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Personalidade do mês – Mário Batista, Caetano Parts: “Crescer e consolidar, esta estratégia do grupo tem sido sempre a mais adequada”

Os dois últimos anos da Caetano Parts foram dedicados a reformular todo o negócio que passou pela mudança de instalações, pela integração na Distrigo e por fortes investimentos no plano tecnológico.

Artigo publicado na REVISTA PÓS-VENDA 93, de junho de 2023. Consulte aqui a edição.

Há cinco meses que está à frente da Caetano Parts como diretor geral. Mário Batista tem, contudo, um longo percurso dentro do Grupo Salvador Caetano, tendo contactado por diversas vezes na sua vida profissional com o setor das peças de automóveis, inclusivamente em África. As peças não são, por isso, nada de estranho a Mário Batista, mas agora tem pela frente um desafio muito interessante com a Caetano Parts numa altura em que a empresa se abriu muito mais ao mercado do que alguma vez tinha feito até agora.

Quando assumiu há cinco meses a Caetano Parts, o que lhe foi pedido?
Durante vários anos o negócio de peças esteve focado no cliente interno e só mais tarde começou a evoluir também para o cliente externo. Atualmente, olhamos para este negócio como o negócio de peças como um todo, isto é, já não existe propriamente uma diferenciação entre peças aftermarket e peças originais. O que existe é o negócio de peças!!! Por isso, o nosso desafio é ter sempre a solução para o cliente, mas estando no mercado de uma forma sustentada. Vamos fazer o nosso caminho.

Os dois últimos anos têm sido de profunda transformação do negócio Caetano Parts. O que mudou genericamente?
De facto, tínhamos duas operações, uma em Oliveira do Douro e outra resultante da aquisição da Gamobar Peças no Porto, sem esquecer a unidade de Setúbal, que por enquanto ainda se mantém. A partir do início de 2022, passamos a concentrar em Grijó as duas operações que tínhamos a norte, o que nos permitiu implementar alguns novos mecanismos de armazém para tornarem a operação mais eficiente e fazer um investimento muito concreto em tecnologia.

Apesar de estar ativamente na Caetano Parts há cinco meses, com os anos que já leva de mercado, como se pode definir, atualmente, o negócio de peças Caetano Parts?
A Caetano Parts tem já uma vasta experiência no mercado, consolidada por um crescimento gradual e sustentado ao longo do tempo. Temos vindo a conquistar quota de mercado, quer por crescimento orgânico, quer por aquisição de empresas por parte da Caetano Retail, como é o caso da Gamobar e da Renault Retail Group Norte. Num momento em que a absorção destas operações já está consolidada, vamos continuar a crescer de forma sustentada. Esta é sempre a nossa forma de estar no mercado.

Sempre ficou a sensação de que a Caetano Parts desenvolveu o seu conceito a pensar sobretudo no negócio de peças interno do próprio Grupo. Hoje a realidade é bem diferente…
Quando começou a sua atividade, há mais de 10 anos, o foco da Caetano Parts foi de facto o cliente interno. Isto permitiu um arranque mais seguro, com mais tempo para estabilização das operações. Hoje, a maior parte do nosso volume é feito a cliente externo. Ainda assim, quer o cliente externo, quer o interno, são tratados de igual forma, dado que têm a mesma necessidade e exigência de qualidade de serviço. No nosso horizonte está sempre o cliente final, que quer a sua viatura disponível no mais curto espaço de tempo, pelo que, independentemente do canal pelo qual a Caetano Parts forneça as peças, é sempre quem temos de ter em mente.

Quanto é que representa o cliente externo?
O crescimento da Caetano Parts está acima de tudo pelo lado do cliente externo, tanto mais que a FCA vai integrar a placa Distrigo a partir do segundo semestre.

Um dos marcos decisivos na história recente da Caetano Parts foi a aquisição da Gamobar Peças. Qual a razão que levou a esse investimento?
O Grupo Salvador Caetano está sempre atento ao desenvolvimento do mercado, e nomeadamente de oportunidades que lhe permitam aumentar a sua presença alargando a sua base de clientes. A Gamobar Peças era um operador com um historial e carteira de clientes interessante.

O processo de integração da Gamobar Peças na Caetano Parts foi longo e tortuoso. Já está concluído?
O processo de integração da Gamobar Peças está concluído e consolidado. Obviamente que quando se pretende exceder as expetativas do Cliente, há sempre melhorias a implementar, pelo que estamos continuamente a implementar projetos que visam otimizar as nossas operações e recursos. Temos sempre em vista a melhoria da qualidade do serviço que prestamos. Foi disso exemplo a nossa nova plataforma logística, construída de raiz no início de 2022.

