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“O fantástico mundo das microempresas do pós-venda automóvel”, Opinião, Dário Afonso (ACM)

3 Agosto, 2021

O nosso setor está repleto de microempresas que, em muitos casos, não são tratadas da melhor forma no nosso país.

Logo a começar pelo Estado, que as considera de forma igual em termos fiscais como uma grande empresa; que as considera de forma igual às grandes empresas, no que diz respeito ao cumprimento de aspetos legais que, em muitos casos, acarretam investimentos elevadíssimos e incomportáveis do ponto de vista económico; e que as considera de forma não igual, em termos de apoios ao seu desenvolvimento. Falo concretamente de muitas oficinas espalhadas por este nosso país, alguns retalhistas de peças e outros operadores que gravitam à volta das oficinas como distribuidores de equipamentos, distribuidores de ferramentas e muitos outros.

O drama desta situação é que, salvo raras exceções, as PMEs só chegam a este estatuto depois de terem passado pela fase de microempresa e terem conseguido ultrapassar todos os desafios e obstáculos que encontraram ao longo do processo de desenvolvimento da sua atividade.

Isto para dizer que, o nosso setor necessita de microempresas que tragam inovação, diferenciação, digitalização e gestão assente em bases concretas que não apenas o muito bem-vindo empreendedorismo. Só com estas microempresas teremos mais e melhores PMEs, que tanta falta fazem ao setor pós-venda em Portugal.

O aftermarket terá na próxima década uma transformação profundíssima, que só será atenuada graças a um parque automóvel dominado por tecnologias motoras tradicionais. Segundo a ACAP, temos uma idade média do parque automóvel de viaturas ligeiras de passageiros a rondar os 13 anos. Os números no resto da Europa em termos de idade média do parque, não andam muito longe do português. Com a pressão feita pela União Europeia em termos de eletrificação do parque automóvel europeu, advinham-se fortes incentivos ao abate das viaturas com motor de combustão interna e à aquisição de viaturas elétricas. Tal panorama acelerará a transformação do parque automóvel na Europa que impactará todo o pós-venda europeu e, obviamente, o do nosso país.

É por isso que necessitamos de ter empresários com visão de futuro, que não tenham receio das novas tecnologias, dos novos modelos de negócio e que estejam recetivos à mudança e à aprendizagem. Num mundo em constante mudança, muito acelerada e com um grau de incerteza sem igual, graças à pandemia que ainda vivemos e que tudo mudou, os empresários nesta sua qualidade, têm a obrigação de aprender. Se a experiência é um ativo, ela está relacionada com o passado. O conhecimento relaciona-se com o hoje e o amanhã, e é neste Tempo que os empresários do novo pós-venda vão ter de vencer.

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