Começo por mencionar e reforçar, que há semelhança do que já havia referido numa outra oportunidade (aqui neste mesmo espaço) que a nossa primeira prioridade, sempre foi e será, dar o nosso contributo para tentar garantir por todos os meios possíveis, que esta Pandemia seja rapidamente controlada e com as menores consequências possíveis do ponto de vista da Saúde Pública.
Não devemos perder este foco, até porque sem que este objectivo esteja atingido, muito dificilmente nos poderemos concentrar em exclusivo naquilo que nos preocupa, a todos, e que é a nossa economia, as nossa empresas e o nosso modo de vida.
Face à conjuntura que a nossa Economia e em particular o Sector Automóvel, estão a enfrentar, em alguns casos de verdadeiro e absoluto bloqueio económico, ao longo destas ultimas semanas, a ANECRA e em particular, a sua equipa, não obstante ter estado maioritariamente a trabalhar em regime de Home Office, esteve, provavelmente como nunca, totalmente dedicada e focada, no sentido de cumprir as duas principais vertentes nas qual assenta o propósito e a razão de existir, a defesa do setor e o apoio especializado ao associados.
Das inúmeras tarefas realizadas nestas últimas semanas, gostaria apenas de destacar três acções muito específicas que julgo de grande relevância e efectivo valor para o sector e que continuam, apesar de tudo, a ter absoluta actualidade:
– No plano da comunicação e na defesa dos interesses do sector e dos seus agentes, desde a primeira hora que tivemos diversas intervenções, em particular através de vários comunicados de imprensa em que procurámos reivindicar ou sugerir o aperfeiçoamento, o incremento e em termos finais o melhoramento das medidas extraordinárias lançadas pelo Governo com vista à mitigação da crise empresarial, como é o caso da nossa posição (através de diferentes canais) pela suspensão imediata do pagamento do IUC por parte dos operadores do sector que têm viaturas usadas em stock, e que não obstante estarem impedidos de exercer a sua normal actividade, ainda assim terão que suportar um imposto que supostamente deveria estar direcionado para viaturas em circulação.
– Destaque também para a tónica bastante acentuada que colocamos, numa primeira fase, na necessidade de se alargar o âmbito do Regime Simplificado de Lay-off para os sócios gerentes das empresas e numa segunda fase para que, a medida entretanto lançada, não fosse tão restritiva como a que temos atualmente (limite de facturação nos 60.000€ e restrição à existência de mais colaboradores na empresa). O actual modelo deixa de fora a generalidade dos nossos empresários, uma parte significativa destes, ligados às milhares de micro e pequenas empresas que constituem uma esmagadora percentagem nosso tecido empresarial.
– Por último uma referência para a posição pública que tomamos na questão referente à Suspensão total do Serviço das Inspecções Periódicas (através de uma Portaria de 25 de Março) e que felizmente foi alterada a 9 de Abril, permitindo desta forma a realização da inspeção aos veículos que se deveriam ter apresentado a inspeção antes de 13 de Março. Eram o caso de Veículos que pudessem eventualmente estar imobilizados por estarem avariados ou se encontrarem nas oficinas, a aguardar reparação. Contudo, achamos de uma importância decisiva para a retoma do Pós Venda que as Inspecções Periódicas Obrigatórias, regressem, de imediato, à sua normalidade.
Dito isto, e chegados a este momento, e tendo em vista a preparação gradual do retomar da actividade económica e o regresso à normalidade das empresas, que esperamos todos, seja uma linha recta e tão curta quanto possível, gostaria de deixar uma ideia e que se baseia naquilo que acredito serem dois dos principais factores para ultrapassarmos esta fase. O primeiro é o espirito de resiliência e o segundo, mas não menos importante, é a confiança.
Julgo que ao longo dos anos demos provas inequívocas enquanto Povo e Nação, que gostamos, ou pelo menos funcionamos melhor, quando temos desafios duros e difíceis pela frente. A história tem-nos mostrado isso mesmo. Somos um Povo e uma Nação de grande Resiliência, para trás ficam 900 anos a provar isso mesmo.
E, portanto, nesta altura em que estamos todos a percorrer um longo e dificílimo caminho e em que outra margem do rio está ainda distante que acredito que temos novamente de mostrar esta nossa característica.
Mas se para chegarmos ao outro lado da margem, precisamos de ser resilientes, não haja dúvidas, precisaremos também, e muito, do sentimento de Confiança sem o qual, não será possível pensar na retoma. Por isso é fundamental que todos os diferentes agentes económicos, estabeleçam o seu plano de retoma, tendo como preocupação primordial, a existência de um ambiente de grande Confiança, nos diferentes intervenientes neste cenário.
Desde logo as empresas no seu processo de reabertura e relançamento, terão que colocar em uso aquilo que são as melhores praticas sanitárias, tendo em vista a geração do sentimento de segurança e confiança junto de todos os que lhe estão relacionados: colaboradores, clientes e fornecedores.
Da mesma forma os vários organismos, em particular os que têm responsabilidades a nível dirigente, nos seus diferentes planos, desde o Governo Português à União Europeia, passando por todos os organismos que nos regem e regulam, de criarem as medidas suficientes e necessárias para que, em cada momento, os agentes económicos tenham segurança e confiança nas suas decisões.
o plano de relançamento da economia terá que gerar a confiança nos consumidores, nas empresas, nos investidores, no sistema financeiro, entre os demais.
Do nosso lado, ANECRA, cá estaremos com o esprito de grande resiliência e de quem já atravessou 110 anos de vida e de quem tem uma Confiança enorme na sua capacidade para apoiar e ajudar os seus Associados a ultrapassarem mais esta etapa.