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Oficina Sustentável: Economia circular para a sustentabilidade

Nunca como agora o tema da economia circular no setor do pós-venda oficinal esteve tão em voga. Certamente que num futuro a curto prazo o assunto ainda terá mais relevância para as oficinas, na medida em que são amplamente conhecidos os problemas com as dificuldades que existem no abastecimento de peças novas, não apenas no aftermarket, mas sobretudo ao nível das peças originais. Mesmo que as oficinas não queiram caminhar nesse sentido, a grande maioria irá ser obrigada a tal, caso não tenha no mercado mais recursos nenhuns que não seja recorrer a peças usadas, reconstruídas ou reparadas.

Um dos problemas mais graves está a acontecer com os componentes eletrónicos nos automóveis. Sem eles os carros funcionavam, nos anos 80, mas atualmente não é possível tal a quantidade de eletrónica embarcada no veículo. O problema cada vez maior é que o custo de uma peça ou componente eletrónico novo é muito elevado e já existem soluções no mercado com custos muito mais baixos, provenientes da tal economia circular.

Aliás, o tema da economia circular tem dado origem a um dos mais emergentes e volumosos negócios do pós-venda automóvel, com o aparecimento de múltiplas plataformas online de peças, que provam que o consumidor está cada vez mais recetivo às peças usadas e reconstruídas.

Uma das áreas de excelência da economia circular no pós-venda é o setor das oficinas de chapa e pintura. Para este setor uma peça usada consegue ser, não raras vezes, uma peça de maioria qualidade que a peça nova e que a peça nova original.

Também no futuro, ou talvez até já no presente, o pós-venda associado à mobilidade elétrica vai ter na economia circular um dos seus principais aliados, sobretudo quando estamos a falar em reparação de baterias e de módulos de baterias dos veículos elétricos. Ninguém vai instalar numa bateria usada um módulo novo, optando por um usado que tenha o mesmo nível de desgaste dos que se encontram nos restantes módulos dessa bateria a reparar. Porém, nas oficinas o tema da economia circular é muito mais vasto. As oficinas de reparação automóvel têm uma oportunidade real de adotar princípios da economia circular, num modelo que procura reduzir o desperdício, prolongar a vida útil de produtos e reutilizar recursos ao máximo.

Ao integrar a economia circular no dia a dia da oficina, além de contribuir para a preservação ambiental (que é sempre um argumento atual), é possível reduzir custos operacionais, gerar valor para o cliente e diferenciar-se no mercado. O que lhe falamos neste artigo tem a ver com a economia circular e as áreas em que a mesma pode interferir numa oficina, para as quais qualquer empresa que faça manutenção e reparação automóvel deve ter em atenção.

1 – REUTILIZAÇÃO DE PEÇAS E COMPONENTES
A reutilização de peças e componentes deve começar a ser uma prioridade para as oficinas. Dar prioridade ao reaproveitamento das peças usadas (desde que sejam devidamente verificadas e de proveniência certificada) permite prolongar a vida útil das mesmas, dando serviço ao cliente. Por outro lado, evita reciclar materiais que ainda podem ser reutilizadas e reduz a necessidade de produção de novas peças, poupando assim recursos naturais e energia. Num futuro muito próximo, em muitos serviços oficinais, sobretudo para clientes empresariais, vai ser necessário calcular o impacto ambiental da reparação e a reutilização de peças e componentes pode ajudar muito nesse cálculo. Por isso, o contributo da economia circular na sustentabilidade oficinal é enorme, quando falamos em reutilização de peças.

2 – GESTÃO SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS
Quando falamos em economia circular falamos também em gestão sustentável de resíduos. Uma oficina tem de implementar sistemas de recolha e reciclagem de óleos usados para evitar a contaminação ambiental e reinseri-los, através de empresas credenciadas, como matéria-prima em processos industriais. Por outro lado, separar e reencaminhar corretamente baterias, filtros de
óleo, fluídos de arrefecimento e solventes, só para dar alguns exemplos, assegurará que os mesmos sejam reciclados ou tratados adequadamente, por empresas devidamente credenciadas. Alguns desses resíduos, poderão, desde que corretamente tratados e encaminhados gerar rentabilidade adicional para a oficina.

