Salvador Llombart, Country Manager Espanha e Portugal da Wolf, analisa o mercado e revela de que forma a marca se está a preparar para os desafios futuros deste setor.
Quais são os principais desafios que as marcas do aftermarket enfrentam para o futuro?
No caso dos óleos, o principal desafio é como gerir a redução dos volumes. Cada vez há mais marcas no mercado, que é de concorrência perfeita, e normalmente existe capacidade de produção acima das vendas. Por outro lado, a manutenção dos veículos é cada vez mais espaçada, devido à maior qualidade dos óleos. O volume em litros do mercado é muito menor do que há 20 anos. O excesso de oferta e a menor procura dão origem à redução das margens.
Como se estão a preparar para a eletrificação do automóvel?
Estamos a tentar diversificar as vendas e a dinamizar outros campos do mercado onde o impacto pode ser muito menor.
Que efeitos a eletrificação do automóvel poderá ter no futuro do aftermarket e nas empresas do aftermarket?
No caso das empresas dos óleos, o impacto pode ser dramático. Um carro elétrico não utiliza praticamente nenhum líquido vinculado à atual indústria dos lubrificantes. Como consequência, uma mudança de tenologia deste tipo pode afetar duramente o setor.
O futuro do aftermarket passará pela cada vez maior concentração da atividade em grandes grupos?
A cada mês, há novas alianças. O setor em Portugal e Espanha estava muito atomizado e vai concentrar-se muito mais. Está ainda longe a chegada de algum megagrupo internacional. Por muito grandes que sejam as empresas atuais, ainda são pequenas, comparativamente às grandes empresas da Europa. Provavelmente, primeiro vamos ver uma concentração interna, e depois a chegada de adquisições de fora.
Como avaliam o crescimento de empresas como a TEMOT, ATR, GROUPAUTO, NEXUS, GLOBAL ONE, etc.?
Os grandes grupos estão a crescer. A grande dúvida é se crescem porque estão a fazer um bom trabalho, ou porque estão a concentrar mais parceiros. Pensamos que se trata de uma concentração de parceiros. Além de ver o crescimento, deveríamos analisar se também
há mais rentabilidade dos parceiros. Crescer com rentabilidade é a questão. Maior venda e pior rentabilidade não é um bom negócio. Sem dúvida que um grupo é uma oportunidade para os fabricantes. O desafio nos grupos é, para os fabricantes, implementar os acordos de forma central a todos os parceiros. Não é fácil para um fabricante ver que nem todos os parceiros estão a seguir os acordos assinados a nível internacional.
Que ferramentas digitais, em termos de acompanhamento técnico, a vossa empresa tem desenvolvido paras as oficinas?
Estamos a desenvolver muitas ferramentas para as oficinas. Já está operacional a app para a procura exata dos óleos. Mas o grande destaque é a incorporação da cabina de lubrificação conectada, que permite ao funcionário da oficina saber que quantidade de óleo existe, para cada referência, a todo o momento. Além disso, a cabina avisa quando deteta que existe alguma embalagem quase vazia. O aviso permite emitir uma ordem de compra ao distribuidor, interligando stock, oficinas e distribuidores, evitando rutura de stock ou compras desnecessárias.
O que é que uma oficina independente poderá esperar no futuro de uma empresa como a vossa?
As oficinas vão assistir à transição de um fornecedor de lubrificantes para um fornecedor de serviços de manutenção. A Wolf não pretende só fazer uma venda, está a possibilitar que a oficina tenha os lubrificantes corretos no momento da sua utilização e tenha uma melhor gestão de stock e rentabilidade.
Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 44, de maio de 2019. Consulte aqui a edição.