Quais as mais valias que a Gamobar Peças trouxe à Caetano Parts?
Com a integração da Gamobar Peças integramos a placa Distrigo, o que nos permitiu adicionar dimensão e aceder a um novo conjunto de Clientes e formato de operação, intensificando simultaneamente a nossa relação com a Stellantis, parceiro de enorme importância para o Grupo Salvador Caetano.

A Caetano Parts passou a ser uma das quatro placas Distrigo em Portugal. Esse era também um dos objetivos da Caetano Parts com esta aquisição?
Sim, essa foi uma mais-valia desta aquisição. Passarmos a ser placa Distrigo em Portugal permitiu-nos reforçar a ligação à Stellantis, que é um dos maiores construtores a nível mundial, e permitiu-nos também adicionar marcas importantes ao nosso portfolio. O motivo desta aquisição foi obviamente muito mais vasto, pois entendemos que a estratégia da Stellantis é muito interessante e vai mais além da placa Distrigo.

Quer isso dizer que a Caetano Parts está agora mais aberta e disponível para o mercado do aftermarket até porque passou a ter acesso a uma vasta gama de peças e marcas aftermarket?
Sim, esse alargamento de gama permitenos complementar a nossa oferta de OEM, com soluções alternativas para o cliente que queira optar por uma solução diferente.

A recente aposta no desenvolvimento da rede Midas também influenciou a decisão de aquisição da Gamobar Peças?
O Grupo Salvador Caetano tem diversificado os seus negócios, no caso da Midas apostou numa linha de negócios onde ainda não estava. Sempre que adquire novas empresas, os negócios acabam por se complementar.

Sendo agora uma placa Distrigo vão também dinamizar o conceito oficinal Eurorepar Car Service?
Sim, a Caetano Parts já começou esse projeto, e encontra-se alinhada com a estratégia da Stellantis. É um conceito em que acreditamos e dedicamos especial atenção com meios e recursos dedicados. Os projetos que as marcas, com que nos relacionamos comercialmente, nos apresentam e que estão dentro do âmbito da Caetano Parts merecem sempre a nossa atenção.

Outra particularidade do vosso negócio é a possibilidade de desenvolver o conceito Motrio, quer nas peças, quer em termos de rede oficinal, sem esquecer a componente dos produtos
para a repintura automóvel da Ixell. Vão trabalhar ativamente esta componente ligada à repintura automóvel? 
Estamos de facto a trabalhar esse tipo de produtos, mas sempre com o acompanhamento técnico da marca, pois são eles que podem garantir que os produtos Ixell são bem usados nas oficinas. Nós complementamos esse trabalho com o fornecimento e entrega de produto às oficinas.

Desenvolver estes conceitos oficinais todos têm por objetivo a fidelização do cliente à Caetano Parts?
Sim, sem dúvida. Aliás, o alargamento da gama de produtos e marcas vai nesse sentido também, o que nos permite responder a necessidades de clientes que por algum motivo querem um determinado tipo de oferta.

Também vos interessa o negócio de pneus?
Sim, temos pneus na nossa operação Caetano Parts, como temos também no âmbito da operação Distrigo. Também aqui existe uma complementaridade técnica com as marcas que representamos.

Neste momento, em que a atividade tende a estabilizar, qual é a estratégia da Caetano Parts para o negócio de peças automóvel? Quais vão ser as principais apostas?
A Caetano Parts, e o Grupo Salvador Caetano, encontram-se atentos a todas as oportunidades que possam surgir no mercado. A estratégia da Caetano Parts sempre se centrou, e continuará a centrar, na excelência do serviço que presta aos seus clientes. Queremos ser o mais eficientes possível na entrega da peça e o sucesso deste negócio resulta precisamente de conseguirmos ser o mais eficiente ao nível das operações internas. O pilar deste negócio é a qualidade de serviço, isto é, ter as peças e colocá-las rapidamente no cliente.

Neste momento o nível de eficiência de serviço está no patamar desejado?
Na realidade nunca está. Nós queremos que o nosso nível de serviço seja excelente, pelo que existem sempre melhorias a fazer, mas entendo que neste momento estamos num nível de eficiência muito bom.

Do ponto de vista operacional, foram feitos alguns novos investimentos?
Sim, entre 2021 e 2022 fizemos investimentos muito relevantes, em termos de instalações e tecnologia. Hoje, contamos com um WMS de última geração, com uma solução de picking avançado, através de um sistema Pick-To-Light, que nos dá garantias adicionais ao nível da redução do erro no processo de picking. Investimos também numa solução de movimentação gravítica de peças até à zona de expedição, que nos permitiu aumentar a produtividade. Temos hoje excelentes condições de funcionamento, e continuaremos a investir para nos mantermos nesse nível.

