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“Continuaremos a registar uma procura cada vez mais desenfreada pelo produto”, Rui Chorado, Dispnal Pneus

17 Dezembro, 2021

Rui Chorado, da Dispnal Pneus, traça os cenários atuais e futuros do setor grossista de pneus, numa entrevista muito esclarecedora sobre o atual mercado de pneus em Portugal e não só.

O custo médio dos pneus de ligeiros (e pesados) vai continuar a aumentar em 2022?
Considerando a atual conjuntura económica e social, nomeadamente o impacto que a pandemia de Covid-19 trouxe nas vidas e economias globais, podemos desde logo afirmar que sim, prevemos um aumento dos custos médios dos pneus. Fatores como a elevada procura que se tem vindo a registar, a crise que se regista no sector dos transportes, as dificuldades de produção declaradas pela generalidade dos fabricantes e a própria inflação que já seria um fator a considerar em anos “normais”, irão certamente ter um reflexo em sentido crescente quanto aos custos associados à compra de pneus.

Que efeitos tal situação poderá trazer para o mercado de pneus?
Nunca será tarefa simples adjudicar efeitos que possam advir das situações que referimos anteriormente. Continuaremos, por certo, a registar uma procura cada vez mais desenfreada pelo produto, por receio de sucessivos aumentos de preços, a falta de produto será, também, uma dificuldade com a qual o mercado será confrontado e o aumento dos tempos de entrega poderá ser também um fator a considerar, sobretudo nas mercadorias oriundas de produtores da Ásia. Isto poderá ainda dar origem a que alguns operadores de mercado sejam obrigados a reduzir as suas margens para acompanharem os padrões de competitividade e sobreviverem a uma época tão desafiante quanto esta, à qual somos contemporâneos.

Face às dificuldades com os transportes (sobretudo marítimos), poderá haver escassez de oferta de pneus em 2022?
Aquilo que consideramos ser o maior handicap proporcionado com as dificuldades com os transportes será o aumento dos tempos de entrega nas encomendas que temos juntos dos nossos fornecedores. A oferta, vista de forma objetiva, até poderá ser maior, porque cada vez mais assistimos a uma ampliação de gamas nas marcas que representamos. O que constatamos, de facto, é que os fabricantes dão prioridade à satisfação das encomendas das suas primeiras marcas e das medida de pneus com mais procura de mercado. No entanto temos constatado que, apesar de aumentarem os tempos de entrega em determinados produtos, não tem havido propriamente uma escassez de produto em nenhum segmento em especial e os clientes acabam por ver satisfeitas as suas encomendas, reforçamos, com algum atraso.

Em que segmento de mercado (desde o ligeiro ao pesado, passando pelo industrial e agrícola) poderá existir maiores dificuldades?
Sobretudo nos segmentos de especialidade. Desde pneus ligeiros com características muito específicas (pneus com cancelamento de ruído, ou tecnologia anti-furo) aos pneus de gama agrícola industrial e engenharia, prevemos que possam existir mais dificuldades em satisfazer encomendas de maior volume, embora o impacto dessas dificuldades possa não ser tão sentido como se possa prever inicialmente, pois há uma constante adaptação dos clientes, perante essas dificuldades, com a opção por pneus de outras marcas ou com e sem as referidas tecnologias associadas.

Quais são os maiores desafios para os grossistas de pneus em 2022?
À semelhança do que aconteceu neste exercício, prevemos que o próximo ano seja um ano de desafios contantes ao nível da antecipação de movimentos de mercado da manutenção das relações de proximidade com clientes e fornecedores que a atual situação nem sempre permite. O aumentos dos custos com as importações e o contexto atual em que vivemos num mercado global, em que “todos têm acesso a tudo”, são os maiores desafios para quem se coloca na nossa posição à partida para o próximo ano. Continuaremos a realizar as nossas iniciativas de promoção dos nossos produtos e procuraremos ser competitivos sem descurar a sustentabilidade das nossas atividades. Em suma, estamos à espera de um próximo ano muito trabalhoso, mas que ao mesmo tempo nos permitirá pensar naquelas que serão as melhores soluções para os desafios propostos e pensamos que é precisamente aí que descobriremos as melhores oportunidades que procuraremos rentabilizar.

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