Movidos pelo interesse de perceber em profundidade as ramificações do pós-venda automóvel em Portugal, desta vez fomos tentar analisar o efeito que o mesmo tem no setor do comércio de veículos usados. Na verdade é muito mais o que une estes dois setores do que aquilo que os separa.
TEXTO PAULO HOMEM
Atualmente são muitas as empresas do comércio de veículos usados que dispõem elas próprias de oficinas de reparação e manutenção automóvel. No passado não era tanto assim, mas atualmente com a estruturação e maior regulação do negócio de veículos usados, ter oficina passou a ser quase uma obrigatoriedade quando se quer oferecer um serviço completo ao cliente. Como suporte a este trabalho, a revista PÓSVENDA realizou um inquérito a centenas de empresas do setor do comércio de veículos usados, com a particularidade de todas elas serem entidades autorizadas pelo Banco de Portugal a realizaram operações de intermediação de crédito, o mesmo é dizer que são na sua grande maioria entidades bastante profissionalizadas.
Estima-se que possam existir mais de 3.000 operadores de veículos usados em Portugal devidamente estruturados, embora os que vendam automóveis usados sejam muitíssimos mais (basta ver os stand´s de vão de escada que proliferam por todo o lado). Recentemente, na lista PME Líder 2020, 104 empresas do comércio de usados obtiveram este estatuto.
Percebe-se claramente a importância deste negócio quando sabemos que as vendas de usados triplicam anualmente as vendas de veículos novos, ficando mesmo assim por saber se a dimensão do negócio não será maior fruto das transações entre particulares. Contudo, o negócio que passa pela via oficial, isto é, pelos operadores que vendem veículos usados é muito significativo e representativo. Sendo veículos usados, será lógico pensar que os mesmos já não estejam nas suas condições originais e, por isso, têm na sua maioria (para não dizer a totalidade) que ser sujeitos a uma intervenção no plano oficinal, seja para reparação de algum orgão mecânico, seja para uma intervenção ao nível da chapa e pintura.
Voltando ao inquérito que serve de base a este trabalho, os resultados apresentados dizem respeito a uma amostra de 168 empresas estruturadas do comércio de usados, entre as quais estão grandes empresas (as que mais vendem em Portugal), até empresas de menor dimensão, mas todas elas encarando o negócio dos usados com muito profissionalismo e rigor.
Verifica-se no universo de empresas deste inquérito que 53% têm oficina associado ao negócio de veículos usados. Em 2017, num inquérito feito pela APDCA (Associação Portuguesa do Comércio Automóvel) no decorrer do seu primeiro congresso aos profissionais da venda de usados presentes nesse evento (cerca de 400), 30% afirmaram que tinham oficina associada ao negócio de usados. Quer isto dizer, serão cada vez mais as empresas que vendem usados a apostar também no negócio oficinal. Deste inquérito, para além dos diversos dados que poderá ler de seguida, resulta também um alargado conjunto de opiniões, dos responsáveis de muitas dessas empresas, sendo-lhes perguntado diretamente qual é a importância do serviço oficinal e do pós-venda no negócio de veículos usados.
As respostas são eloquentes e mostram que existe uma relação muito próxima entre o pós-venda e o negócio de usados, mas também revela outra coisa, menos agradável, que é a falta de confiança que os stand´s de usados têm também em algumas oficinas que os serviam.
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Artigo publicado na Revista Pós-Venda n.º 68 de maio de 2021. Consulte aqui a edição.