Sérgio Pinto, da Mecatrónica Online, lamenta que pouco se faça para travar a pirataria nos equipamentos e nos dados técnicos, prejudicando as oficinas que trabalham de forma legal. Tanto as autoridades como os fabricantes devem ajudar neste combate.
A recente ação de fiscalização levada a cabo pela ASAE a mais de duas dezenas de oficinas, onde foram apreendidos equipamentos de diagnóstico contrafeitos (leia aqui a notícia original), continua a suscitar comentários. Sérgio Pinto, diretor-geral da Mecatrónica Online, profundo conhecedor do setor, faz a sua análise à Revista PÓS-VENDA, começa por dizer que concorda com esta ação, mas com algumas reservas.
“Apenas falta saber em que moldes e circunstâncias… se foi em oficinas legais ou ilegais ou se os donos desses equipamentos sabiam que eram contrafeitos”, comenta. Isto porque, explica, que já esteve em oficinas que tinham equipamentos de diagnóstico “ilegal” mas achavam que eram legais, “tinham faturas do mesmo e algumas até bastante inflacionadas para equipamentos piratas”. Isto apesar de ter a noção que a maioria das oficinas sabe o que é ou não pirata.
Apesar desta ação da ASAE “ainda não é o suficiente. Estas ações têm que passar mais por controlar a nível da Alfândega, bem como os sites nacionais e internacionais que publicitam e vendem os equipamentos”. Além disso, deixa o alerta: “Devia ser mais fácil para nós representantes oficiais de base de dados técnicos ou equipamentos denunciar os sites ou outros que vendem pirataria”. Isso tornaria o mercado mais transparente, mas era necessário que “o encerramento desses sites fosse quase automático e que as autoridades fiscalizassem essas pessoas que vendem equipamentos piratas”, conclui, uma vez que “se está ao alcance de qualquer pessoa comprar algo pirata, certamente também está ao alcance das autoridades irem diretamente à fonte (que vende ou que faz).”
Em relação a outras medidas, Sérgio Pinto sugere que as ações da ASAE “sejam mais preventivas e informativas para as oficinas legais, que pagam impostos e têm as portas abertas. Devia ser dado um tempo de um a três meses, consoante a gravidade, para ser ratificado o que está mal.”. Já no que diz respeito “às oficinas e mecânicos clandestinos e que estejam totalmente á margem da lei, aí sim ter mão pesada (fecho das mesmas, coimas elevadas, penhoras automáticas e até mesmo pena de prisão efetiva).Penso que só assim as oficinas verdadeiras vão sentir que se está a fazer justiça e, desta forma, não terem a tentação de também prevaricar, diminuído drasticamente a procura por equipamentos piratas”.
Mas também os fabricantes de equipamentos e bases de dados técnicas deviam ter um papel importante, na opinião do diretor-geral da Mecatrónica Online: “Deveriam regulamentar e inspecionar os P.V.P. praticados em cada país pelos os seus importadores/distribuidores e controlar os mesmos, pois muitas vezes não há coerência entre os vários distribuidores do mesmo país ou dos países vizinhos. É comum existem margens exorbitantes.”
Em relação ao problema da contrafação, Sérgio Pinto diz que apensar de não haver forma de calcular, a dimensão é gigantesca. “Conheço bem o mercado nacional e internacional e são muitos os impostos e mais valias que o país perde com a pirataria de bases de dados e equipamentos.” Em relação ao cliente final, “muitas vezes o diagnóstico e a informação feitos por esses equipamentos ou dados piratas não são devidamente corretos, podendo ser muito prejudiciais par a viatura e também para a oficina, que efetuou a reparação da mesma.”
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