3 – REFABRICAÇÃO DE COMPONENTES ELETRÓNICOS
Os carros são cada vez mais computadores com rodas. A eletrónica abonda num automóvel, mas quando deixa de funcionar é um problema para o cliente e muitas vezes para a oficina, pois não sabe reparar esse componente, mas quando o pretende substituir algumas vezes ele não existe no mercado (como novo) ou, se existir, é demasiado dispendioso. Também nesta área a economia circular é importantíssima para a oficina. Por um lado, no aproveitamento de um recurso complexo e muito técnico, por outro, integrá-lo nos seus serviços como uma opção mais económica e mais rentável. Por isso, a oficina, deverá desenvolver parcerias com empresas especializadas na refabricação de componentes elétricos, como é o caso das centralinas, promovendo a economia circular, mas também dando serviço ao cliente.

4 – REPARAR EM VEZ DE SUBSTITUIR
Trocar peças não só não fica mais barato para o cliente como muitas vezes não é a melhor solução. Por isso, dentro da oficina o gestor oficinal deve incentivar práticas de reparação de componentes danificados, como jantes, faróis ou peças plásticas, sempre que possível, antes de optar pela substituição. Atualmente existem processos de reparação de algumas destas peças e componentes, que garantem a longevidade das mesmas, mas também permite efetuar reparações ou manutenções mais céleres. Não faz sentido esperar por uma peça dois meses, quando a atual pode ser reparável. Promover a economia circular dentro de uma oficina é muito importante. A economia, o ambiente e o cliente agradecem.

5 – GESTÃO EFICIENTE DE EMBALAGENS E DESPERDÍCIOS
Sabe quanto quilos de papel e cartolina entram diariamente numa oficina? Reduzir o desperdício de embalagens plásticas e de cartão é outra prática importante de economia circular na oficina. Por isso pode e deve dar preferência a fornecedores que utilizem embalagens retornáveis ou recicláveis e adotar sistemas de reaproveitamento interno colaborando assim ativamente para a economia circular. A gestão de panos de limpeza nas oficinas, em vez do uso de desperdício ou algum semelhante para limpeza das mãos quando se está em serviço, é uma importante medida no domínio da economia circular, pois não só é mais rentável para a oficina como evita lixo desnecessário.

6 – ADOÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS
Os químicos e produtos de utilização regular requerem da oficina muita atenção, quando estamos a falar de economia circular. Por isso, deve substituir produtos químicos agressivos por alternativas ecológicas e biodegradáveis, como detergentes e desengordurantes sustentáveis. Para quem efetua limpeza e lavagem de viaturas deve ter critério apertado na escolha dos produtos com elevadas concentrações.

7 – ECONOMIA DE ENERGIA NAS OPERAÇÕES
Já tomou conta de quanto é que gasta em eletricidade na sua oficina? Uma análise atenta ao tipo de lâmpadas que usa e aos aparelhos que tem ligados à corrente, podem fazer com que consiga poupar muitos euros no final de cada mês. Por isso, uma boa medida de economia circular passa pela substituição de lâmpadas convencionais por LED, instalação de sensores de presença e, quando possível, painéis solares. Tais medidas reduzem muito o consumo energético e a emissão de gases de efeito estufa, tornando a oficina mais eficiente e sustentável.

8 – APROVEITAMENTO DE ÁGUA
É obrigatório as oficinas investirem num separador de hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos são compostos poluentes presentes nos óleos minerais e na gasolina, entre outros. De modo a evitar que cheguem à rede municipal de águas residuais, é necessário instalar separadores de hidrocarbonetos para os reter e tratar, o que tem de ser feito por empresas certificadas. Já existem soluções de aproveitamento destas águas para voltarem a servir, por exemplo, na lavagem de automóveis, promovendo substancialmente a economia circular. Por outro lado, uma oficina pode instalar sistemas de captação e aproveitamento de águas pluviais para a lavagem de veículos ou limpeza das instalações, reduzindo dessa forma o consumo de água potável, um recurso cada vez mais escasso, o que representa economia na operação diária da oficina.

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