Um negócio com esta dimensão já não poderia ser gerido sem investir em tecnologia…
Sim, o nosso sistema de gestão de armazém optimiza a operação constantemente à medida que é feito cada movimento e está sempre a propor novas sugestões para optimizar ainda mais o espaço. É realmente o cérebro de toda a operação. Para além do sistema de gestão de armazém, temos todos os restantes sistemas de gestão e de peças que têm que “falar” uns com os outros para que a operação seja cada vez mais eficiente. Este é o caminho que estamos a traçar internamente e que permitirá identificar continuamente tudo o que possa ser melhorado na nossa operação. Vamos fazê-lo continuamente, em pequenos passos, que depois todos somados vão ter um grande impacto na nossa operação.

Como está estruturada a atividade da Caetano Parts em termos de meios humanos e materiais?
A nossa equipa é constituída por 150 colaboradores, distribuídos entre Norte e Sul. Dentro desta equipa, temos mais de 20 Comerciais e de 30 operadores de Contact center.

A operação da Cateano Parts está focada no cliente oficina. O retalho não é importante no vosso negócio?
O retalho tem uma expressão muito reduzida no nosso negócio, porém, não excluímos que em função de uma oportunidade de mercado não possamos avaliar uma nova estratégia.

Olham como provável o crescimento de outras operações Caetano Parts no país, para além de Grijó e Setúbal?
Em setúbal poderá vir a haver alguma mudança em termos de dimensão e localização, que está em análise, mas não para breve. Quanto a termos mais algumas unidades Caetano Parts noutros locais do país isso não está de momento na nossa estratégia.

Atualmente a disponibilidade e rapidez na entrega da peça é fundamental. Como é que a Caetano Parts olha para estas duas grandes diretrizes no negócio das peças?
Esses são os vetores que podem ditar o sucesso ou insucesso deste negócio e, por isso, são os que orientam a nossa estratégia. A gestão de stock observa constantemente a evolução da procura, para que possamos ter o stock ajustado e em níveis ótimos, e que é complementado com melhorias continuas nos processos, para que os nossos clientes tenham as peças disponíveis no mais curto espaço de tempo.

Que meios as oficinas têm ao dispor para adquirir peças à Caetano Parts?
Os nossos Clientes têm ao seu dispor o nosso portal B2B, onde são autónomos na consulta de preços e de stock, bem como na colocação de pedidos (e onde podem também consultar toda a informação que lhes diz respeito, como por exemplo a sua conta corrente). Têm também o nosso Contact center, acessível por telefone ou email, e em breve por WhatsApp. Finalmente, temos ainda os nossos balcões de atendimento ao público, no Norte e no Sul.

Qual a importância da plataforma B2B na venda de peças às oficinas, atendendo que muitas das oficinas independentes utilizam o telefone, email ou WhatsApp?
É importante, pois permite ao cliente consultar toda a sua informação histórica, bem como colocar pedidos em autonomia e de forma rápida, complementando assim os outros canais de venda de que dispomos.

Na plataforma B2B já estão disponíveis todas as peças originais e aftermarket?
No portal B2B temos toda a gama de peças que comercializamos.

Vai haver alguns desenvolvimentos ao nível da plataforma B2B?
Sim, está prevista a disponibilização de uma nova versão durante o segundo semestre deste ano.

Pandemia, guerra da Ucrânia e inflação a subir imenso. Um cenário que há 3 anos ninguém colocava no mercado, mas que mudou muita coisa no negócio de peças. Que efeitos teve no vosso negócio? O que se aprendeu com isso?
Como em todos os negócios, a pandemia criou uma disrupção na forma de trabalhar, por exemplo com a assunção do teletrabalho (apesar de muitas das funções que temos, por exemplo na operação dos armazéns, não poderem ser realizadas nesse formato). O Grupo Salvador Caetano e a Caetano Parts adotaram desde cedo as medidas certas no sentido de garantir as condições necessárias para a implementação desse formato. Quer a pandemia quer a guerra provocaram a perturbação das cadeias de abastecimento de vários fabricantes, o que tem efeitos negativos na perceção de qualidade de serviço no cliente final; temos hoje muitas peças pendentes de fornecimento, algumas dessas com viaturas imobilizadas nas oficinas. As marcas estão atentas, e a trabalhar ativamente na procura de soluções para estes problemas; é disto exemplo o conceito Economia Circular da Stellantis, que disponibiliza peças recondicionadas e usadas (com garantia), promovendo assim soluções de produtos sustentáveis e acessíveis.

O negócio de peças em Portugal tem tido muitas alterações. Qual a sua opinião sobre o negócio de peças auto em Portugal?
Considero que é um negócio muito competitivo, onde se destaca quem consegue garantir o melhor nível de serviço (disponibilidade X entrega), no leque mais completo de marcas. O trabalho que há a fazer é tornar as operações cada vez mais eficientes, no sentido de conseguirmos prestar o melhor serviço ao menor custo possível.

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