Decorreu no Centro de Congressos do Estoril o evento Alta Rotação, promovido pelo Standvirtual, no qual estiveram presentes mais de 600 profissionais do setor automóvel. O desenvolvimento do negócio automóvel esteve em debate.
Ao longo do evento estiveram presentes diversos oradores, com foco no tema dos veículos usados, mas também do mercado automóvel em geral. Na primeira parte do evento, o Standvirtual apresentou algumas novidades para o seu Marketplace, com o foco na disponibilização de dados de mercado que ajudem os comerciantes a fazerem mais e melhores vendas.
Ainda na parte a manhã foi abordado o tema dos veículos elétricos no setor dos usados, ficando evidente a dificuldade que ainda existe em trabalhar este segmento de negócio, sobretudo os usados elétricos das primeiras gerações.
Sobre o mercado automóvel, quatro responsáveis de quatro das principais associações do setor, falaram sobre o tema “Juntos pelo Setor: Desafios e Oportunidades do Mercado Automóvel”. O primeiro assunto foi o do abate automóvel, com a Hélder Pedro, da ACAP, a apresentar os mais recentes números do parque circulante, que continua ficar cada vez mais envelhecido, atendendo aos 14,1 anos a idade média do parque e os 24,6 anos da idade média para abate (em 2020 era de apenas 16 anos).
“Vários países adotaram essa medida em 2024, mas em Portugal não se avançou nada”, disse Hélder Pedro, referindo ainda que 1,7 milhões automóveis em circulação têm mais de 20 anos.
Nuno Silva da APDCA falou da “falta de poder de compra dos consumidores” para que o parque se renove, com também da “dificuldade de se incentivar o abate” devido aos elevados preços dos carros novos, e por isso “defendemos que as viaturas até 5 anos possam ser integradas numa futura lei do abate”.
Já Rodrigo Silva, da ARAN, abordou o tema da fiscalidade como o ponto principal de tudo quanto à não renovação do parque, afirmando que “a alta fiscalidade leva depois a que tudo corra mal, existe uma carga fiscal excessiva e tem faltado coragem para mudar a tributação sobre os automóveis”.
No caso da ANECRA, Roberto Gaspar, diz que a sua associação defende o abate há muito tempo, mas “no nosso entender devia-se eventualmente alargar a carros semi-novos”.
No decorrer deste painel, foram ainda faladas outras medidas que poderiam revitalizar o negócio automóvel e tornar o parque mais atual, como é o caso da necessidade de existir uma carteira profissional para quem vende usados, suspender o IUC das viaturas em stock, credibilizar o setor e revitalizar a fiscalidade, para além do já falado incentivo ao abate.
Outra das abordagens foi ao negócio de retalho automóvel, com António Coutinho, da MCoutinho a dizer que o setor já passou por todo o tipo de situações e que o mais importante, ainda hoje, é a capacidade de as empresas se adaptarem constantemente a cada momento. Sobre o processo digital no retalho, o responsável máximo da MCoutinho, assume que o investimento nessa área é constante e que o cliente cada vez mais chega por via digital.
Interessante também a perspetiva de António Coutinho que abordou que os quatro pilares da sua empresa são as peças, os usados, as unidades de colisão e o após-venda, sendo só depois preciso os veículos novos. Porém, António Coutinho, disse que o grande investimento nos próximos três anos são os veículos usados”.
Para Pedro Barros Rodrigues, da BMCar, só irão vencer as empresas que prestarem o “melhor serviço. Porém, acreditamos muito que a base de negócio será sempre a componente humana”. Considerando que o negócio do retalho automóvel vai muito além dos veículos novos, Pedro Barros Rodrigues disse que no futuro haverá sempre oportunidades para estruturas de menor dimensão que tragam novidade para o setor e novas abordagens.