnico dos semirreboques, de modo a garantir a que estão sempre em condições de operação.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda Pesados n.º 27 de abril/maio de 2020. Consulte aqui a edição.