A ANECRA realizou em Coimbra o Encontro Nacional do Comércio de Automóveis Usados, reunindo neste evento um importante conjunto de especialistas para falar sobre o “turbilhão” em que o setor automóvel se encontra.
O primeiro orador foi Alfredo Amaral, fundador da OKIS360, que falou do tal “turbilhão” que neste momento estamos a atravessar na sociedade me geral, mas também no setor automóvel em particular.
Chamou atenção para o novo digital que está a aparecer cada vez mais e que irá impactar bastante a vida das pessoas, mas a enorme disrupção que irá alterar bastante o negócio automóvel.
Da sua interessante apresentação ficam aqui algumas das ideias principais do que se poderá vir a passar no setor automóvel:
– Transformação energética – marco mais importante;
– Incremento do preço dos veículos;
– Mobilidade cada vez mais racional;
– Prioridade à utilização;
– Incremento de soluções de mobilidade sustentadas no aluguer;
– Períodos de locação cada vez mais curtos;
– Oportunidades em veículos usados;
– Acréscimo do mercado de rent-a-car (a tradicional gestora de frota e a tradicional rent-a-car tendem a fundir-se);
– Alargamento do ciclo de operação RAC para aluguer de média duração;
– Acréscimo do mercado de AOV.
Alfredo Amaral ainda deixou mais algumas fortes ideias. Vai haver uma diminuição do parque automóvel até 2030 ou 2040 de 15%, as marcas de automóveis estão a querer controlar todo o ciclo de vida do automóvel, e chamou a atenção para que “o pós-venda, quando bem entendido, é o que garante a melhor experiência ao cliente”. Disse ainda, que “a solução do negócio de usados não é sustentável… pois o consumidor vai mudar para todas as outras soluções disponíveis”.
Outra grande apresentação, cheia de conteúdo, foi realizada por Pedro Nuno Ferreira, do BNP Paribas.
Começou por falar de alguns novos modelos de negócio no setor automóvel que não resultaram, o caso da Drivenow (que fechou), pois no seu entender são modelos que “ainda não conseguiram suplementar a forma de negócio tradicional”.
Pedro Nuno Ferreira deixou alguns fatos importantes que se estão a passar ao nível da mobilidade, que aqui ficam em resumo:
– A falta de abastecimento de carros novos vai manter-se até final de 2023 (pelo menos);
– A marcas chinesas estão a vir para a Europa com carros elétricos mais baratos;
– 31 marcas de automóveis estão concentradas em três grupos de construtores (rumo à concentração);
– O modelo de agência é bom para as OEM, para o concessionário e para o cliente não se sabe se será;
– Os lucros das OEM estão a ser pagos pelos Estados;
– Os custos de distribuição automóvel são cerca de 7% dos carros novos (as OEM querem reduzir essa percentagem);
Ainda no decorrer da sua apresentação, Pedro Nuno Ferreira, deixou também algumas das tendências que considera relevantes para o futuro do setor automóvel:
– aproximação dos preços dos carros como motor de combustão interna e carros elétricos;
– Carros elétricos, greenwashing, economia circular (por exemplo, usados);
– Crescimento das estações de carga doméstica e empresariais;
– Carros híbridos em pré-morte anunciada;
– Crescimento do Hidrogénio Fuell Cell;
– ALD / Leasing, renting e produtos balão para empresa e semi novos;
– Aposta no crédito para carros comerciais (recuperação do IVA);
– Indústria da mobilidade tem uma enorme capacidade de adaptação;
– O setor dos usados é o mais dinâmico e com mais capacidade de reinvenção;
– Vamos continuar todos a fornecer mobilidade aos nossos clientes.
No final do Encontro Nacional do Comércio de Automóveis Usados, realizou-se um debate, com diversos especialistas do negócio de veículos usados (Américo Barroso – SÓ Barroso, Administrador; António Oliveira Martins – Leaseplan, Director Geral; Carlos Santos – Auto Carlos Santos, Gerente; Nuno Castel-Branco – Standvirtual, Director Geral; Rui Claro – Grupo Gocial, Director Central), que fizeram a sua análise sobre o momento atual do negócio. As ideias principais são as seguintes:
– muita dificuldade de abastecimento;
– Subida do preço dos carros (mais 20%);
– Dificuldades de fazer crédito em muitos carros;
– Menos desconto nos veículos;
– É possível comprar carros a particulares para vender no negócio de usados;
– Empresas internacionais de compras a particulares vão chegar a Portugal;
– Muitas fábricas de automóveis fechadas, causa enorme disrupção no setor do mercado de usados;
– Prolongamento dos contratos de renting;
– Dificuldades das gestoras de frotas em fazer contratos novos;
– Estamos num momento em que as marcas de automóveis ditam as regras;
– A gestoras de frota hoje em dia libertam metade dos carros usados que antes da pandemia;
– Lei das garantias gerou mais custos para as empresas que vendem usados;
– Crescimento do renting de veículos usados (segunda e terceira vida dos usados no renting);
– Os seguros de garantia de usados estão mais caros;
– Mercado de usados voltará à normalidade quando a venda de novos estabilizar;
– Os grandes player´s trazem credibilidade do setor dos usados;
– Novos conceitos que ligam a venda de usados ao aluguer de carros;
– Mercado de usados perderam 50.000 carros que vinham do rent-a-car;
– As marcas vão passar a vender às rent-a-car apenas pela via do Buy Back (não libertam carros para o mercado de usados, sobretudo no semi-novo);
– Carros elétricos podem ser uma oportunidade interessante para o mercado independente;
– Vendas de automóveis novos vão passar a ser feitas diretamente das fábricas (menos descontos nas vendas);
– OEM passarão a ser grandes vendedores de carros online;
– Cliente do carro elétrico é mais racional e analítico;
– A concorrência das marcas nos usados vai aumentar fortemente a concorrência no mercado de usados;
– Os tradicionais vendedores de carros novos vão acabar;
– Com o modelo de agenciamento o mercado de usados poderá ter mais oportunidades;
– As gestoras de frotas convivem bem com este novo modelo de agenciamento na venda de novos;