O mais recente relatório do Observatório Indicata, relativo a outubro de 2025, revela que o mercado europeu de automóveis usados entrou numa fase de estabilização, com ajustamentos graduais e controlados.
Em Portugal, o setor atravessa um período de correção moderada, marcado por uma acumulação de stock e por consumidores mais exigentes e sensíveis ao preço.
A nível europeu, o relatório assinala uma estabilização após um período de volatilidade, embora persistam desafios estruturais. Os modelos a gasolina e híbridos registam uma rotação mais rápida, enquanto os diesel mais antigos e os elétricos continuam com desempenho inferior, refletindo um mercado com diferentes ritmos de evolução.
Apesar de já não liderar o mercado, o diesel mantém relevância em segmentos de elevada quilometragem, superando as expectativas nos valores residuais. Já os veículos elétricos a bateria enfrentam uma correção, com preços elevados e dúvidas sobre a durabilidade das baterias a travarem a procura. O aumento do Market Days Supply confirma a rotação mais lenta e um mercado em fase de ajustamento.
Nos Veículos Comerciais Ligeiros, o diesel continua a dominar, face à resistência dos utilizadores profissionais em adotar soluções elétricas, ainda limitadas pela autonomia e pela falta de infraestrutura. O relatório antecipa, contudo, uma evolução gradual impulsionada pelas normas Euro 7 e pela renovação das frotas.
Com o crédito mais restrito e a confiança dos consumidores moderada, os retalhistas europeus de usados estão a adotar estratégias mais prudentes, apostando em gestão rigorosa de stock, definição dinâmica de preços e soluções de financiamento flexíveis.
Em Portugal, a procura mantém-se sólida, mas os consumidores privilegiam viaturas entre os 4 e os 8 anos, que oferecem o melhor equilíbrio entre preço e fiabilidade. Os dias de stock no mercado têm vindo a subir, refletindo uma acumulação acima da procura e um abrandamento das vendas. Embora os preços se mantenham estáveis, a pressão sobre os valores de mercado aumenta, o que poderá levar a campanhas de desconto, sobretudo nos segmentos elétrico e premium.
A gasolina continua a dominar o mercado português, enquanto o diesel perde expressão, apesar de ainda ser relevante em contextos de longa distância. As motorizações híbridas e elétricas beneficiam de vantagens fiscais, tornando-se mais atrativas para empresas e frotas.
Apesar dos incentivos, a eletrificação avança lentamente. As limitações na rede de carregamento e a rotação mais lenta fora das grandes cidades dificultam a expansão dos veículos elétricos a bateria. Esta realidade está a provocar um “efeito tesoura”, com descida dos valores residuais no mercado de usados.
O relatório conclui que o mercado português segue um percurso de ajustamento controlado, afastando o cenário de uma correção abrupta. Segundo Andy Shield, diretor global do Indicata, o foco está agora em ajustar preços, reforçar a transparência e centrar a estratégia de stock em modelos a combustão e híbridos com procura consolidada.









