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CLEPA com perspetivas negativas para a indústria de componentes auto

A indústria europeia de componentes automóveis enfrenta níveis inéditos de incerteza, segundo o mais recente inquérito bianual da CLEPA e McKinsey, que envolveu 120 empresas do setor.

Este estudo revela que 60% dos fornecedores preveem uma redução nas receitas nos próximos 12 meses, enquanto 64% mantêm uma perspetiva negativa sobre o futuro.

A queda na procura e as preocupações com a competitividade europeia estão a dominar a agenda das empresas. A pressão dos fabricantes de veículos para reduzir custos e a incerteza em torno da adoção de veículos elétricos contribuem para a deterioração do sentimento empresarial. Cerca de 38% dos fornecedores esperam operar com margens mínimas ou mesmo prejuízos em 2024, um aumento em relação aos 25% registados no início do ano. Apenas 31% anteveem uma rentabilidade superior a 5%, uma queda face a projeções anteriores.

Benjamin Krieger, Secretário-Geral da CLEPA, destacou: “Os resultados do inquérito refletem os imensos desafios enfrentados pela nossa indústria. Os fornecedores europeus têm o poder de liderar a transformação da mobilidade, mas as pressões de custos estão a causar despedimentos e encerramentos de fábricas. Para proteger o emprego e acelerar as transições verde e digital, é urgente recalibrar os quadros regulamentares.”

Entre as principais prioridades destacadas pelos fornecedores estão o investimento em infraestruturas de geração elétrica e carregamento, bem como no desenvolvimento de um ecossistema europeu de baterias e semicondutores. Cerca de 75% das empresas elegeram estas áreas como fundamentais para reforçar a competitividade europeia. Um terço dos inquiridos salientou ainda a necessidade de desenvolver um ecossistema de software de código aberto e de acesso a financiamento.

A redução da procura é o maior problema apontado, citado por 80% dos fornecedores. A dificuldade em repercutir aumentos de custos nos OEMs afeta 77% das empresas, sendo que muitas operam sem cláusulas contratuais que permitam ajustes de preços.
A instabilidade geopolítica preocupa 58% dos inquiridos, enquanto 29% identificam as falências de pequenos fornecedores como um impacto significativo.

No panorama global, 70% das empresas consideram a competitividade europeia em risco, um aumento em relação aos 43% registados no ano passado. A crescente concorrência da América do Norte e da Ásia preocupa, com 55% a acreditar que estas regiões podem superar a Europa na implementação tecnológica.

Veículos Elétricos

A adoção de veículos elétricos a bateria continua incerta. Apenas 35% dos fornecedores esperam que os BEVs representem mais de 50% das vendas até 2030. Os preços elevados são apontados por 81% como um dos principais fatores que explicam a baixa procura. Apesar de algumas melhorias na infraestrutura de carregamento e nos preços da eletricidade, estas continuam a ser barreiras relevantes para o crescimento do mercado de BEVs.

A indústria enfrenta, assim, a necessidade urgente de adaptação estratégica e apoio regulamentar para garantir a sua sustentabilidade e liderança na transição para a mobilidade do futuro.

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